Capítulo 7 parte 1

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You're the bullet, I'm the gun, let's pull the trigger

Você é a bala, eu sou a arma, vamos puxar o gatilho

Por que as pessoas insistem em ser inocentes? Qual parte delas ainda é capaz de confiar cegamente na proteção das paredes e na bondade das pessoas ao redor? 

Eu não sei se ter a resposta disso vai me trazer alguma vantagem, mas pensar assim não me impede de continuar questionando o comportamento estúpido alheio. Talvez seja uma ousadia e, se for, sou obrigado a dar meu reconhecido pelo bom trabalho em sentir prazer no risco de se encrencar de alguma forma andando por aí sem prestar muita atenção ao redor. 

Bom, também respeito esse tipo de escolha. Respeito tanto que hoje decidi jogar usando essas regras como base do que eu julgo ser uma brincadeira divertida. E a parte da diversão definitivamente é sobre mim, até porque ser vingativo é uma das maiores alegrias que eu já senti na vida e agora quero dobrar a dose.

Nos últimos dias eu evitei aquela praga em forma de mulher que desgraça minha sanidade. Aproveitei o excesso de trabalho pra não ficar mais do que cinco  minutos no mesmo ambiente que aquela provocadorazinha. Confesso que por mais foda que seja negar ficar entre as pernas dela, me bateu uma certa satisfação interna saber que a pose de garota descolada que não liga, era me mentira todas as vezes. 

Hoje eu cansei de torturar nós dois. Ela, sozinha, vai bastar. 

Lucy é o tipo de presa fácil, a mocinha indefesa que espera um bom samaritano vir ao seu resgate quando as coisas estiverem  criticas. Nunca olha pros lados quando anda, nunca se preocupa com os objetos que carrega e muito menos sonha com a possibilidade de passar perto de uma situação perigosa que não seja por brincadeirinha. 

Se fosse qualquer outro dia, isso teria me deixado com um humor levemente fodido, mas hoje eu agradeço. Vai me fazer dormir bem melhor essa madrugada quando chegar em casa sabendo que ter deixado meu fantástico depósito de porra fazendo hora extra, sozinha, foi uma ideia genial da minha parte. 

Quando eu escuto o som dos saltos lentamente se aproximando pela garagem do prédio, com as luzes se ascendendo conforme ela se move, me certifico que o pilar me oculta direito. Conto os segundos, esperando que a luz se acenda e o reflexo dela na janela do carro apareça pra eu agir conforme o planejado, sem erros e sem surpresas pra mim. 

Ela desativa o alarme do carro, em resposta meu coração dispara e eu mordo a boca pra controlar o sorriso de empolgação que definitivamente não é pequeno. Nunca fiquei tão feliz por essa víbora em forma de demônio com saia adorar estacionar longe do elevador. 

Meu coração pulsa no ritmo em que ela pisa no chão. Meus ouvidos captam o eco enquanto ela se move como um serpente, meu peito sente o impacto da adrenalina irrigando tudo e sendo bombeada pra cada veia do meu corpo. Ela tá perto, eu consigo ver! Travo a respiração, focando no reflexo dela cada vez mais próximo da porta do motorista.  Solto o ar devagar assistindo quase em câmera lenta os dedos de unhas pintadas puxando e abrindo a maçaneta.

E aí eu paro de pensar. 

Meu corpo se move controlado pelo anseio de pegar o que me pertence. Por mais que eu saiba que cada movimento é rápido e preciso, eu vejo tudo devagar. Minha mão impede que porta se abra ou feche, por trás a outra cobre o pescoço de Lucy me garantindo os peitos subindo e descendo pelo susto de algo inesperado desse tipo. Com ela na palma da minha mão, nem as unhas me arranhando e a força que ela faz tentando usando o corpo pra me empurrar, me impedem de colocar o corpo pequeno em comparação com o meu, pra dentro do carro. 

AlexOnde histórias criam vida. Descubra agora