CAPÍTULO 2

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                                           Emília

Três dias antes

— Emília!

Portia gritou meu nome do quarto dela.

— Emília! Droga, onde estão meus malditos sapatos?!

Eu gostaria de poder dizer que o comportamento tóxico da minha meia-irmã foi apenas devido ao convite que havia chegado em casa dois dias antes. Infelizmente, isso seria mentira. Talvez o convite tenha tornado ela e Renata um pouco piores que
o normal, mas realmente, isso não estava fora do normal em termos de comportamento.

— Pelo amor de Deus, Emília! — Renata se juntou a nós choramingando. —Eu pensei que você disse que tinha lavado minhas tiras a seco!

Eu ignorei as duas, por despeito. Também porque
eu poderia me safar com o que estava fazendo no momento, que era na lavanderia, no porão. Pelo
que minhas meio-irmãs sabiam, porque eu as fiz acreditar, não conseguia ouvir nada no porão,uma mentira que mantive para ter um lugar para escapar de suas constantes exigências.

Quer dizer, não é como se elas estivessem lavando as roupas sozinhas,então a mentira persistiu e o porão permaneceu meu lugar seguro dos comentários
maldosos, de que eu era um lixo e da porcaria geral de viver com Portia, Renata e minha madrasta, Marta.Ah, e eu também morava lá embaixo. Acredite em mim, você também viveria naquela casa.

Nem sempre foi assim, claro. Anos atrás, quando
eu era pequena e meu pai ainda era vivo, o porão
de nossa velha mansão tinha sido uma fuga de conto de fadas. Tinha sido onde meu pai e eu brincávamos de faz de conta, onde ele me perseguia enquanto eu ria ou onde eu fazia festas de chás para animais de pelúcia. Esses anos foram bons, mesmo com minha mãe tendo falecido tão jovem.

Mas então, meu pai conheceu Marta. Ela era normal no começo. Talvez um pouco fria comigo, mas meu pai tinha atribuído a ela não querer que eu pensasse
que ela estava 'substituindo' minha mãe. Marta tinha duas filhas, ambas estavam em um colégio interno, e que só conheci no casamento. Depois, elas voltaram direto para a escola e Marta se mudou.

Foi quando o câncer apareceu e meu pai foi de
mal a pior em questão de meses. Ele lutou muito, ele lutou muito durante toda a sua vida. Mas o monstro dentro dele lentamente o derrubou, até que um dia ele simplesmente se foi. Foi quando tudo mudou. Marta assumiu o controle total da casa e, de repente,
suas duas filhas estavam de volta,permanentemente.

E se ela tinha sido fria comigo antes, ela estava muito má comigo depois disso. Rapidamente, ao longo de apenas algumas semanas, passei de filha
do falecido marido da Marta a basicamente uma criada para as três. Meu pai não era da realeza, não
oficialmente. Mas ele tinha sido um Lord de Bandiff, nosso reino e a mansão em que vivíamos era grande e tinha uma equipe doméstica.

Mas depois que Marta assumiu,eu basicamente me tornei um dos ajudantes.Na época do meu pai, as cozinheiras, as empregadas domésticas e o pessoal
doméstico eram como uma família. Sob o governo de Marta,nos tornamos escravos.

— Puta que pariu! Emília!

O grito de Portia raspou em meus ouvidos como unhas em um quadro-negro,mas eu ignorei, jogando a roupa molhada na secadora e configurei-a.A porta do porão se abriu de repente e eu girei quando os passos inconfundíveis da Marta pisaram forte escada abaixo.

— Emília! — Sua voz fria e aguda atravessou a sala.

— Sim?

Seus olhos se estreitaram para mim.

— Não se faça de inocente, sua pequena cobra.
Você enganou aquelas duas, mas não pense por
um segundo, eu não sei que você pode ouvir perfeitamente bem aqui.

Imundo para sempre ( 5 livro da série Royally Screwed ) Onde histórias criam vida. Descubra agora