"Se o mundo acabasse
Qual seria o seu último café da manhã?
Seus amigos da ponta dos dedos
Seus amores do fundo do peito
Contaria os seus maiores segredos?
Cantaria ou ficaria mudo?"
— Um Minuto, Melim
P.o.v. João
A ansiedade me acordou as cinco da manhã e não me deixou mais dormir.
Era sempre assim, quando a insônia não chegava a tempo de afugentar, ela mandava sua irmã, sempre no instante em que o primeiro raio de sol brilhava no céu.
Rolei na cama tentando por tudo voltar a pegar no sono, sem qualquer sucesso, pelo que pareceu uma eternidade.
Quando mirei as horas, ainda eram seis e meia.
Levantei, levei os olhos ao meu maço de cigarros, mas me contive, não adiantaria, eu sabia exatamente o que poderia afastar a ansiedade naquela manha.
Peguei meu celular e, a contragosto, procurei pela academia mais próxima.
Eu não era o tipo de pessoa que amava ir pra academia, mas aprendi que a única coisa capaz de aplacar minha ansiedade, pelo menos um pouco, era exercício físico, talvez a dor dos meus músculos distraísse meu cérebro o suficiente pra que eu não precisasse recorrer a mais fumaça toxica durante o dia.
Tentei comer alguma coisa, cafés da manhã de hotel são o meu fraco, mas não tive apetite pra nada, comi duas frutas e metade de um pão de queijo e torci pra que fosse o suficiente pra que eu não desmaiasse na academia.
Paguei apenas a diária, eu nunca assinava planos de academia porque nunca ficava mais de um mês no mesmo lugar.
Consequências de não ter uma casa.
Quando voltei pra casa, me sentia mais dolorido que o de costume, reflexo das últimas duas semanas que eu não fiz qualquer atividade física e ainda fumei mais do que em toda a minha vida.
Tomei um banho gelado, outra coisa que sou completamente cético e acho que quem diz que faz bem é algum tipo de coach que vai tentar de vender um curso de cimo ficar milionário em sete dias, mas não consegui colocar a água do chuveiro no quente ontem a noite, esses chuveiros cheios de botões são complicados.
Depois do banho, olhei de novo para o relógio, me sentindo relativamente mais calmo, ainda eram dez da manhã.
Jão: — E esse tempo que não passa? — Reclamei.
Que horas eu deveria chegar lá? Bem, na hora do almoço, obviamente, mas será que ela ainda almoça cedo igual quando morávamos no interior?
Lembrava-me bem que na nossa casa era comum comermos meio-dia em ponto, ou antes, disso, mas provavelmente aqui ela não deve almoçar tão cedo.
Ainda assim, pensando que talvez fosse bom chegar mais cedo, talvez até pudesse ajudar com o almoço, sei lá. Eu me arrumei e saí.
Passei em um mercado próximo pesando em não chegar com as mãos vazias. Fiquei em dúvida, eu deveria levar um vinho? Vai que me achariam um alcoólatra, mas e se levasse refrigerante e eles fossem daquele tipo de pessoa que demoniza açúcar como se fosse feito pelo próprio diabo?
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Dádiva - Pejão
FanfictionJoão de repente descobriu muitas coisas sobre o seu passado, uma única ligação o fez repensar todos os seus passos Agora, a única família que lhe resta é sua irmã de criação Giovanna Romania, de quem ele fará tudo pra se reaproximar, mesmo que tenha...