Duas semanas se passaram desde aquela noite. E, para ser honesta, não pensei tanto nele assim. Minha vida continuou como sempre: trabalho, noites no terraço e algumas horas na balada com Kelsea, que parece ter feito da sua missão pessoal me convencer a sair da minha zona de conforto.
Hoje não foi diferente.
— Mais um fim de semana, mais um drink, e você ainda tão tranquila quanto sempre — Kelsea observa, enquanto me entrega uma bebida rosa e vibrante. Nem pergunto o que é, só aceito.
— Gosto das coisas simples — respondo, dando um gole. O sabor doce e ácido explode na minha boca, me fazendo franzir a testa por um momento.
— Sei que gosta, mas será que nada, absolutamente nada, te tira desse estado zen? — Ela pergunta, me observando como se estivesse esperando por um segredo.
— Eu me preocupo com o mundo — brinco, mas Kelsea revira os olhos.
— Não é disso que estou falando, e você sabe — ela retruca, inclinando-se contra o balcão. — Não é possível que aquele cara, o tal do Joseph, não tenha mexido com você nem um pouquinho.
Suspiro, tentando decidir se sou realmente imune a ele ou se estou apenas ignorando o que senti naquela noite.
— Ele era interessante, sim — finalmente admito. — Mas nada além disso. E, francamente, já passaram duas semanas e ele não voltou. Acho que isso diz muito, não?
Kelsea franze a testa, como se minha lógica não fizesse sentido.
— Talvez ele tenha motivos. Ou talvez ele simplesmente achou que não faria diferença. As pessoas não são sempre previsíveis, Lindsay.
Não respondo, mas suas palavras ficam na minha mente. As pessoas não são previsíveis. Nem eu sou. Há não muito tempo, provavelmente estaria na mesma posição que Kelsea — desesperada para descobrir se o acaso me daria outra chance com Joseph. Mas agora... não sei.
— Lindsay? Terra chamando Lindsay — a voz de Kelsea interrompe meus pensamentos, e percebo que estou encarando o vazio.
— Desculpa, estava pensando em outra coisa.
— Aposto que estava pensando nele — ela provoca.
— Tá legal, engraçadinha. Deu minha hora de descanso. Vou levar o copo comigo, não tem problema, né? — não espero resposta e passo pelas pessoas até chegar à porta e finalmente sentir o ar calmo da rua.
— Lindsay? — uma voz familiar ecoa na rua silenciosa antes que eu pudesse entrar no meu prédio.
— Joseph? O que faz aqui? — viro-me, ficando de frente para ele.
— Vim te fazer companhia no seu horário de descanso, se você não se importar, é claro — ele se aproxima, e tenho que olhar para cima; ele deve ter pelo menos 1,90m de altura.
— Não, vamos subir — entramos na portaria e seguimos até o elevador em silêncio. — Quer um pouco? — ofereço a bebida rosa que Kelsea me deu, e ele aceita, tomando um gole.
— É bom. O que é? — ele pergunta, e fico sem resposta.
— Na verdade, não sei. A Kelsea só me entregou — chegamos ao terraço e fomos para o mesmo lugar onde nos conhecemos. — Então... você trabalha com o quê? — pergunto qualquer coisa para quebrar o silêncio.
— Eu... sou ator, mas faço trabalhos pequenos, curtas-metragens e esse tipo de coisa — ele diz, hesitante. — E você?
— Sou psicóloga. Trabalho em um hospital aqui perto — dou um gole na bebida e passo o copo para ele. — Me formei há pouco tempo.
— Se eu te convidar para um encontro, você aceitaria? — olho para ele, surpresa com a pergunta, sem saber o que responder.
— Nossa, acho que o álcool está fazendo efeito — brinco, nervosa. — A gente se viu só duas vezes na vida... acho que deveríamos nos conhecer melhor.
— E se não for um encontro? E se for um jantar de amigos? — ele se aproxima para me entregar o copo, e sinto um leve arrepio.
— Jantar de amigos... melhorou um pouco — respondo, ainda meio receosa. — Me passa seu Instagram, a gente pode ir conversando.
— Acho melhor você me passar seu telefone. Eu não tenho Instagram — olho para ele, surpresa, então guardo meu celular e digo meu número.
— Preciso voltar. Daqui a pouco a Kelsea vem atrás de mim — tomo o resto da bebida do copo. — Quer entrar junto e conhecer esse lugar incrível? — digo, sarcástica.
— Quero conhecer esse lugar incrível — ele responde, e descemos para o bar. Passamos pelas pessoas até chegar ao balcão onde Kelsea está.
— Cada dia aumentando mais seu descanso, dona Lind — Kelsea fala quando chego ao balcão, mas não percebe a presença de Joseph comigo.
— Kelsea, esse é o Joseph. Joseph, essa é a Kelsea — fico ao lado dela, e Joseph fica do outro lado do balcão.
— Ah... é um prazer conhecê-lo, Joseph — Kelsea tira a luva e aperta a mão dele. — Vou preparar um drink incrível para você, por conta da casa — ela diz, animada, e começa a fazer o drink.
Joseph olha para mim enquanto Kelsea mistura os ingredientes.
— Aqui está. Algo especial, porque você é especial — ela diz, piscando para mim.
Joseph dá um gole e sorri.
— Isso é ótimo. Obrigado, Kelsea.
— De nada. Agora vocês dois se comportem enquanto eu fecho aqui — Kelsea responde, dando uma piscadela antes de se afastar para arrumar o bar.
Nós dois ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas saboreando a companhia um do outro. É um silêncio confortável.
Quando Kelsea finalmente anuncia que está fechando, Joseph e eu nos levantamos para ir embora.
— Foi bom te ver de novo, Lindsay — ele diz, com um sorriso que faz meu coração disparar novamente.
— Igualmente, Joseph — respondo, tentando não parecer afetada.
Quando nos despedimos, ele se inclina e me dá um beijo no rosto, suave e inesperado. Fico ali, parada, sentindo o calor do toque dele na minha pele enquanto o vejo se afastar.
— Até mais — ele diz, antes de ir.
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𝙱𝚎𝚑𝚒𝚗𝚍 𝚃𝚑𝚎 𝚂𝚙𝚘𝚝𝚕𝚒𝚐𝚑𝚝 - 𝙳𝚛𝚎𝚠 𝚂𝚝𝚊𝚛𝚔𝚎𝚢
Romance𝘼𝙦𝙪𝙚𝙡𝙚 𝙚𝙢 𝙦𝙪𝙚, 𝐋𝐢𝐧𝐝𝐬𝐚𝐲, 𝐮𝐦𝐚 𝐩𝐬𝐢𝐜ó𝐥𝐨𝐠𝐚 𝐝𝐞𝐝𝐢𝐜𝐚𝐝𝐚, 𝐜𝐨𝐧𝐡𝐞𝐜𝐞 𝐉𝐨𝐬𝐞𝐩𝐡, 𝐮𝐦 𝐡𝐨𝐦𝐞𝐦 𝐞𝐧𝐜𝐚𝐧𝐭𝐚𝐝𝐨𝐫 𝐧𝐨 𝐭𝐞𝐫𝐫𝐚ç𝐨 𝐝𝐞 𝐬𝐮𝐚 𝐜𝐚𝐬𝐚. 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐥𝐚 𝐧ã𝐨 𝐬𝐚𝐛𝐞 é 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐥𝐞 𝐞𝐬𝐜𝐨�...