A primeira coisa que precisava fazer estava relacionado ao seu corpo. Hera não gostava dele como era, odiava ser mais fraca que os machos, e para resolver o problema, começaria a treinar. Para o que ela pretendia fazer deveria treinar e aprender a lutar, precisava se tornar mais forte. Ser filha do Supremo Alfa já lhe dava muitas vantagens e lhe tornava mais resistente que um lycan normal, contudo, contra lycans como Fundadores, por exemplo, ela não passava de uma fêmea fraca.
Depois da discussão com sua mãe, pensou em como tudo aquilo era culpa do seu pai, da sociedade, dos machos. Foram os machos que tornaram as lobas o que eram, eles fizeram todas pensar que eram fracas, úteis somente para procriar. Mas após um mês refletindo sobre o assunto, Hera percebeu que a culpa também era dela e de todas as fêmeas antes dela que não ousaram ir contra o que os machos decidiram.
Ela não faria mais isso, não se submeteria ao que eles queriam. A partir daquele momento, Hera faria o que fosse possível para conquistar o que queria.
Mas para isso ela precisava ser forte, e não só fisicamente. Dessa forma, seria livre, poderia ser quem quisesse e como quisesse. Sua aparência nunca havia lhe agradado, assim como suas roupas. Quando olhava para os corpos dos irmãos se dava conta de algo que deveria lhe deixar envergonhada, mas já passou da fase de se sentir envergonhada com qualquer coisa. Hera queria músculos iguais aos deles, porque representavam a força que ela almejava alcançar.
***
— Minha senhora, a Suprema disse que eu deveria avisá-la para não sair hoje — Eleni, sua serva pessoal, disse antes que Hera passasse pela porta de saída da casa. Ia para os campos correr já que havia terminado seus estudos naquele dia.
Hera se virou lentamente e encarou a loba. Eleni usava um vestido branco longo com uma única manga, o que sempre usava. Seus cabelos castanhos claros estavam presos num coque e sua pele parda e corada ressaltavam sua beleza modesta.
A serva apertava a saia do vestido e encarava o chão, nervosa. Hera inspirou fundo e voltou-se para a porta de saída.
— Se ela perguntar por mim, diga que fui correr — respondeu e saiu sem responder os protestos da serva.
Ela não iria somente correr, precisava ver uma pessoa que morava na vila dos servos, um pouco afastado da casa dos seus pais, por isso Hera só viu campos verdejantes ao longe. Ao sul, uma floresta começava e se estendia infinitamente, e foi em direção à ela que foi.
Ser uma dama da aristocracia tinha suas vantagens, ninguém nunca desconfiava que fazia coisas proibidas às fêmeas aristocratas. Pelo menos a maioria não desconfiava, com exceção da sua mãe. Depois de passar pelos campos e pela fazenda, Hera chegou à floresta e, antes de entrar, olhou ao redor para confirmar que ninguém lhe seguia.
Segurou a barra do vestido que usava e entrou na mata com os ouvidos atentos a qualquer coisa, depois de algumas horas, parou atrás de uma grande árvore, tirou a roupa e se transformou. Se sentindo livre fora daquele vestido, ela correu o mais rápido que conseguiu.
Uma pequena parte da propriedade do Supremo era reservada para os criados, que não eram muitos, e mesmo sendo dentro da propriedade do Supremo, a distância da casa principal era exagerada.
Hera chegou à pequena vila onde os servos viviam no início da tarde, por isso nenhum deles estava ali. Sabendo disso, caminhou tranquilamente entre as casas pequenas e humildes, até chegar a última delas. A casa não tinha nada de diferente das outras, mas por algum motivo inexplicável, chamava mais atenção.
As casas pequenas feitas de pedras claras, apesar de construídas umas ao lado das outras, eram novas e organizadas. A rua, uma trilha de pedrinhas escuras, constituíam uma vilazinha simples, nova e bem feita.
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HERA - SPIN OFF DA SÉRIE ONE WOLF
Fantasia** HISTÓRIA LÉSBICA** ** HISTÓRIA LÉSBICA** ** DIREITOS AUTORAIS REGISTRADOS** Elmos, escudos e espadas. Foi nessa época que Hera nasceu e cresceu, foi nesses tempos que ela se tornou quem é, mas ela nem sempre foi assim. Opressão, medo e um coração...