98. Shadows pt.2

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Vocês não me dão sossego nunca né gostosas, se eu coloco FIM vocês surtam, eu aqui sem voz, dor de cabeça, tomando remédio, me tremendo de frio mas talvez com febre, mal respiro e mesmo assim escrevendo porque vocês surtaram com a parte 1. Por isso eu amo vocês 💜

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Por 40 anos ela só girou e girou, dançou, rodopiou, e fez o seu trabalho. Aquele globo de neve poderia ser considerado lindo e muito reconfortante numa lareira em pleno natal, mas não.

Era uma praga, uma maldição. Era uma punição.

Na verdade, Nina nunca entendeu porque recebeu uma punição. Ela nunca fez nada a ninguém, nunca mexeu com coisas erradas e nem nada do tipo. Ela só... dançava.

Foi um dia como todos os outros, ela se arrumou de manhã, ensaiou o resto da tarde, foi para o espetáculo e apresentou sua coreografia premiada na Universidade. Estava tudo bem, parecia estar tudo bem.

Mas então, de repente, ela se viu trancada no camarim. Alguns meninas sempre mexiam com ela mas nada nunca foi tão extremo quanto deixá-la trancada sozinha.

Ela gritou e gritou, mas nada adiantou. Provavelmente passou horas lá dentro, não dava para saber. Ela só acordou quando um som alto a fez dar um pulo.

Pareciam vozes, falando numa língua que ela não entendia, e não estavam distantes. Estavam lá fora. Tudo ficou escuro quando uma fumaça negra envolveu o camarim e ela não enxergou mais nada.

Quando abriu os olhos, as garotas da universidade estavam enormes, gigantescas, estava frio e o vidro do globo de neve a fez cair de joelhos e chorar, chorar, chorar.

Não dava pra reverter, ela estava fadada a dançar sempre que aquelas mesmas melodias soassem no ar, para sempre. Se houvesse uma reversão, uma libertação, Nina não sabia, não conhecia, e não tinha nada que pudesse fazer.

Ela só dançou e dançou, por todos esses anos. Mas todo mundo tinha medo dela e das lendas envolvendo seu globo de neve. Mesmo que houvesse uma forma de reverter, de escapar, quem a ajudaria?

Ninguém. Ninguém faria nada, afinal era apenas uma bonequinha num globo de neve. Quem em sã consciência pensaria que uma alma perdida estaria aprisionada ali?

Ela já estava cansada, sem esperança. Queria saber por quanto tempo mais ela precisaria ficar ali, por que não morria logo? Por que não conseguia dar um fim nisso tudo?

Mas ele mudou o jogo. O moreno que lembrava um gatinho, tocava toda noite ali e estava sempre com cara de sono. Ela ficava olhando pra ele, só observando. Até que ele decidiu tocar a música dela.

A maioria tocava e se assustava quando Nina começava a dançar, ela estava sempre sozinha e parecia que nada mudaria nunca. Mas apesar do susto dele, ele voltava toda noite.

Ele voltava e ficava observando Nina dançar, tocava e voltava no outro dia pra tocar de novo, e tocava mais e mais, todos os dias. Ela não se cansava de dançar, mas já estava ficando difícil aguentar.

Não dava mais pra suportar continuar sendo prisioneira, ela precisava sair. Tinha que ter um jeito, tinha que ter alguma possibilidade de reverter tudo. Ele tinha de ajudá-la.

Por isso, desesperada, ela tentou chamar a atenção dele várias vezes. Talvez pedir que ele procurasse uma bruxa ou alguém, algum livro, qualquer coisa, qualquer coisa que pudesse tirá-la de lá.

Mas ele se assustou tanto que foi embora, e ela continuou chorando. Sem esperança, sem chance de conseguir sair daquele inferno. E ainda por cima, o que mais lhe causava dor, sem saber o motivo de ter sido aprisionada.

Inveja talvez? Ciúme? Talvez as garotas da universidade não gostassem dela, mas por que tomar essa atitude? Ela nunca saberia. Ela nunca entenderia.

Mas ele voltou, ele voltou e ela ficou maravilhada. Ele tinha que fazer alguma coisa. Depois de quase 2 meses tocando todo dia e a observando dançar, ele também deveria sentir o mesmo que ela. Essa afeição sem limites.

Ela estava com medo, e doeu muito ser atirada no chão daquela forma, a fumaça preta do mesmo dia em que fora aprisionada tomando conta de tudo. Mas quando ela sentiu a água do globo se espalhando, seu corpo voltando ao normal, e tudo se dissipando, ela chorou de alívio.

Liberdade. Demorou, mas ela conseguiu a liberdade. Estava livre. Livre. Estava solta, não mais aprisionada, estava liberta do sofrimento e finalmente livre de novo.

Ele era ainda mais bonito de perto, era ainda mais bonito tirando a jaqueta e colocando em volta dela. O frio era castigante mas ele a ajudou a levantar e saiu dali com ela.

Tudo estava diferente, depois de tantos anos. Nina ficou preocupada de envelhecer rapidamente depois de se libertar do feitiço. Mas dentre todas as suas preocupações, envelhecer não era a principal.

O que fazer? Pra onde ir? Onde morar? Como vai ter dinheiro? E sua família?

O garoto também parecia preocupado mas não disse nada. Ela podia ver em seu rosto as milhares de dúvidas que rodeavam nos pensamentos, mas ele não falou nada.

O colega de quarto dele, que mais parecia um raio de sol do que um ser humano, ficou pálido e quase desmaiou quando viu ela. "A garota do globo de neve?", ele questionou, antes de realmente desmaiar.

Ela pôde tomar banho e usar roupas quentinhas, emprestadas do moreno, enquanto ele tentava acordar o amigo.

Independente do que precisaria fazer, ela soube, e sentiu muita gratidão por isso, que ele ajudaria. O moreno que parecia um gatinho era o único em quem ela poderia confiar agora.

FIM



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É sério, é fim. Acabou.
To de olho em vocês 🫵🏼

Suga Oneshots (MIN YOONGI FANFIC)Onde histórias criam vida. Descubra agora