── 09

97 21 46
                                    

“Você já teve aquele medo de não conseguir afastar, o tipo que gruda como algo em seus dentes? Há algum Às em sua manga? Você não faz ideia de que é minha obsessão? Sonhei com você quase todas as noites essa semana

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

“Você já teve aquele medo de não conseguir afastar, o tipo que gruda como algo em seus dentes? Há algum Às em sua manga? Você não faz ideia de que é minha obsessão? Sonhei com você quase todas as noites essa semana. Quantos segredos você consegue guardar?”


Do I wanna know? — Arctic Monkeys

Do I wanna know? — Arctic Monkeys

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"O mar é uma mulher"

SUGURU GETOU


  Até meus noves anos, morei há duas quadras da praia e, com muita frequência, minha mãe me levava para sentir o mar me molhar, construir castelos de areia e achar conchas, até mesmo quando já estava anoitecendo. Enquanto morei com ela, todos os dias nós comíamos assistindo televisão ou lendo algum livro, com constância também ela dançava na sala de nossa casa, e me fazia dançar com ela entre risadas, e por isso várias vezes já deixou a comida queimar. Morávamos apenas nós dois, éramos felizes em Yokosuka.

    Um dia, quando cheguei da escola, minhas malas estavam naquela mesma sala, com caixas em cima daquela mesa em que compartilhávamos o que líamos durante nossas refeições. Ela sorria mesmo chorando um pouco, eram lágrimas de felicidade. Ela se agachou diante de mim e me contou que eu ia morar com meu pai e minha madrasta, enquanto ela, estava indo para fora do país.

    Minha mãe é uma atriz de palco, ela é carismática e extrovertida, determinada. Naquele mesmo dia eu fui embora para outra cidade, uma que não têm praias, em uma casa que não dançávamos, muito menos assistíamos televisão ou liamos durante o jantar. De qualquer forma, fui muito feliz com meu pai e Yumihara, mas a ausência de minha mãe era algo dolorido e confuso. Não entrava na minha cabeça como alguém pode deixar sua casa tão facilmente, um lugar aonde você foi tão feliz para ir embora para um lugar desconhecido.

    É um pouco irônico como eu acabei fazendo a mesma coisa. Deixei uma casa e uma família, onde fui feliz por muito tempo para tentar a sorte em uma cidade desconhecida por mim, coisa que nunca quis. Mas diferente de minha mãe, não deixei um filho para trás. Não guardo raiva, uma vez por mês nós conversamos por telefone, como eu fazia as vezes na infância e adolescência. Nessa época, em alguns dias eu ignorava seus telefonemas, ou dava desculpas esfarrapadas para não atender ela, porquê estava magoado por ela ter ido embora, em outros, eu atendia e conversava com ela mesmo sentindo mágoa, porquê a saudade era maior do que qualquer coisa. Meus sentimentos eram um pouco indecisos.

𝗧𝗼́𝗾𝘂𝗶𝗼 𝗮𝗶𝗻𝗱𝗮 𝘁𝗲𝗺 𝘀𝗲𝘂 𝗻𝗼𝗺𝗲 | 𝗦𝘂𝗴𝘂𝗿𝘂 𝗚𝗲𝘁𝗼𝘂Onde histórias criam vida. Descubra agora