Pov Marília.
Após sair da minha casa escondida dos meus pais, entrei no carro da Luísa e seguimos a caminho de sua casa.
- E aí amiga, tá ansiosa pra conhecer a Maraisa? - revezou o olhar entre mim e a estrada.
- Ah Luísa, eu não sei... - respiro fundo - saber que vou morrer não está me deixando querer conhecer pessoas novas pra elas sofrerem depois sabe?
- Não vamos pensar nisso agora, vamos aproveitar e viver os dias como se fosse o último pois não sabemos se realmente será ou não amiga, se tu se afundar nessa depressão tu não vai viver intensamente e vai perder os dias que ainda tem pra curtir sua vida da forma que tu sempre quis.
Eu sei.
- Ah, sei lá... eu só não queria que isso tivesse acontecendo comigo sabe, saber que vou morrer é uma tortura.
- Ei amiga, não vamos pensar nisso agora, coloca uma música pra gente ouvir aí no rádio e mandar essa tristeza pra longe.
Sorrio pra ela e pego meu celular, vejo que tem três chamadas perdidas da minha mãe mas não me importo, coloco uma música e fomos cantando e rindo até a casa dela, mas dando pausas pela minha falta de ar.
Quando chegamos na casa de Luísa, tinha algumas meninas lá esperando por ela, eu não sabia que iria mais gente nessa festa então fiquei na minha em um canto.
- Amiga, vem cá - Luísa me chama.
- Tô bem aqui - sorrio fraco.
Não conheço ninguém aí, então vou ficar aqui mesmo!
Eu não queria me enturmar, não depois de tudo que está acontecendo comigo, fazer novas amizades não estavam nos meus planos, não tão cedo.
Após um tempo de cabeça baixa, sinto uma presença, levanto meu rosto e vejo Luísa se aproximando.
- Amiga, vamos lá - ela me olha - ficar sozinha aqui não vai ajudar em nada.
- Tu não avisou que teria gente aqui - abaixei a cabeça desanimada - eu não quero atrapalhar a festa de vocês e-
- Não começa por favor, eu te trouxe aqui pra tu se enturmar e viver como tu merece, não adianta tu ficar se privando da vida dessa forma, entende? Vamos viver amiga, curtir a vida.
- Eu não sei se-
Antes mesmo que eu pudesse terminar de falar ela me puxou pela mão e me levou para o meio das meninas.
- Gente, essa é a Marília, ela é minha melhor amiga e precisa viver de uma forma que ela nunca viveu, hoje vamos fazer o dia ser muito mais especial pra ela.
As meninas assentiram e começaram a conversar comigo, eu sempre dava pausas nas respostas por conta da minha falta de ar mas nada que eu não pudesse resolver.
~•~
Já no início da noite as meninas que estavam na casa da Luisa começaram a ir embora, elas iriam encontrar com a gente na festa então por fim ficou só eu e ela.
- Amiga, vai tomar um banho no meu quarto que eu tomo no quarto da minha mãe, depois nos arrumamos juntas no meu quarto.
Assenti e peguei minha bolsa com minhas coisas, ainda era cedo pra por a roupa de ir mas mesmo assim eu coloquei, esperei a Luísa voltar do banho dela pra pedir o secador dela emprestado.
Terminamos de nos arrumar e ficamos conversando sobre coisas aleatória até dar a hora de saírmos, eu estava com um vestido preto, um salto não muito alto e os cabelos soltos, eu amava ficar com os cabelos soltos mas quase nunca eu podia ficar, minha mãe sempre dizia que ficar de cabelo solto seria mais fácil de pegar piolho na escola então ela sempre me proibiu de ficar.
Após chegar na festa, fiquei em um canto enquanto a Luísa foi pegar uma bebida pra ela, ela volta e me entrega um refrigerante pra eu não ficar sem tomar nada, ficamos sentada ali por enquanto, conversando, vez ou outra eu dava uma olhava entremeio a multidão.
