Seonghwa estava feliz e satisfeito em sua lua de mel e ter de sair dela mais cedo do que o esperado não lhe agradava em nada, porém com a mensagem que recebeu da Papisa de uma reunião emergencial com todos os regentes, sem exceção, ele sabia que não havia como recusar.
O assunto parecia bem sério.
E agora, ali, diante da mesa redonda dentro de sua pirâmide, ele soube que não era só um assunto emergencial, era um assunto prioritário.
A sua frente havia um grande holograma e nele seus amigos e demais regentes estavam conectados, enquanto seus irmãos se sentavam em torno da mesa redonda junto a papisa que voltava a dizer em tom sério:
— Essa humana não é a destinada de vocês, ainda assim se entrelaçaram a ela... O que farão quando seus verdadeiros noivos surgirem?
— Vamos declinar, é claro.
Jay respondeu firme e Seonghwa quis bater na testa. Os irmãos de Jay sempre foram intrépidos e corajosos, mas faltava juízo, ele sabia bem, de todo modo agora eles trouxeram uma humana sem autorização e se casaram com ela às escondidas. Ela aceitou bem toda a situação e pelo que a Papisa informou já cuidava dos órfãos que tinham se tornado o grande problema dos regentes do Sul. Ainda assim... Ela era uma substituta, não era os laços traçados pelas estrelas e profetizado pela Papisa e isso parecia um grande problema ali.
A Papisa lhe olhou e então disse de forma menos fria:
— Rapazes, as vezes a paixão nos cega e quando o encanto terminar, vocês machucarão a si mesmos e a ela, já pensaram sobre isso?
— Amor pode ser nutrido, Papisa, e nós iremos nutri-lo.
Quem respondeu dessa vez foi Jake e que tinha um tom de quem não discutiria mais o assunto. Ele assumia o erro, mas não o resultado. Eles queriam a mulher e ficariam com ela.
— E vocês, regentes do Leste, acobertaram tudo até agora, por quê?
— Acreditamos no julgamento deles, Papisa. Se eles queriam a esposa, por que não tentar?
Arthur respondeu, a Papisa desviou os olhos e Seonghwa suspirou baixo. Os irmãos de Jay e os irmãos de Arthur sempre foram muitos próximos, amigos fiéis e chegaram a compartilhar amantes. Quem ele seria para julgá-los? Aqueles homens lutaram ao seu lado nas piores condições e nunca recuaram, eles eram seus amigos também e ele resolveu ajudá-los agora.
— Eu os apoio, Papisa. Se fizerem dar certo, então certo estará.
Disse e todos os amigos conectados a ele de forma online pelo holograma o encaram chocados e ele quase riu. Talvez eles tivessem razão e em outros tempos ele não aceitaria aquela transgressão de modo tão fácil, mas conviver com seus noivos o tinha ajudado a ver outros ângulos e perspectivas e sim, como Jake pontuou, o amor pode ser nutrido e regado.
Ele aprendia isso com seus noivos agora.
Ele via aquilo todos os dias desde de começou a sua lua de mel, de início eles estavam reticentes e com razão, mas com o passar dos dias eles se conheceram melhor, não só na cama mas principalmente fora dela, ele passou a entender e amar cada nuance, diferenças e similaridades de cada um dos quatro e percebeu que podia se apaixonar por cada coisa e de formas diferentes: Hueningkai era doce e inocente, Beomgyu era reflexivo e incrédulo, mas completamente apaixonado quando confiava, Yeonjun era desconfiado e ao mesmo tempo aventureiro, ele não tinha medos de explorar o desconhecido mas temia coisas simples que várias vezes o encantou, já Soobin era maduro e fiel, e o enchia de orgulho todos os dias.
Ele agora era um homem casado e sentia no âmago a urgência de proteger e amar seus esposos, e via o mesmo desejo e anseio nos olhos de Jay e seus irmãos. Por isso queria dar uma chance, pois se o amor pode ser nutrido mesmo com uma pessoa que não é a destinada, não funcionaria? Eles não podiam ser felizes?
— Então você os apoiará?
— Sim.
Disse firme diante do olhar indecifrável da mulher que retinha a magia antiga de seu mundo e que protegeu por anos para que eles pudessem libertar o próprio mundo.
