Meu Inquilino Australiano | binchan

Capítulo 05: Rinha de nerd

Changbin não conseguia parar de pensar na noite anterior, não conseguia parar de pensar em Chan, seja lá por qual motivo. Ele despertou aquela manhã e nem quis olhar no beliche inferior, pegou o uniforme, bolsa, tênis e decidiu se arrumar no banheiro, Changbin saiu mais cedo do que geralmente saía apenas para não ter que lidar com Miyan pela manhã e muito menos com seus novos inquilinos.

Ele estava com a cabeça sobre a mesa do refeitório, a bandeja de comida jazia vazia em cima do local, porque pensar demais sempre deixava Changbin com fome. Porém, após comer, o sentimento de vazio sempre voltava, e ele apenas não queria ir para casa hoje — igualmente os últimos dois dias. Ele não percebeu quando Minho surgiu pela entrada do refeitório escolar, muito menos o ouviu chegando com as mãos no bolso da costumeira calça jeans, ele se recusava a usar o uniforme completo, dizia que era muito brega e feio, e bom, Changbin também concordava, mas sua mãe morreria se soubesse que ele não estava seguindo as normas do local. Changbin queria ser mais como Minho, ser livre e fazer o que quisesse, mas ele sempre precisava pensar uma ou duas vezes antes de dar o primeiro passo, coisa que Minho nunca precisou fazer.

Ele se aproximou ainda que Changbin não notasse e afagou de palma aberta o cabelo preto e bagunçado do menino, que se recusou a pentear os fios rebeldes. Changbin nem precisou erguer o rosto e confirmar que era Minho, ele puxou a cadeira mais próxima e se sentou ao lado do corpo deprimido de Changbin, que apenas virou o rosto na direção dele e fez seu melhor bico de choro, embora não quisesse realmente chorar. Minho era o tipo de cara que por fora não gosta que as pessoas pensem que ele é inofensivo, por isso sempre está com a cara fechada, mas Changbin, Hyunjin e Jisung sabiam que ele era o mais amoroso e cuidadoso entre os quatro. Minho esteve lá para defender Hyunjin dos garotos no ensino fundamental que mexiam com ele, implicando com o garoto por ser sempre o maior da turma ou por ele ser desastrado. Esteve lá quando Jisung teve que usar muletas por causa de uma lesão no joelho que o impossibilitou de conseguir andar normalmente por alguns meses. E esteve lá quando Changbin teve que presenciar a separação dos pais na infância.

E Hyunjin, Jisung e Changbin estavam lá alguns anos atrás quando a mãe de Minho faleceu por conta de uma doença e ele teve que começar a ajudar o pai no trabalho. E apesar deles não se verem tanto quanto antigamente, pelo Lee sempre estar muito ocupado, a amizade deles não mudaria só pela ausência justificável do garoto. Eles eram um quarteto, nada poderia mudar isso.

— Você chegou em segurança ontem? Fiquei tão ocupado com as coisas da oficina que nem te mandei mensagem direito. — Minho indagou com aquela mesma voz serena de sempre.

— Cheguei bem. Atrasado pro jantar, mas bem.

— Tia Miyan deve ter falado um monte. — Changbin apenas deu um sorriso fraco, ciente que não precisaria explicar coisa por coisa que aconteceu na noite anterior ao amigo, ele saberia. Sabia como Miyan era quando Changbin não chegava no horário certo, sabia que ela tinha um comportamento oscilante e sabia que Changbin odiava ser repreendido sem motivo. Por isso, puxou mais a cadeira para perto do menino deprimido e acariciou a nuca dele, os dedos passeando entre os fios escuros e macios, apesar de embaraçados. — Tem algo que eu possa fazer por você?

— Você já faz muito por mim. — Sorriu para o amigo. — Mas se você me deixar morar com você e o tio Haejin…

— Se fosse por mim, moraria eu, você, os garotos e meu pai naquele barraco que chamo de casa. — Changbin novamente fez bico, mas sabia que Minho falava sério. Depois que a mãe dele morreu, o pai de Minho quis se mudar, ele não suportou a ideia de viver na antiga casa com todas as lembranças de Yoona. Foi a forma que os dois souberam lidar com o luto, por isso, eles se mudaram para uma casa mais barata em um bairro um pouco mais pobre, lá Haejin abriu uma oficina na garagem de casa e era o que sustentava os dois. — Falando nisso, cadê o pateta um e o pateta dois? Tava afim de perguntar se eles queriam dormir lá em casa hoje, tô com aquele filme do X Men pra gente ver.