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Passei o dia todo tentando deixar o apartamento o mais organizado possível para receber Joe à noite. Cada almofada no sofá, cada livro na estante, parecia me olhar de volta, como se antecipassem algo importante.
Depois de um banho rápido, ainda me enrolando na toalha, ouço uma batida na porta. Joe já chegou.
— Só um minuto! — grito, correndo para o quarto.
Entro em pânico, vasculhando o quarto em busca de algo para vestir. Não tenho tempo para pensar em combinações. Pego a primeira roupa que vejo e a visto o mais rápido que posso. Ainda tentando domar o cabelo com a escova, corro para a porta.
Abro-a, e lá está ele, com aquele sorriso tranquilo que sempre me desmonta.
— Desculpa a demora, acabei de sair do banho — digo, ainda um pouco ofegante.
— Não me importo de esperar por você — ele responde, a voz baixa e envolvente.
Joe dá um passo à frente, e ao invés do habitual beijo no rosto, ele me dá um selinho. Algo naquele toque desperta algo em mim, e antes que eu possa pensar, estou aprofundando o beijo. As mãos dele envolvem minha cintura, e em um movimento rápido, ele me empurra suavemente contra a porta, fechando-a atrás de nós.
Tudo o que importa é a sensação dos lábios dele nos meus, a forma como ele me puxa para mais perto, como se quisesse eliminar qualquer espaço entre nós.
— Ah... a pizza, né? — finalmente consigo murmurar, tentando me afastar, embora cada parte de mim queira o contrário.
— A pizza pode esperar um pouco, não acha? — Ele sussurra, os olhos brilhando com uma mistura de diversão e desejo.
Mas antes que eu possa responder, o interfone toca, avisando que a pizza chegou. A realidade me puxa de volta, e me arrasto, relutante, para me afastar dele completamente.
— Eu... eu vou pegar a pizza — digo, um pouco atordoada, tentando reorganizar meus pensamentos enquanto caminho até a porta.
Ele ri baixo, e eu sorrio, sabendo que esta noite está apenas começando.
— Pode deixar que eu pego — Ele se aproxima e me dá o beijo no rosto dessa vez.
Enquanto ele busca a pizza, pego duas taças e uma garrafa de vinho da geladeira. Arrumo tudo na mesa de centro da sala, me sento no tapete em frente à mesa, coloco uma música qualquer na TV e espero ele voltar.
Minutos depois, ouço a porta se abrir. Joe retorna com a pizza e um sorriso no rosto, como se estivesse trazendo algo muito mais importante que apenas comida. Ele se junta a mim no tapete, colocando a caixa de pizza na mesa.
— Aqui está — ele diz, acomodando-se ao meu lado.
Eu sirvo as taças e começamos a comer em silêncio. Enquanto mastigo, tento reunir coragem para iniciar o assunto que estava martelando na minha mente.
— Então, acho que você ainda não me disse o que vai fazer nessa viagem — finalmente começo, a voz saindo mais hesitante do que planejei. — É a trabalho?
Joe para de comer por um momento, e posso ver que ele escolhe bem as palavras antes de responder.
— É, eu vou fazer uma série lá... — ele faz uma pausa, que me soa estranha. — Algo pequeno, só um coadjuvante.
— Entendi — resolvo não insistir no assunto ao notar como ele ficou desconfortável. — Me fala mais sobre você, seu sobrenome, sua família.
— Prazer, meu nome é Joseph Starkey — ele brinca, seguindo o meu interrogatório. — Nasci na Carolina do Norte, tenho três irmãos, Brooke, Logan e Mackayla — Ele toma um gole de vinho. — Pode perguntar qualquer coisa, mas quero saber de você também.
— Prazer, sou Lindsay Brooken, nasci em San Diego e sou filha única — respondo, imitando seu tom brincalhão.
Confesso que me sinto um pouco mais à vontade agora, mesmo que ele ainda se mostre evasivo quando o assunto é seu trabalho.
— Não queria que você fosse — digo sem pensar, e logo depois me arrependo. — Desculpa, não deveria ter falado isso.
— Eu vou voltar sempre que puder só pra te ver — Ele diz, olhando diretamente nos meus olhos. — Se eu ganhar uma hospedagem, claro — Ele brinca, se aproximando um pouco mais.
— Hospedagem? Você não tem uma casa aqui? — pergunto, dando outro gole no vinho.
— Tenho, mas quanto mais tempo eu passar com você, melhor — Ele coloca a mão suavemente no meu rosto.
— Quem sabe não arrumo um cantinho pra você — digo, dando duas batidinhas no sofá.
De repente, sem aviso, ele puxa meu rosto mais perto e me beija. O toque é firme, e o calor da mão dele contra meu rosto faz meu coração disparar. Por um momento, me perco no beijo, na intensidade com que ele me segura, como se quisesse me devorar por completo.
Mas então, a realidade me atinge, e por mais que meu corpo queira continuar, sei que preciso desacelerar as coisas.
— Espera — sussurro, afastando-me ligeiramente, os lábios ainda roçando nos dele.
Ele para imediatamente, os olhos fixos nos meus, uma mistura de surpresa e algo mais que não consigo decifrar. Meu coração ainda está batendo rápido, e posso ver que ele está lutando para se controlar também.
— Que tal a gente assistir a um filme? — sugiro, tentando recuperar o controle da situação.
Ele sorri, um sorriso suave e compreensivo, e assente.
— Claro, o que você quiser.
Levanto-me e vou até a estante, escolhendo um filme enquanto respiro fundo, tentando acalmar a tempestade de emoções que ele causou em mim. Escolho algo leve, que possa nos distrair, mas também nos permitir relaxar.
Coloco o filme e me sento no sofá. Joe se ajeita ao meu lado, passando o braço ao redor dos meus ombros. Meu corpo se encaixa naturalmente ao dele, e enquanto o filme começa, percebo que estou cada vez mais confortável, mais tranquila.
A cada cena que passa, sinto meus olhos ficando pesados. O conforto da presença de Joe, o calor do corpo dele ao meu lado, e a paz do momento me envolvem. Luto para manter os olhos abertos, mas a batalha é perdida quando o sono finalmente me vence.