As pessoas dançavam sem se preocupar com nada, mulheres iam até o chão com seus shorts e vestidos curtos, como ela tinham coragem de dançar daquela forma, quase nuas? Apesar de não dizer nada eu observava tudo a minha volta.
Após um tempinho Luísa olhou seu celular.
- Amiga, a Maraisa chegou, vou encontrar com ela na porta, tu quer ir comigo ou vai esperar aqui?
- Vou esperar, pode ir.
- Tá bom, não sai daqui pra eu não te perder no meio dessa gente toda.
Assenti e ela saiu, fiquei um pouco nervosa pois não queria conhecer ninguém, mas contive meu nervosismo, tomei um gole do meu refrigerante e peguei meu celular.
22 chamadas perdidas de mãe.
15 chamadas perdidas de pai.Bufei com aquilo e resolvi acalma-los.
Mãe, não se preocupe comigo, estou bem, estou com a Luísa e não volto pra casa hoje, amanhã conversamos com o Mário sobre meu diagnóstico, eu preciso de um tempo pra mim então não precisam ficar me ligando desesperadamente, eu estou bem, trouxe minhas bombinhas e as coisas necessárias pra eu ficar bem!
Mensagem enviada
Após a mensagem ser enviada ela respondeu com um áudio, tentei ouvir mas o barulho impedia então só ignorei. Coloquei meu celular de lado e levantei meu olhar para a multidão novamente, vi uma moça morena se aproximando então fiquei um pouco com vergonha.
- Oi, tu é a Marília? - assenti a observando - eu sou a Maraisa, a Luísa foi ali e pediu pra eu ficar aqui contigo.
Tu me paga Luísa!
Mesmo sem jeito assenti novamente e fiquei na minha.
- Tu está bem?
Assenti novamente e abaixei a cabeça.
- Tu é calada assim? - sorriu.
- Eu estou um pouco com vergonha - sorri fraco.
- Vergonha de mim? - me olhou um pouco incrédula.
Assenti e sorri fraco, eu estava completamente sem jeito, mas seu olhar sobre mim me chamou atenção, mesmo que eu tentasse negar, ela é linda e me deixou um pouco mexida.
Tentei não me importar com isso pois afinal eu nunca fiquei com ninguém, nem com homem e muito menos com mulher, meus pais sempre me proibiram de sair então não tive oportunidades como essa na vida.
Apesar de ainda está desapontada com a Luísa por me colocar nessa situação, eu deixei isso pra lá pois não tinha o que fazer, conversando um pouco com a Maraisa sobre coisas aleatória, ela me contou que está fazendo faculdade sobre especialização em pneumologia.
Conversei com ela sobre meu câncer mas não disse que eu estava morrendo, ela ficou triste por saber que eu estava doente, mas não deixou de me animar por isso.
- Vamos comigo pegar uma bebida? - sorriu de forma simpática.
Assenti e me levantei, ajeitei meu vestido e peguei minhas coisas na mesa, acompanhei ela até o bar da boate e fiquei observando as pessoas na esperança de encontrar a Luísa.
- Me da dois refrigerantes? - ouvi ela dizer ao barman.
Ele entrega a ela e ela me dá um.
- Eu pensei que fosse beber algo de álcool - sorri fraco.
- Eu não vou beber hoje, afinal, não vou deixar tu sóbria sozinha - sorriu simpática - vamos voltar pra mesa?
Assenti e sorri, ela nem me conhece e ja está fazendo de tudo pra não me deixar de lado, ela é mesmo uma pessoa incrível.
~•~
Volto amanhã!
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Até meu último dia (MALILA)
FanfictionApós descobrir um câncer terminal, Marília Mendonça de 17 anos, decidiu que não se apaixonaria de novo por ninguém, além de não querer ver sua amada sofrer com sua partida já esperada, ela não tinha como mandar em seu coração e nem nos seus sentimen...