05. Flashback

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Eu estava na sala de descanso do pátio B, acompanhada por Lisa e Thomas. Eles seguravam juntos um bolo de chocolate, com duas velinhas bobas em cima.

─ Faça o seu desejo, Zara! - Lisa disse, aproximando o bolo de mim e oferecendo seu melhor sorriso.

Fechei os olhos, pensando no que eu gostaria e assoprando as velinhas.

─ Feliz aniversário! - Thomas soltou do prato e me puxou para um abraço. ─ Você tem quatorze anos agora, já está ficando velha. - Riu.

─ O que você desejou? - A garota me perguntou, deixando o doce em cima da mesa perto dos puffs.

Me afastei dos braços de Thomas, abrindo os olhos e sentindo o olhar curioso de Lisa sobre mim. O cheiro do bolo de chocolate preenchia o ar, mas minha mente estava longe. Eu sabia exatamente o que tinha desejado, mas não podia dizer em voz alta.

Me afastei de Thomas com um sorriso tímido e olhei para Lisa.

─ Você sabe que não se pode contar os desejos de aniversário, certo? - disse com um tom brincalhão, mas com uma ponta de verdade. ─ Se eu contar, eles deixam de se realizar.

A garota revirou os olhos, mas sorriu. ─ Tinha que ser algo profundo. Você nunca facilita, não é, Zara?

Thomas riu ao meu lado, e eu olhei para o bolo. Por mais que tivesse feito um pedido, uma parte de mim sabia que nem todos os desejos podem se tornar realidade, não importa o quanto desejamos. Mesmo assim, manter o mistério vivo era algo interessante de se fazer.

De repente, as portas de vidro esbranquiçadas se abriram sozinhas graças ao sensor, e uma figura feminina e loira adentrou a sala, com uma expressão séria e cruel. Ava Paige.

O riso leve na sala morreu assim que Ava entrou. Sua presença sempre parecia sugar todo o ar do ambiente, como se o peso de sua autoridade fosse um lembrete de que nada naquele lugar era simples. Seus olhos azuis frios passaram por cada um de nós, parando em mim por um breve momento. Não era uma avaliação, era algo mais profundo, mas que eu não conseguia decifrar.

Zara, preciso falar com você. Agora. - Sua voz cortou o silêncio, firme e sem espaço para discussão.

Troquei olhares com Lisa e Thomas, sentindo meu estômago revirar. Não era comum Ava nos chamar assim, e algo em sua postura me dizia que aquilo não seria uma simples conversa.

Eu volto em um minuto. - Tentei sorrir, mas a tensão era evidente. Me levantei, deixando o bolo e os sorrisos para trás, e segui Ava para fora da sala.

Nós estávamos atravessando todo o complexo, indo de volta para o pátio A, onde a maioria das pessoas importantes ficam.
Ela não disse nada enquanto caminhávamos pelos longos corredores. As paredes brancas e estéreis pareciam mais sufocantes a cada passo que dávamos. Enquanto estávamos atravessando mais um longo corredor, Ava se virou para mim, seu olhar mais suave do que o habitual, mas ainda carregado de uma seriedade que me fez engolir em seco.

─ Querida, preciso que me escute. - Ela olhou de relance para mim, enquanto ainda andávamos. ─ Analisamos o seu material e relatório semanal. - Ela contava, se referindo aos trabalhos que nós tínhamos de fazer.

Aqui no CRUEL as coisas funcionam de forma diferente. Somos muita gente, e existem dezenas de crianças aqui, separadas em duas classes; os pesquisadores e os cobaias. Os mais novos são a maioria por aqui, por isso são colocados ao trabalho e a provas, mas não são as mesmas funções e definitivamente não é uma divisão justa.

𝗔𝗟𝗖𝗛𝗘𝗠𝗬 ― Minho, the Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora