☀️ - Eu voltaria.

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Acordei com o som da porta do meu quarto se abrindo. Meus olhos ainda estavam pesados de sono, mas o cheiro familiar de velhos livros me lembrava de onde eu estava. A mesma torre, o mesmo quarto. Esperei minha mãe, Walburga, aparecer na porta, como fazia todas as manhãs.

- Regulus - a voz fria dela ecoou pelo quarto - A semana de compras chegou, você já sabe como irá funcionar, não sabe?

- Sim mãe, sem sair da torre e evitar ficar indo muito na janela, para que nenhum estranho possa descobrir onde moramos - Repito a mesma frase que minha mãe sempre me falava quando chegava essa semana.

Durante esse período, minha mãe ia até a aldeia para fazer suas compras, saindo pela manhã e só voltando à noite. Levava apenas uma cesta, o que significava que precisava de uma semana inteira para pegar tudo o que precisava. E eu? Eu ficava aqui, trancado, como sempre, tentei convencer para eu ir com ela, o que obviamente foi negado.

- Eu volto ao anoitecer, seja um bom garoto e não me dê trabalho - ela disse, sem olhar para mim enquanto ajustava o capuz do manto preto que usava e se olhava no espelho.

Sentei-me na cama, observando-a enquanto se preparava para ir, e antes de fazer ela vem em minha direção e me abraça, naqueles pequenos momentos eu me sentia seguro? Não sei se é realmente essa sensação, mas parece.

- Te amo, meu bem - Ela sussurra com o queixo apoiado na minha cabeça.

- Também te amo, mãe - Respondo um pouco abafado, estava sendo abraçado com um pouco mais de força que o habitual, mas logo ela me solta.

Assim que a porta da torre se fechou atrás dela, eu me levantei e fui até a janela. A vista dali era sempre a mesma. A floresta densa que cercava a torre, as árvores bloqueando qualquer visão mais distante, e, claro, o nada. Ninguém nunca vinha aqui, exceto minha mãe, que estava indo em direção as árvores, mas antes se vira e me dá um tchauzinho com a mão, que correspondo da mesma forma.

Suspirei, sabendo que a rotina seria a mesma de sempre. Com ela fora até o anoitecer, eu teria o dia inteiro para... fazer nada. Meus livros, a única companhia que eu tinha, já não traziam mais o consolo de antes. Eu os havia lido tantas vezes que suas páginas já estavam desgastadas.

A semana de compras era a única vez que eu tinha um pouco de paz, se é que dava para chamar assim. Ao menos, durante o dia, eu estava sozinho. Sem a presença da minha mãe, sem seus olhares frios e suas palavras cortantes. Mas, ao mesmo tempo, essa solidão me lembrava de como eu estava completamente preso aqui, sem ninguém para falar, sem ninguém para me ouvir.

Mesmo que eu reclamasse da minha mãe, ela era a única companhia que eu tinha.

Andei pelo quarto, tentando afastar esses pensamentos. Sabia que ela voltaria à noite, como sempre fazia. Era uma rotina sufocante, mas era a única vida que eu conhecia.

- Mais um dia... - murmurei para mim mesmo, enquanto me aproximava da mesa, pensando em quais livros eu releria hoje. Pego um que já tinha lido três vezes e o coloco na mesa.

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James Pov's

Acordei com a luz do sol invadindo o quarto pela janela aberta. O ar fresco da manhã preenchia o espaço, e por um momento, senti uma estranha sensação de calma. Mas logo a lembrança da torre voltou à minha mente, como uma pedra afundando no meu estômago. O garoto que vi lá ontem... Eu não conseguia parar de pensar nele. Quem era ele? E por que estava preso ali, sozinho?

Decidi que hoje eu iria até a torre. Não podia simplesmente ignorar aquilo, não depois de ver aquela expressão perdida no rosto dele.

Me levantei e me preparei rapidamente, sabendo que, se eu saísse cedo, ninguém notaria minha ausência até mais tarde, Remus, Lily, Mary e Peter tinham dormido na cabana junto comigo, mas como não tínhamos compromisso pela manhã, todos acordaram mais tarde.

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