Após presenciar um evento traumático, Christopher Bang, um co-produtor e compositor de 26 anos, luta contra uma angustiante insônia. Uma vez que sua condição passa a atrapalhar sua carreira profissional, ele é aconselhado a procurar terapia, em busc...
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8:00 PM
O dia terminava com um céu cinzento, e a leve garoa de outono parecia simbolizar os sentimentos conflitantes que habitavam Kim Seungmin. As gotas cristalinas de água caíam sobre o guarda-chuva preto em sua mão, enquanto o jovem notava as folhas amareladas e laranjas dançarem suavemente ao vento fresco, criando um cenário melancólico, mas ao mesmo tempo bonito. Contudo, a bela visão que presenciava não era suficiente para cessar o misto de nervosismo e expectativa que sentia conforme se aproximava do consultório terapêutico.
A cada passo, a imaginação sobre como seria a sessão tornava-se mais presente, e seus pensamentos eram tomados por inúmeros questionamentos e incertezas à medida que a porta do local se tornava mais visível. "E se eu não conseguir explicar como me sinto? E se ele finalmente achar que sou um caso perdido e resolve desistir de me ajudar?" Esses questionamentos não eram novos para ele. Seungmin sempre se pegava verbalizando suas ansiedades e medos. Mas de alguma forma, havia algo de diferente naquela noite; a atmosfera calma da chuva parecia convidativa, quase reconfortante.
Ele parou em frente ao consultório e respirou fundo, sentindo o ar fresco e úmido preencher seus pulmões. Por fim, fechou o guarda-chuva, ajustou a gola de seu casaco, apertou bem a maleta que carregava em sua mão esquerda e, hesitantemente, empurrou a porta.
O som suave de uma campainha anunciou sua entrada, chamando a atenção da recepcionista, que o recebeu com um sorriso gentil, já familiarizada com seu rosto e o par de luvas descartáveis que sempre se faziam presentes em suas mãos.
Seungmin seguiu até o canto da sala, retirando da bolsa um pequeno frasco de desinfetante e respingando o produto incontáveis vezes sobre a poltrona branca até dar-se por satisfeito. Não é que estivesse de fato suja, mas para um misofóbico como ele, todo cuidado era pouco na hora de frequentar lugares públicos.
Sentou-se cuidadosamente no local que havia sido desinfetado, evitando tocar em qualquer coisa fora de sua zona segura. Apenas então ele percebeu um olhar curioso sobre si, fazendo-o revirar os olhos em resposta. Já estava acostumado com olhares críticos que julgavam suas ações como exageradas; no entanto, isso ainda trazia sentimentos de angústia que ele preferia evitar.
Tirou seu smartphone do bolso do casaco azul-marinho que tanto gostava, buscando uma distração enquanto aguardava ser chamado pelo terapeuta. Mas para sua infelicidade, o rapaz que antes o encarava, se levantou de seu lugar e sentou-se duas cadeiras mais perto, provocando uma leve inquietação em Seungmin. Respirou fundo, frustrado com a aproximação do desconhecido, que parecia alheio à expressão de aversão no rosto de Kim.
─ Você é bem meticuloso com limpeza, não é? ─ comentou o estranho, um sorriso revelando suas covinhas enquanto tentava iniciar uma conversa.
Surpreso com a interação repentina, Kim levantou o olhar e analisou o outro cuidadosamente. O jovem tinha uma aparência desleixada: cabelos despenteados, postura indiferente, vestindo um moletom preto há muito tempo usado e calças que, embora confortáveis, não eram das mais adequadas para a ocasião. Mas o que mais o incomodava eram os malditos all-stars sujos, cujo dono claramente não se importava em limpar.
