"Ouvi gritos."
Point of view: Maraisa.
Os dias avançaram numa velocidade estupenda, quando me dei conta, três meses já haviam se passado, dando a nós um único mês de intervalo até o nascimento de nosso filho.
Enquanto eu tomava meu café da manhã, sentada na varanda da sala, uma única frase me rondava, misturando-se há um conjunto de lembranças, me fazendo sorrir feito boba e me arrepiar: O tempo voa!
E não é que o menino do "tic tac" havia brincado de correr?
Ponteiros nunca haviam sido tão velozes em minha jornada. Mas, como eu havia dito no começo de tudo: O tempo sempre costumava passar rápido quando tudo estava indo bem. E, de certo modo, passando rápido ou não, eu estava contente, pois, sendo rápido ou lento, eu estava com Marilia, vivendo uma espécie de alegria que ao contrário das anteriores, não tinha prazo de validade. Uma alegria que se encerrava ao dormir e se iniciava novamente quando eu abria os olhos, me deparando com minha latina dormindo tranquilamente ao meu lado.
Novamente, feito uma boba, me peguei sorrindo.
Marilia estava me ensinando muitas coisas nesses dias, mas de todos os ensinamentos, um único se destacava: Ser paciente
- Maraisa...
Eu ouvi ela me chamar, bem de longe, numa voz de eco. Certamente seria um sonho, então, mantive-me de olhos fechados, bastante relaxa em minhas cobertas macias e perfumadas.
- Acorda, Maraisa... - Novamente sua voz soou, dessa vez mais alta, também senti ela sacudir meus ombros. Por instinto do movimento, abri meus olhos e me deparei com ela, abaixada ao meu lado, com olhar sapeca.
- Hmmm... O que foi? – Perguntei, resmungando. - Marilia corou violentamente e sorriu mordendo o lábio inferior.
- Seu filho quer comer sorvete de graviola... – Disse simplesmente, ainda sorrindo.
Depois de ouvir sua pergunta, me permiti erguer meu braço esquerdo e com certa dificuldade, tentar ver que horas marcavam em meu relógio. Soltando um riso abafado, com a cara ainda parcialmente afundada no travesseiro, constatei que estava fodida.
- E aonde você acha que eu irei conseguir sorvete de graviola às 3h24 da madrugada? – Falei tentando convence-la a desistir da ideia. – Se você esperar um pouco mais, quando amanhecer, eu compro para você.
Minhas palavras pareceram não agradar muito a latina, pois a mesma se levantou e saiu batendo os pés, parecendo uma criancinha.
Voltei a mergulhar meu rosto no travesseiro, no intuito de voltar a dormir, afinal, tinha que acordar cedo para trabalhar, porém, estragando meus prazeres, novamente fui sacudida pelos ombros.
- Que foi, Marilia? – Perguntei de olhos fechados.
- Sai da minha cama. – Ela falou de uma vez, bem ríspida. Abri meus olhos e ela estava de pé, parada na minha frente, com os braços cruzados abaixo dos seios, visivelmente furiosa, tanto que estava vermelha, faltando pouco soltar fogo pelas narinas.
- Quê? – Falei confusa, ela estava mesmo me expulsando do quarto?
- Anda! – Marilia rosnou de forma assustadora. – Sai do quarto agora! – Apontou para fora. – E se o SEU filho nascer com cara de pote de sorvete, não venha reclamar comigo depois. – Pontuou a frase, enfatizando o "seu", num tom bastante raivoso, que por ventura ou desventura, me fez ter vontade de agarrar ela e morder.
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The last coffee - Adaptação malila.
Roman d'amourEla era uma escritora no auge de seu fracasso, não vendia mais livros, nem escrevia mais poemas, ainda não havia aprendido o quão bela era a poesia de um coração em desordem. Enquanto isso, do outro lado de um balcão, esperando-a com mais um café qu...