O interior da ruína era claustrofóbico, com paredes apertadas e um teto baixo que fazia o som dos passos ecoar como batidas surdas. Aurelia e Serena avançavam com cautela, suas tochas iluminando as antigas marcas nas pedras que pareciam contar histórias esquecidas pelo tempo. A umidade no ar aumentava à medida que se aprofundavam, e o cheiro de mofo era cada vez mais forte.- Essas ruínas são mais antigas do que qualquer coisa que já vi,
comentou Serena, sua voz um sussurro, quase como se não quisesse perturbar o silêncio místico do lugar.
Aurelia, estudando as inscrições gravadas na pedra, parou e tocou a superfície fria com a ponta dos dedos.
- Olhe para isso,
disse ela, acenando para Serena se aproximar.
- Esses símbolos... eles falam sobre uma magia esquecida, um poder oculto que protege este lugar. Pode ser uma pista sobre o Refúgio das Sombras.
Serena observou de perto, franzindo a testa.
- Acha que este é o caminho para o Refúgio?
Aurelia assentiu, embora com hesitação.
- Se não for, certamente estamos mais perto de descobrir algo importante. Sinto que esta estrutura guarda mais do que está à vista.
Enquanto avançavam pelos corredores apertados, o chão sob os pés começou a vibrar levemente, um tremor quase imperceptível. Serena parou de repente, colocando a mão no ombro de Aurelia.
- Você sentiu isso?
Serena perguntou, seus olhos arregalados.
Aurelia franziu a testa e olhou ao redor.
- Sim, algo está acontecendo. Pode ser uma armadilha, ou...
Antes que pudesse terminar, uma luz fraca começou a emergir das paredes, como se os próprios símbolos gravados nas pedras tivessem sido ativados. A luz oscilava em tons de azul e prata, criando sombras dançantes ao redor delas. O ar parecia se carregar com uma energia antiga, e o som de sussurros distantes ecoava ao redor.
Serena deu um passo para trás, seus olhos fixos nos símbolos agora brilhantes.
- O que é isso? Está... está acordando algo.
Aurelia segurou a mão da irmã, apertando-a com força.
- Seja o que for, precisamos estar preparadas.
Ela olhou em volta, seus olhos buscando uma saída ou alguma pista sobre o que estava prestes a acontecer.
- Vamos manter a calma. Temos que entender o que esses símbolos estão tentando nos dizer.
De repente, uma parede à frente começou a se mover lentamente, revelando uma passagem oculta. Aurelia deu um passo à frente, sua curiosidade superando qualquer medo que pudesse sentir. A passagem levava a uma câmara maior, onde uma fonte brilhante de luz pulsava no centro, suspensa sobre um altar de pedra. A energia que emanava da luz era palpável, quase como se estivesse viva.
- Isso é... um fragmento do Refúgio?
Serena perguntou, fascinada, mas cautelosa.
Aurelia caminhou lentamente em direção ao altar, sentindo a força invisível ao seu redor.
- Pode ser. Talvez seja uma chave, um caminho que nos levará até lá.
Ela parou a poucos passos do altar e olhou para a luz flutuante.
- Mas também pode ser algo perigoso.
Serena, mantendo distância, olhou em volta, observando as paredes da câmara que também estavam cobertas por símbolos.
- E se for uma armadilha? Um teste para provar que somos dignas?
Aurelia ponderou por um momento, sentindo o peso da responsabilidade.
- Temos que arriscar. Se não fizermos nada, nunca encontraremos o Refúgio, e nosso reino permanecerá em perigo.
Ela estendeu a mão em direção à luz, seus dedos quase tocando a energia pulsante. No momento em que seus dedos fizeram contato, um jorro de luz explodiu ao redor da sala, preenchendo a câmara com uma força tão intensa que Serena foi lançada para trás. Aurelia sentiu a energia percorrer seu corpo, como se estivesse sendo transportada para outro lugar, sua mente invadida por imagens e sensações que ela não conseguia compreender.
Serena se levantou com dificuldade, seus olhos arregalados de choque.
- Aurelia! O que está acontecendo?
Aurelia, envolta pela luz, tentou responder, mas sua voz parecia distante, como se estivesse presa em outro plano.
- Eu... eu não sei...
As imagens em sua mente ficaram mais claras. Ela viu florestas densas, montanhas cobertas por névoa, e no centro de tudo, uma fortaleza cercada por sombras — o Refúgio das Sombras. Ela sentiu que estava mais perto do que nunca, mas algo estava bloqueando seu caminho. Uma presença antiga, um guardião do poder escondido ali.
Quando a luz finalmente começou a se dissipar, Aurelia caiu de joelhos, ofegante, com suor escorrendo pela testa. Serena correu até ela, segurando seu braço.
- Você está bem? O que aconteceu?
Serena perguntou, preocupada.
Aurelia olhou para a irmã com olhos arregalados, ainda processando o que havia visto.
- Eu... vi o Refúgio. Está escondido, protegido por uma força antiga. E agora eu sei onde devemos ir.
Serena franziu o cenho.
- Mas isso é bom, certo? Sabemos para onde estamos indo.
Aurelia balançou a cabeça, ainda atordoada.
- Sim, mas não será fácil. O Refúgio está protegido por algo... ou alguém. Um guardião que não permitirá que qualquer um se aproxime. Precisamos nos preparar, Serena. Estamos prestes a enfrentar algo muito maior do que imaginávamos.
Serena apertou a mão da irmã, sua expressão firme.
- Então vamos nos preparar. Não importa o que for, estamos nisso juntas.
Aurelia assentiu, levantando-se lentamente.
- Vamos sair daqui. Temos uma jornada longa à nossa frente.
As duas irmãs, agora mais cientes do que estava em jogo, saíram da câmara, determinadas a seguir o caminho para o Refúgio das Sombras. O destino de seu reino dependia do sucesso de sua missão, e o verdadeiro desafio estava apenas começando.