Ato 1.3

1 0 0
                                    

                       Alianças

                No final do dia, um   cão nunca
                     morde a mão que o alimenta
                                                                      - B.K.

A mente de Damian girava enquanto tentava juntar todos os fragmentos do que acontecera. Ele lembrava-se da dor alucinante da bala e do veneno agindo em seu corpo, e agora acordava em um local desconhecido. Seu corpo reagiu antes que sua mente pudesse processar o que estava acontecendo. Seu instinto de sobrevivência estava à flor da pele, preparado para qualquer ameaça.

Com dificuldade, tentou se levantar, ignorando a dor que irradiava de seu peito, os pontos puxando sua carne a cada movimento. Seu olhar vasculhou o cômodo em que se encontrava, buscando qualquer pista de onde estava. Todos os seus poros gritavam que não estava seguro, seu coração batia descompassado, enquanto tentava reprimir o incômodo em seu corpo.

Foi então que a porta rangeu suavemente, ao ser aberta. Damian, reagiu instintivamente, prensando o homem que acabara de entrar, o som da bandeja caindo no chão ecoou pelo silencioso lugar. A figura que entrou não parecia esperar por sua reação. Os cabelos ruivos e olhos negros o olhavam com profunda surpresa.

Seu braço apertava o pescoço alheio, controlando o homem sob a porta. Damian o encarou com uma mistura de desconfiança e confusão. Não reconhecia este rosto, nem aquele lugar. Tudo nele gritava para acabar logo com o homem, mas algo em sua postura o impedia de fazer isso: - Quem é você? E onde estou? – Damian perguntou, apertando mais o braço no pescoço esguio.

- Você está a salvo. – Respondeu Asher com a voz sufocada, suas mãos entrelaçando-se no braço que cortava seu ar. – Meu nome é Ashe. Eu o salvei.

Damian estreitou os olhos, o nome “Asher” não significava nada para ele, e a ideia de que alguém o havia ajudado sem um único traço de interesse não descia por sua garganta. Seus instintos duvidavam de tudo e de todos, principalmente agora que estava em uma situação vulnerável:

-Por que deveria confiar em você? – Ele deu um passo à frente, embora seu corpo protestasse, suas respirações misturadas. – O que você quer de mim?

- Nada. – Respondeu Asher, sua voz, um sussurro abafado. Não conseguiria ficar muito tempo acordado se o homem não soltasse seu pescoço. – Eu não quero nada. Apenas mantive vivo um homem que encontrei em meus terrenos de caça.

Damian continuou a encarar as írises obsidianas, sem abaixar completamente a guarda. O silencio entre os dois era tenso. Finalmente, Damian se afastou soltando o aperto sobre o pescoço alheio, Asher caiu no chão tossindo violentamente para recuperar o ar:

- Por que você faria isso? – Damian olhou para o homem que já havia se recuperado do ataque de tosse.

Asher se levantou, dando um pequeno passo à frente: - Porque você não merecia morrer daquele jeito. – Os olhos obsidiana estavam translúcidos. – Ninguém merece morrer caçado como um animal.

Damian não conseguia compreender o homem ruivo a sua frente, mesmo ele sendo um completo estranho, ainda o ajudou trazendo-o para sua casa, e tratando de seus ferimentos:

- Quero agradecer-lhe, Asher. – Contra os protestos de seu corpo inclinou-se. – Muito obrigado por salvar minha vida. Eu príncipe Damian Oceanus, juro pelos deuses, devolve-lhe o favor.

Asher olhou para o homem, príncipe Damian. A surpresa passou rapidamente pelas íris negras, ele avia salvado o príncipe que lutava pelo trono com o príncipe Alex. Seu pai morreria de desgosto, apenas esse pensamento foi o suficiente para alegra-lo:

Rosas: Rebeldes ao Trono Onde histórias criam vida. Descubra agora