O esplendorosamente belo ser de baixa estatura se levanta e o esvoaçante sobretudo de couro escuro como o ébano, semelhante ao restante das vestes dele, balança nos ares. Ele caminha em direção aos jovens e ergue seus olhos azuis, tão claros quanto sua rosada pele alva e cabelos loiros, quase brancos, que estão amarrados em um rabo-de-cavalo.
- Não temas - diz a suave voz de Azrael, e Zakhar fita o seu olhar admirado nele - Eu sou um aliado.
- Você o conhece? - pergunta Maximus, ao Vulcano.
- Desde hoje de manhã - o seu irmão não retira os olhos questionadores dele - Eu não sou tão irresponsável quanto está aparentando, ele é um anjo, por isso, permiti que se aproximasse de mim.
- Anjo? - cruza os braços.
- Eu não acreditei antes de contemplar, com os meus próprios olhos, as provas. E imagino que o Zakhar percebeu quando o viu, somente isso justificaria a cara de tonto que ele está agora - e dirige a sua atenção para Azrael, sendo acompanhado por Maximus.
A aparência humana do anjo se desfaz, revelando uma forma indecifrável aos olhos mortais, restando apenas distantes comparações para descrevê-la. Vulcano, permanecendo sério e sem se surpreender, desvia a atenção para seu irmão, que está com os olhos arregalados.
- Posso tocar!? Posso tocar!? - diz Zakhar, com o olhar reluzente como o de uma criança que recentemente descobriu a existência do mundo.
Azrael aproxima uma de suas asas ao padre, que estende a mão até ela. A gélida sensação emanada pela presença angelical parece desejar congelar os ossos de Zakhar, entretanto, nenhum desconforto provém dela. Ao satisfazer a curiosidade do jovem, Azrael retorna à forma humana.
- Caramba! - exclama um homem de altura extraordinária, ultrapassando até o Vulcano, que possui quase dois metros.
A atenção dos jovens é atraída pelo imperador dos olhos flamejantes e curtos cabelos lisos de tonalidade semelhante à de vorazes chamas, adornados por uma dourada coroa de louros banhada pela luz da estrela Calvera, e que veste uma esvoaçante longa túnica branca de manga longa com um cinto de tonalidade semelhante ao ouro escondido em uma caverna profunda.
- Desde quando o senhor está aqui?
- Desde quando você falou para o Maximus que o... loirinho ali é um anjo. Eu não desejava interrompê-los.
- Eu sou o Azrael - diz, ao lembrar-se que não sabem o seu nome.
- Azrael? O anjo da morte? Ih, então eu estou ferrado, serei morto por consequência de meus pecados.
- Eu não estou aqui pelo senhor, entretanto, não pense que, por isso, possui muito tempo para corrigir seus erros.
Um efêmero silêncio soturno domina o ambiente, todavia, é quebrado por Magnus.
- Eu vim avisar que uma terráquea maluca invadiu o palácio, dizendo ser namorada do Vulcano - se joga no sofá.
- A Raven!?
- Você namora escondido de mim!?
- Essa terráquea que invadiu o palácio era branca; tinha cabelos lisos, escuros, de comprimento médio e sem franja; olhos verdes-escuros; por volta de um metro e setenta; mais ou menos vinte e cinco anos e provavelmente vestia uma armadura tecnológica?
- Você a descreveu direitinho.
- Onde ela está!?
- Nas masmorras.
Vulcano corre em direção ao andar subterrâneo do palácio, sendo seguido pelos jovens e pelo anjo, até atravessar uma porta oculta em uma das paredes. Os degraus esculpidos em pedra, que culminam no destino deles, se estreitam a cada passo desferido e o impetuoso domínio das sombras turvam a visão dos jovens, que prosseguem cautelosos.
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O Julgamento do Carrasco
Mystery / ThrillerA remanescente chama de bondade se apagou no coração dos depravados terráqueos e o Ankou tomou a responsabilidade de executar a sentença merecida pela perversa espécie humana. Ninguém escapava de seu juízo e ele também não escapou do julgamento de s...