Capítulo 08: Às vezes não ser normal é bom

121 35 20
                                    

— Ei. — Changbin agitou o ombro direito, tentando se livrar da mão que o chacoalhava sem parar. Os olhos pesados difíceis de abrir pelo sono acumulado de dias sem dormir, e quando ele finalmente achou que estava chegando lá, alguém continuou o balançando sem descanso. Changbin piscou os olhos devagar, a raiva já fervendo dentro do corpo ainda adormecido. — Bom dia, flor do dia. — A voz de Chan mantinha o mesmo tom alegre, embora ele falasse um pouco mais baixo que o normal. — Acorda aí, fofo. A gente tem que ir.

— Ir para onde? — Foi tudo que o cérebro sonolento e devagar de Changbin conseguiu formular, a voz arranhada e os olhos pesados de sono.

— Passear. — Changbin caçou o celular embaixo do travesseiro, checando as horas.

— Moleque, é uma hora da madrugada. — Enfatizou o horário tardio, sentado na cama com as pernas largadas para fora do beliche superior. Chan estava vestido de preto dos pés a cabeça, como de costume, calças folgadas, camisa e casaco, além do gorro que usava sobre os fios escuros. Changbin apertou os olhos quando a luz da lanterna do celular dele iluminou seu rosto. — Tá indo roubar quem vestido assim?

— Eu me visto assim todos os dias. — Alegou numa falsa indignação. — Você devia começar a reparar mais em mim, Binie. — Changbin piscou devagar, descrente que tinha sido acordado para isso. E ele reparava em Chan, todos os dias, eles dormiam juntos, tomavam café da manhã juntos e às vezes Chan ia ao colégio de Changbin para buscá-lo, mesmo que ele ainda não gostasse disso. Talvez Changbin reparasse em Chan mais do que deveria, mais do que era considerado normal, mas isso era assunto para quando ele estivesse acordado de verdade, não sonolento e quase caindo na cama.

— Só vai dormir. — Esfregou o topo da cabeça de Chan, protegida pelo gorro, e deitou de volta no colchão macio de lençóis novos e travesseiro confortável. Mas Chan era irrefutável, incapaz de deixá-lo em paz por mais de dez segundos, por isso, ele subiu no beliche em um solavanco que balançou a estrutura de madeira e fez Changbin acordar assustado. — Desce, essa merda não aguenta muito peso!

— Só desço se você sair comigo. — De braços cruzados, ele parecia uma criança. Uma criança muito malcriada. Changbin sentou novamente e fitou ele com olheiras escuras embaixo dos olhos e o rosto amassado pelo cochilo.

— Me deixa em paz.

— Não.

— Por favor.

— Não. — Changbin quis empurrá-lo de cima, mas não fez. Chan finalmente parou de implicar e olhou para ele de volta, notando o semblante exausto de Changbin. — Sai comigo, vai ser legal. Olha — Ele desfez os braços cruzados apenas para abrir o bolso lateral da calça e tirar um molho de chaves de dentro. — Que tal?

— De quem são essas chaves?

— É do carro do meu pai. — Sorriu orgulhoso do que tinha feito, como se não ouvisse as próprias palavras. Changbin arregalou os olhos e estava pronto para gritar para Chan colocar onde achou, mas ele foi mais rápido. — Tá, eu sei, não é certo. E ele provavelmente vai ficar puto se souber que fiz isso de novo.

— De novo!? — Gritou surpreso. Chan estava pronto para tapar a boca dele, mas apenas ergueu os braços e não efetuou o contato, um pouco mais consciente que Changbin não reagiria bem. Fez sinal para que ele falasse baixo, colocando o dedo indicador na frente dos lábios e prolongando um shiii barulhento.

— Foi só uma vez. — Changbin não achou que isso diminuiria o fato que ele pegou as chaves do carro escondido do próprio pai. — Eu era um adolescente imprudente, não sou mais assim. E eu tenho carteira de motorista, ele me obrigou a tirar uma depois de quase bater o carro dele numa viatura.

Meu Inquilino Australiano | binchanOnde histórias criam vida. Descubra agora