Capítulo VII - Sombras de um antigo romance

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Os quase inexistentes raios luminosos da Próxima Centauri insistem na tola tentativa de trazer luz à Págoma, o planeta que seus cidadãos sempre acendem as lâmpadas mais reluzentes das ruas para anunciar a chegada da manhã, declarando o fracasso da estrela em iluminar um planeta distante dela.

A luz atravessa as imensas janelas de cristais azulados do salão principal do palácio, onde a rainha se encontra sentada em seu glorioso trono que aparenta ter sido esculpido em estacas de gelo. Os olhos sonolentos de Helene são serenos e eles quase se fecham antes de se arregalaram.

A rainha se levanta e corre em direção ao homem que se teletransportou ao extenso tapete azul que culmina diante do trono. Seu esperançoso olhar reluzente encontra-se com o de Magnus, que contempla a formosa beleza de sua esposa como ela admira a dele; não é como se eles estivessem em seus melhores dias, o cansaço provindo de uma noite sem descanso domina Helene e sangue cobre a armadura de Magnus, entretanto, nada disso importa.

— Algum problema com o Império Flammae? — diz, com a esperança desvanecendo de suas feições.

— Isso não vem ao caso, tanto faz o que acontece lá ou não.

— O que?

— Que?

— Não veio à Págoma por motivos políticos? — a esperança, que ela tentava conter, retorna a reluzir em seu olhar.

— Não — um leve rubor cobre a sua face — Eh.. Eu não sei como dizer... vim aqui por você.

Helene se aproxima de Magnus e ergue o seu rosto para permanecer com o contato visual. Eles sentem a respiração um do outro e o silêncio domina por um instante.

— Não há rancor em seu coração porque eu te abandonei por todos esses anos?

— A indomável paixão que eu tenho por você se recusou a deixar de existir. Não é como se eu comandasse algo.

Magnus toca o rosto de Helene e se aproxima dela, a beijando.

— Perdoe-me, eu não posso te perder, independentemente das circunstâncias… — ele a segura, em um abraço.

— Como você se feriu? — ela toca no sangue que escorre do rosto do Magnus.

— Não foi nada.

— O Zakhar me disse que houve o ataque de um de seus generais poucas horas atrás.

— Isso já foi resolvido, o general foi preso e a revolta contida.

— Por que eu sinto que você deseja contar algo e não sabe como dizer?

— Eu acabei de ter o dia mais estranho da minha vida! — ele se afasta um pouco de Helene, gesticulando exageradamente enquanto se expressa.

— O que aconteceu?

— Indo para a parte que realmente importa, pulando o fato de que eu descobri que o Vulcano namora quando a namorada dele saiu da Terra e invadiu o meu palácio para saber se ele estava bem, eu encontrei um anjo. Ele me avisou que eu possuo pouco tempo para consertar meus erros, então eu comecei pelo mais importante. Eu havia trocado você pelo meu império, agora, troco meu império por você. Tanto faz se meu trono ficou vulnerável com minha saída inoportuna logo após uma tentativa de golpe de Estado, eu somente desejo você e mais nada — fala freneticamente, quase errando as palavras.

— Você possui noção do quão desastroso seria se o trono do Império Flammae caísse nas mãos erradas!? Nada de bom pode originar de um usurpador!

— Minhas mãos também não são as certas.

— Eu irei com você à Roma! — e segura no braço do Magnus.

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