Por fim daquele longo olhar ela assentiu e saiu da pirâmide sem dizer mais nada, fazendo os amigos expressarem tensão e alívio depois que a porta se fechou.
— Acho que ela nunca foi contrariada dessa forma... Devemos nos preocupar?
Hongjoong expôs seus pensamentos, mas foi Dann quem respondeu:
— Um dia aconteceria, liderar também é rebater com opiniões diversas, não é mesmo?
Seonghwa sorriu e assentiu. Sim, ele concordava com aquilo, foi assim que fizeram nos últimos anos e continuou dando certo para todas as quatro regências.
— Então, terminamos?
Changbin perguntou e eles concordaram que sim, sobre aquele assunto estava feito. Então acertaram os detalhes da próxima reunião presencial que teriam e eles desconectaram fazendo ele olhar por fim aos seus irmãos:
— E então, voltaremos para as montanhas ou ficamos aqui?
— Todos já viemos, melhor ficar os últimos dias aqui mesmo.
Yunho disse e os demais acataram. Seonghwa sorriu, queria voltar para a cama e para os braços dos noivos rapidamente, os assuntos da regência podiam esperar um pouco mais.
Soobin recordou da visão súbita de semanas atrás quando viu Beo vomitar ao sentir cheiro de carne assada na mesa do café da manhã. Eles tinham voltado de madrugada para a pirâmide devido a uma emergência de trabalho dos seus maridos e agora estava ali com seus irmãos enquanto os maridos se reuniam junto da papisa para uma reunião a portas fechadas.
Soo não estava muito preocupado com o assunto porque imaginava que cuidar de um planeta todo daria bastante trabalho, por isso achou a ideia de Yesung deles tomarem café da manhã enquanto isso e depois relaxarem na torre ótima, até que Beo começou a passar mal.
June e August ajudaram seu irmão a voltar para a cama junto de Kai e ele ficou ali na mesa com Yeo que depois de limpar a bagunça voltou a se sentar ao seu lado e a franzir o cenho:
— Beo não tem estômago fraco, o que será que houve?
Foi então que as lembranças voltaram fortes e Soo resolveu se abrir com o irmão, por algum motivo ele achava que as duas coisas estavam interligadas:
— No dia em que eu assinei nosso contrato de casamento com nossos maridos, Yeonjun, eu toquei o livro sagrado deles e tive uma visão. Nessa visão eu via uma garotinha que era o espelho do Beo me chamando de papai e me perguntando se eu não iria passear com ela. Eu senti naquela hora... Bem, eu ignorei o que senti, mas a verdade era que eu sabia que ela era nossa filha, filha biológica do Beo. Mas... eu sei que é impossível um homem engravidar então meio que ignorei tudo aquilo, até agora.
— V-você... Você acha que...?
Yeonjun não conseguiu terminar a frase e nem precisava, Soo olhou para uma das janelas do salão e assentiu:
— Pode parecer insanidade, Yeonjun. Mas é o que eu senti naquele momento e o que desconfio agora; pense bem, passamos por um portal aquático, estamos em um mundo alienígena falando a língua deles por magia, não sei como foi para você, mas eu simplesmente senti que nossas núpcias não foram simples ou comuns, eu... Não seu explicar. Só sinto.
— Você acha que eles sabem dessa possibilidade, quer dizer... Será que é possível e nossos homens sabem?
Soobin negou lentamente:
— Eu não sei, mas não tenho dúvida alguma de que eles nos amam e que jamais nos prejudicariam, talvez seja uma lenda desse mundo ou algo inédito, porém... Eu sinto que Beo está gravido, mas não sei como explicar, ou perguntar, ou mesmo descobrir sobre isso. Eu vi naquele dia, Yeo, eu sei o que vi.
— Isso é loucura...!
Seu irmão disse nervoso e Soo suspirou. Sim, era uma loucura...
Como era possível!? E quantos outros mistérios aquele mundo ainda teria para eles?
Continua...
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Contrato indissolúvel
RomansaOnde oito irmãos compram cinco noivos para um casamento às pressas. Não há volta desse contrato, mas os jovens noivos vão dar conta de tudo o que será exigido deles agora?