"Sinto um nó na minha garganta
A voz treme ao sair
Debaixo da cama, os monstros
Me impedem de dormir
Me sinto só desde criança
Mesmo com gente ao meu redor
Sempre lutei por liberdade
Mas ser livre me fez só"
— Monstros, Jão
P.o.v. Pedro
Chegou o domingo e nós fomos almoçar com o Gio.
Quer dizer, eu fui, Renan tinha que trabalhar porque o chefe dele marcou uma reunião de emergência.
Às vezes tenho que concordar com ele, o Caio é um chefe meio megero, sim, quem marca uma reunião na porra de um DOMINGO?
Eu cheguei mais cedo, para ajudar a Gio com o almoço, até pra cuidar das opções vegetarianas.
Isso me fez lembrar que João era vegetariano.
Isso quase me faria simpatizar com ele.
Quase.
Gio: — Faz um pouco a mais, — ela disse enquanto eu separava as coisas. — O Jão vai vir, esqueceu?
Pedro: — E quem garante que ele vem mesmo? — Tentei.
Ela suspirou, sua expressão ficou séria.
Gio: — Pedro, será que a gente pode conversar?
Pedro: — Eu sou todo ouvidos, Gio.
Gio: — Eu sei que você tem dificuldade em se abrir pra gente nova e que está sempre cuidando de mim, e eu entendo seus motivos pra se preocupar, de verdade mesmo, mas será que não dá pra pelo menos tentar dar uma chance para o João?
Pedro: — Gio, ele ainda é um estranho, que a gente não faz ideia das intenções, e ainda por cima ele é muito fechado, quase não fala, parece esconder um mundo de coisas. Como vou confiar desse jeito?
Gio: — Não estou te pedindo pra confiar cegamente, apenas para baixar um pouco a guarda, e o Jão tem motivos pra estar desse jeito. Quem sabe se você o deixasse confortável, ele se abrisse mais? Ele é meu irmão, Pedro, e eu quero ter ele por perto.
Tentei argumentar, mas não adiantaria rebater emoção com raciocínio lógico, ela estava emocionada demais com a volta do irmão pra pensar racionalmente, não tinha por que brigar com ela por isso.
Gio: — Mas mais do que isso, eu quero vocês dois se dando bem, não quero as duas pessoas mais importantes da minha vida não conseguindo ficar no mesmo cômodo sem se alfinetar.
"As duas pessoas mais importantes da minha vida" Ela me colocou na mesma posição que ele.
Eu, seu amigo de anos.
Por um instante, o medo de ser substituído não pareceu tão estúpido assim.
Afastei os pensamentos.
Eu sabia que Gio jamais faria uma coisa dessas comigo, mas minha insegurança às vezes insistia em dar as caras.
Eu tinha medo de perder tudo de novo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dádiva - Pejão
FanfictionJoão de repente descobriu muitas coisas sobre o seu passado, uma única ligação o fez repensar todos os seus passos Agora, a única família que lhe resta é sua irmã de criação Giovanna Romania, de quem ele fará tudo pra se reaproximar, mesmo que tenha...