Capítulo 01

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Pov Marília.

Olá, me chamo Marília Dias Mendonça, tenho 17 anos e sou estudante de ensino médio, no momento estou fora da escola por causa de uma doença.

Após receber o diagnóstico que mudaria minha vida, meu mundo desabou. Minha mãe, Ruth, tentou me consolar dizendo que eu poderia aproveitar o tempo que ainda tenho. Minha mãe também está arrasada com tudo isso, principalmente em saber que ela poderá viver sem sua única filha brevemente.

Após muitos e muito exames, o médico de confiança da minha família constatou que o câncer no meu pulmão havia avançado muito e só o concentrador de oxigênio não era suficiente, então foi considerado um câncer terminal. Ele me deu cinco anos no máximo de vida.

Eu contrai esse câncer devido à exposição ao tabagismo desde pequena por parte do meu pai, Mário, ele sempre fumou cigarros e outros tipo de tabagismo. Na minha casa meu pai tinha um local pra fumar mas ele sempre fumava onde estava e isso me prejudicou desde pequena.

Eu não consigo acreditar que eu vou morrer, não consigo acreditar que meu pai me matou aos poucos e eu não vou o perdoar nunca. Sentada aqui na minha cama pensando em o que fazer nesse tempo que ainda tenho, decidi me afastar de alguns amigos, incluindo, Henrique, Luísa, Yasmin, Juliano, Murilo, Mari e Lauana.

Eles são meus melhores amigos mas não quero ver eles sofrer. Saber que vou morrer deixa tudo mais difícil e não saber lidar com isso torna tudo mais complicado ainda.

Eu poderia ter a vida toda pela frente mas isso foi interrompido pelo meu pai.

- Filha - minha mãe se aproxima - não fica assim por favor.

Ela também estava mal, mas quem ia morrer ia ser eu e não ela.

- Me deixa mãe, eu quero ficar sozinha - resmunguei irritada.

- Ficar sozinha não vai te ajudar em nada meu amor, vem cá - ela abre os braços e me acolhe em um abraço.

- Por que aquele homem tinha que fazer isso comigo mãe?

- Aquele homem é seu pai Marília - ela passou a mão em meus cabelos - e eu sei que não era a intenção dele fazer isso.

Um pai não mataria sua filha dessa forma. Eu estava sofrendo com esse diagnóstico.

- Como não? Ele sabia que ficar fumando perto de uma criança podia prejudicá-la, agora quem saiu como prejudicada dessa história foi eu.

- Seu pai também está mal Marília, acha mesmo que ele queria nossa única filha morta?

Não só queria, como vai ter em alguns anos.

- Se ele não quisesse por que fez isso? - saio do seu abraço irritada - além de tudo tenho que ficar com essa porcaria - me refiro ao concentrador de oxigênio no meu nariz - isso me deixa ridícula e eu não posso reclamar por que isso tá me mantendo viva até o momento.

- Não fala assim Marília, seu pai te ama e tenho certeza que ele não queria isso - um tom estressado saiu de seus lábios - e sobre seu concentrador de oxigênio, se tu precisa tu vai usar!

- Me deixa mãe, sai daqui - virei as costas pra ela.

- Eu não quero discutir contigo Marília, tu tem que entender que seu pai não queria isso também e quando ele chegar do trabalho vamos conversar nós três e dizer a ele o diagnóstico.

- Eu não quero falar com ninguém mãe, me deixa sozinha!

- Como quiser, mas tu vai falar com seu pai sim.

Ela sai do quarto e eu me afundo em uma tristeza muito grande, não sei como vou fazer pra me afastar dos meus melhores amigos mas não tenho opção.

Meu celular toca e eu pego pra atender, olho a tela e vejo que é a Luísa.

"- Iae loirão - dou risada.

- Tá ocupada amiga? - pergunta animada.

- Que nada, tô quase me afundando em uma depressão.

- Bora sair? Tenho uma pessoa pra te apresentar, tu vai gostar dela.

- Quem é? Como chama? Que idade tem? Onde mora? - rio com as perguntas.

- Calma mulher afobada, ela se chama Carla Maraisa, mas ela gosta de ser chamada de Isa ou algo relacionado a isso, ela tem 19 anos e mora aqui em Goiânia mesmo - riu - vamos sair hoje? Conheço uma balada maneira.

Meus pais não vão deixar como sempre.

- Eu não sei se vou poder, minha mãe disse que tenho que conversar com meu pai sobre... - faço uma pausa - sobre... o meu diagnóstico.

- Já saiu? Tu não me falou nada.

- Nem eu sabia que iria sair tão cedo.

- Qual foi o resultado?

- Meu câncer avançou amiga, eu tenho cinco anos ou menos de vida.

- Oxe, mas o médico não tinha dito que seu câncer não era terminal?

- Ele disse, mas com o avanço não tem como reverter.

- Vamos sair pra nos distrair? Não vamos pensar nisso agora, isso só vai te afundar numa depressão.

- Eu sei, mas eu não pos- faço outra pausa - tá eu vou, mas eu tenho que sair de casa antes das 17:00, posso ir na sua casa? Me arrumo aí contigo, já que se eu ficar não vou poder ir.

- Claro amiga, passo ai pra te buscar.

- Tá bom, agora vou arrumar minhas coisas que vou levar.

- Tá bom amiga, se cuida.

- Tu também."

Desligo a chamada e pego uma bolsa no meu closet, coloco minhas bombinhas em primeiro lugar, pego dois vestidos e uma camiseta preta com uma calça jeans, coloco um salto e um tênis na bolsa também e coloco dentro do guarda roupa a bolsa já pronta.

- Marília - minha mãe bate na porta - posso conversar contigo?

E lá vem de novo.

- Se for pra falar sobre-

- Me ouve, seu pai vai chegar mais cedo hoje, eu falei pra ele que o seu diagnóstico não foi nada bom e ele quer conversar contigo.

De novo isso? Me deixa porra.

- Eu não quero falar com ninguém, já falei!

- Para de ser mimada desse jeito, não é tudo na hora que tu quer não Marília.

Quem vê falando assim, até parece que tenho tudo na hora que quero!

- Sai do meu quarto, eu quero ficar sozinha.

Ela sai e eu ligo pra Luísa de novo.

"- Amiga, mudança de planos.

- Como assim?

- Meu pai vai chegar mais cedo hoje, preciso que venha me buscar umas 16:20.

- Tá bom - riu - mais algo mudou?

- No momento não, só minha ansiedade está mais forte por saber que vou morrer.

- Não vamos falar disso, não hoje, hoje é dia de se divertir e esquecer os problemas.

- Tá bom, eu vou desligar, te espero 16:20 em ponto!

- Sim senhora - riu novamente."

Desligo e fico pensando se realmente vou a essa festa. Meus pais vão ficar furiosos e preocupados, mas o Mário me colocou nessa situação, era pra eu estar sendo feliz e não estar morrendo aos poucos.

Até meu último dia (MALILA)Onde histórias criam vida. Descubra agora