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"“Eu sinto muito por ser quem você ama
Ninguém nunca vai me amar de novo como você (...)
Um dia você me entenderá
Eu serei julgada pelos cães de caça (...)
Você acredita em mim como se eu fosse um Deus
Eu te traio como um homem”I’m your Man — Mitski
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"A cerne que dói o estômago e os olhos de bruxa"
UTAHIME IORI
Eu nasci para estar nas passarelas, nasci para estar nas capas de revistas e em comerciais publicitários, nasci para estar em uma passarela assim, aonde estou agora, com todos me olhando conforme eu avanço, como um um jaguar. Os flashes são fortes contra meu corpo e meus olhos, todos estão atentamente me olhando, inclusive minha mãe, que tem o orgulho transbordando nos dentes, ao lado de Tokyo que diz algo no ouvido do homem ao lado, este que imagino ser o tal do Suguru. Todos me olham, todos cochicham, todos estão com a atenção em mim até eu sair da passarela, com os passos firmes e cintura determinada.
Desde antes do meu nascimento eu já estava predestinada a estar no mundo da moda, a seguir e honrar o legado de minha mãe. Faz parte da minha alma. Treinei durante toda minha vida para momentos assim, momentos de glória. Me abstive de muitas refeições, me abstive do evento adolescente juvenil de cortar ou pintar o cabelo, ou de fazer piercing’s, preservo, ao máximo que posso, minha beleza e imagem, minha honra.
Quando eu ouço os aplausos, ouço também minha mente sussurrar que todos meus sacrifícios valeram a pena, porquê sou aclamada, porquê sou vista e elogiada, sou invejada e desejada.
Quando eu era criança, lembro de ter uma boneca muito especial, que ganhei de meu pai, presente de aniversário. Uma boneca vinda do estrangeiro, com os cabelos muito escuros, a pele de porcelana, o vestido brilhante costurado à mão. Ela era tão linda que nunca me atrevi a tirá-la da caixa, ela ficava em uma prateleira ao lado da porta, para que todos os dias eu contemplasse a beleza dela, para que me lembrasse todos os dias de ser bonita como ela, que todos me desejassem como eu desejava poder tirá-la da caixa. Eu queria ser aquela boneca.
De um segundo para o outro, de um piscar para um suspirar, eu já não estou mais no desfile da Peter Do. Quando percebo, estou em um apartamento, em algum lugar de Tóquio, um apartamento que cheira à bebida e cigarro, um apartamento que só se ouve música alta e só se vê modelos e homens aglomerados. Uma festa pós-desfiles, uma festa não-oficial com o intuito de fazer os modelos relaxarem e descontrair, mas não me sinto relaxada aqui.
Tenho em mãos uma taça de champanhe quando sinto uma mão em minha cintura, e uma voz dizer meu nome.
— Utahime, você arrasou naquela passarela! — o corpo de Tokyo me abraça, e eu a abraço de volta, sorrindo aliviada — Foi incrível, como sempre é.
— Jura? Eu estava boa mesmo? — nos separamos.
— Você foi ótima, fiquei sem palavras pro desfile. — só noto sua presença quando ele fala. Mais de um metro oitenta de altura, cabelos longos amarrados, roupas escuras de couro e está tão próximo de minha melhor amiga, que parece seu cão de guarda. Julgo ser o tão falado Suguru — Meus parabéns.
— Ah, Uta, esse é o Suguru Getou, meu novo modelo de quem eu te falei. — puxa ele pelo pulso, para que ele dê um passo à frente.
— Como eu não saberia? — apertamos a mão, e seu aperto é firme — Ela não cala a boca quando o assunto é você.
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𝗧𝗼́𝗾𝘂𝗶𝗼 𝗮𝗶𝗻𝗱𝗮 𝘁𝗲𝗺 𝘀𝗲𝘂 𝗻𝗼𝗺𝗲 | 𝗦𝘂𝗴𝘂𝗿𝘂 𝗚𝗲𝘁𝗼𝘂
Fanfiction"Suguru, o dia em que eu te conheci está marcado em minha alma, assim como nosso beijo naquele mesmo dia, assim como as marcas que deixei em seu corpo. Eu jamais me esquecerei de você, jamais me esquecerei de como você me amaldiçoou no primeiro inst...