22. A Sobrevivente do Bone Picker

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Alguns meses passaram desde o dia em que desmaiei na rua em Quebec, diante de Joon-Ho

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Alguns meses passaram desde o dia em que desmaiei na rua em Quebec, diante de Joon-Ho. Fui levada pro hospital enquanto Marie alertava a polícia sobre Fritz, e com isso, fui obrigada a permanecer internada por dias, tomando soro na veia e me recuperando do sequestro. Não que fosse um sequestro convencional ... Porque, apesar de todas as torturas psicológicas, eu fui relativamente bem tratada, levando em consideração que o raptor era um serial killer.

Porém, na visão dos médicos e de Marie,
precisava me recuperar por completo antes de sair do hospital e voltar pra casa. Eu poderia dizer que esses foram meus piores dias, por incrível que pareça, foram piores do que ficar presa na casa de Fritz. Era lamentável e excruciante ter noção que minha vida voltaria ao normal, que fui afastada de Fritz, e que eu não fazia ideia onde ele estava.

Eu sei, devia estar grata. Devia estar feliz e aliviada... Nossa, que ótimo, a garota sequestrada pelo The Bone Picker sobreviveu, ela é uma guerreira. Não.

Me sentia pior que antes. Me sentia em constante queda, porque estava emocionalmente ligada ao meu sequestrador em um nível maior do que imaginava, e acordar com a certeza que ele não estava lá, me olhando dormir, e que não me ofereceria o café da manhã, e que não viria pra cima de mim com sua feição de predador para me provocar, acabava comigo.

Ao receber alta e voltar para Pittsburgh, enfrentei o retorno para a vida real. Isso incluía a escola e meus pais. Recebi o abraço emocionado e desesperado de minha mãe, e retribui com o coração destroçado. Quanto ao meu pai, me abraçou do jeito dele, frio e duro, e eu não retribui.

Voltar para meu mundo era doloroso. Não sabia o que acontecia comigo. Talvez fosse estresse pós traumático ou só minha sanidade que desapareceu após tantos acontecimentos bizarros.

As idas e vindas para a delegacia me cansavam, eu tinha que relatar e reviver tudo o que passei com o Fritz. Tive medo de ser condenada por tirar a vida de Lorena, mas as autoridades disseram que eu era uma vítima, também.

Voltei a postar vídeos no meu canal, que agora era excepcionalmente famoso; e nem meu pai nem ninguém ousaria derrubá-lo de novo. Porém, não podia falar de Fritz. A polícia me alertou que, por ser um caso em aberto, eu não devia contar minhas experiências com ele. Então fiz vídeos sobre outros casos criminais, e tratei de ignorar os comentários dos inscritos implorando por meus relatos sobre The Bone Picker.

Quanto à escola, chegava a ser insuportável. Não somente por eu ser a sobrevivente de um serial killer, que só não me matou porque não quis; mas também por eu ter presenciado a morte de Oliver e ter realizado a morte de Lorena. Ninguém tinha coragem de mexer comigo, o bullying acabou por inteiro. O mais surpreendente era que, eu via o medo nos olhos dos alunos. Um dia, fui no banheiro e Maggie, melhor amiga de Lorena, estava lá. Ela saiu correndo e chorando, desesperada de pavor.

SERÁ RETIRADO 10/12Onde histórias criam vida. Descubra agora