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“É preciso força para perdoar, mas eu não me sinto forte. Você acha que eu mereci tudo isso? Sua flor está cheia de ácido sulfúrico. Você me construiu para me ver cair. Você tem tudo, e ainda quer mais.”
The Grugde — Olivia Rodrigo
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"Minha alma queima, seus olhos, âmbar"
TOKYO FUSHIGURO
Riyoko deu um tapa na minha cara. Minha mãe deu um tapa na minha cara por causa de um maldito vestido de noiva.
Não sei que horas são exatamente, só sei que é de manhã bem cedo, e que estou na enorme casa em que fui criada, a casa de meus pais. Kyoto foi muito insistente em me ter presente durante sua primeira prova para o vestido do casamento, casamento esse com Toji.
Como sempre, minha mãe ficou em cima como um urubu durante toda a prova, dando sua opinião não-pedida e enchendo Kyoto de bajulação. Mas quando minha irmã me perguntou se devia escolher entre o vestido com mangas ou com alças, e quando minha resposta foi “com alças” minha mãe se sentiu contrariada. Minha resposta foi ouvida como rebeldia.
Eu não sou a filha favorita, ou a filha amada, sou vista como uma maldição, a escória saída de seu ventre. Para ela, tudo que faço, tudo que falo, tem um proposito: causar discórdia. Não importa o quão inocente seja minha fala, sempre serei vista desta forma.
Ela faz tudo pela sua filha favorita, inclusive convocar uma das maiores costureiras de vestido de noiva de Tóquio, para atender em casa. Eu não queria ter vindo, mas minha irmã é muito insistente e fui idiota em pensar por que não? Quando Kyoto seguiu minha opinião, que ela mesma pediu, e dispensou a costureira, quando só estava eu e minha mãe no antigo quarto de minha irmã, ela agarrou meu pulso e foi bem crua em suas palavras. Crua. Não mediu palavras em dizer como eu adorava contrariar ela, em como sempre fui rebelde e nunca facilitei seu lado, como sempre invejei minha irmã. Ela colocou todos os problemas em meus ombros.
Quando eu a chamei de louca, quando disse que estava exagerando e puxei meu pulso de sua mão, ela me acertou em cheio em um tapa, como se fosse automático, como se seu corpo estivesse programado para isso. Senti seu ódio arder sobre minha pele, senti o ar travar em meus pulmões, a revolta crescer em meu peito e as lágrimas molharem meu rosto. E cá estou, sem conseguir respirar, com a mão cobrindo a bochecha e a ouvindo escandalizar, repassando toda minha vida em minha cabeça.
O que eu fiz?
— Quem você pensa que é para me chamar de louca? — gritou — Você paga minhas contas, por acaso? Você me sustenta ou, ao menos, é psiquiatra para me diagnosticar como louca? Você não é ninguém em minha vida, menina.
Eu encarava o chão, com as pernas bambeando, desejando muito, muito, chorar como uma criançinha. Eu não queria gritar de volta, não queria me defender ou estapear a cara dela, como ela sempre fez comigo. Eu apenas quero chorar, como se isso fosse fazer o tapa doer menos ou fazer eu me sentir menos humilhada.
— Tokyo — ouvi sua gargalhada descrente —, você não se cansa disso nunca? Por que quer tanto arruinar a vida de sua irmã? Qual é o seu problema com Kyoto?
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𝗧𝗼́𝗾𝘂𝗶𝗼 𝗮𝗶𝗻𝗱𝗮 𝘁𝗲𝗺 𝘀𝗲𝘂 𝗻𝗼𝗺𝗲 | 𝗦𝘂𝗴𝘂𝗿𝘂 𝗚𝗲𝘁𝗼𝘂
Fanfiction"Suguru, o dia em que eu te conheci está marcado em minha alma, assim como nosso beijo naquele mesmo dia, assim como as marcas que deixei em seu corpo. Eu jamais me esquecerei de você, jamais me esquecerei de como você me amaldiçoou no primeiro inst...