Silêncio e Lágrimas

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Pov Karina

Acordei com o peso do mundo nos ombros. Ainda sentia o resquício da tristeza da noite anterior, como se uma nuvem negra pairasse sobre mim, me lembrando do quanto eu sou fraca por não conseguir controlar o que sinto. Meus pensamentos estavam inundados de imagens de Winter. Cada golpe que ela dava no treino, cada movimento calculado, sua expressão concentrada... Ela era perfeita, mas essa perfeição me causava uma bagunça interna. Como eu poderia permitir que alguém mexesse tanto comigo? Eu, Yu Jimin, sempre tão controlada, tão impecável... E agora, totalmente à mercê de uma garota que eu fingo odiar.

Levantei e fui direto para a cozinha. Minha mãe já estava tomando café. Sentei-me à mesa, mexendo no meu cereal com uma colher, perdida nos meus próprios pensamentos.

— Karina, você está bem? Parece distante — minha mãe perguntou, notando minha hesitação.

Olhei para ela, minha mente fervilhando com uma pergunta que estava presa na minha garganta. Respirei fundo e, sem encará-la, soltei:

— Mãe, o que você acha sobre pessoas que... se relacionam com outras do mesmo sexo? —

Minha mãe quase se engasgou com o café. O silêncio que se seguiu foi sufocante, e eu quase me arrependi de ter perguntado. Ela limpou a garganta e respondeu:

— Não tenho nada contra. Mas tenho medo de como a sociedade trata essas pessoas. A verdade é que... eu não quero que minha filha passe por isso. Ser diferente em uma sociedade como a nossa... é difícil. —

Fiquei em silêncio, meus olhos fixos no cereal. Meu coração apertou. Havia uma parte de mim que queria gritar, dizer que eu estava confusa, que não sabia o que fazer com esses sentimentos. Mas a outra parte, aquela que sempre buscava a perfeição e a aceitação, permaneceu firme. — Não... não tenho mais nada para dizer — murmurei, terminando o café rapidamente.

Levantei-me, sem olhar para ela, e fui direto para a escola. A sensação de desconforto no peito continuava, um misto de medo e vergonha, como se eu estivesse me sufocando em meus próprios sentimentos.

Cheguei à escola e encontrei Ningning na frente dos armários, já me esperando. Estávamos conversando trivialidades quando Winter e Giselle passaram. Era como se uma força invisível me empurrasse para fazer algo. Antes que eu pudesse evitar, soltei:

— Nossa, Winter, será que já ouviu falar de banho? O cheiro aqui ficou horrível. —

Winter parou de andar, virou-se lentamente e veio até mim. Eu senti que meu corpo congelou à medida que ela se aproximava, seu rosto ficando cada vez mais perto do meu. Meu coração começou a bater descompassado, o ar ao meu redor parecia rarefeito.

—  Tem certeza de que sou eu quem está fedendo? — ela disse, com um sussurro cheio de calma, mas seus olhos me desafiavam.

O pânico começou a tomar conta de mim. Senti meu peito apertar, minha respiração ficando mais rápida. Ela estava tão perto que eu podia sentir o calor de sua pele, e isso só tornava tudo pior. Não era apenas o medo de ser descoberta, mas a proximidade, o toque... tudo isso mexia comigo de uma forma que eu não conseguia controlar.

Minha visão começou a embaçar, meu corpo tremia levemente. Ningning e Giselle estavam ao meu lado, e tudo o que ouvi foi Ningning perguntando, preocupada:

Karina, você está bem? —

Eu não conseguia responder. Era como se o mundo ao meu redor estivesse desmoronando. A vergonha de estar tão vulnerável me corroía por dentro, e as emoções que reprimia com tanto esforço transbordavam.

Between Love and Hate - Winrina Onde histórias criam vida. Descubra agora