Capítulo 21 - Lágrimas negras

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~Bill
— O que aconteceu? — foi a primeira coisa que o tom me perguntou quando chegamos em casa, desta vez sozinhos. Ninguém quis dormir em casa depois do que aconteceu.

Eu não iria contar. Não por estar magoado com o tom, mas porque era algo pessoal do Anthony.

— Fala, por que está brigado com o Tony? — ele tenta disfarçar, mas faz a mesma pergunta.

Apertei meus punhos logo que revelo:
— Fiquei admirado por você acreditar mais nele do que no próprio irmão.

— Mas você não me disse nada! Eu achei que fosse por causa do seu ex.

Eu ri, incrédulo com suas palavras. Com o intuito de evitar uma discussão, fui até o meu quarto, e antes de bater a porta, eu esbravejo:
— Você é um idiota!

— Ah, qual foi? — escutei a voz dele atrás da porta.

Tom chegou a bater na porta pedindo para que eu explicasse, que eu abrisse a porta. Mas depois de alguns minutos sem resposta, ele me deixou em paz.

Senti meu peito queimar à medida que lágrimas ameaçavam sair de meus olhos, quando me rolei na cama, permiti que elas saíssem.

Chorei a noite toda, lembrando dele, do brilho de seus olhos, e como de um dia pro outro ele se tornou ainda mais atrativo em minha visão.

Eu não aguentava mais sentir seu perfume a todo lugar que eu ia, ele parecia me perseguir.

Não era eu quem falava que éramos só amigos? E que não confundimos as coisas? Parece que o jogo virou.

Como eu pude ser tão idiota? E como ele pode ser tão cruel?

Ele me deu esperanças. Ele é tudo o que eu queria, mas eu não posso lidar com todos os seus amantes.

Me dando atenção quando tá triste e
precisando de outro.

Eu tenho que deixar-lo ir, eu tenho que
superar… Mas porra, por que é que eu fui me apaixonar por ele?

Achei que era apenas uma atração, mas ele tem algo que me chama atenção, e não é o caráter de merda.

Anthony é a pessoa mais bonita que eu já vi, mas é podre por dentro. E não queria ter descoberto isso; Ele parecia ser tão legal.

Não vou aguentar mais uma rejeição.

Meus olhos já ardiam de tanto chorar, e não é que eu não me importasse, só era inútil, eu não conseguia parar, mesmo sentindo minha cabeça doer de forma insuportável.

Ainda deitado, ergui o rosto para olhar o relógio. Precisei encarar ele por alguns minutos até finalmente conseguir captar que eram quatro horas da manhã.

Sem aguentar mais, eu sai do meu quarto e fui de maneira desengonçada até o quarto do tom, parando algumas vezes durante o caminho; não só pela tontura, mas sim pela dúvida de estar fazendo a escolha certa, se tom pensar que eu acharia que eu incomodo ele, ele iria surtar… então tudo bem, eu vou abrir a porta.

Quando Tom escutou a porta se abrir, esticou um pouco o braço para ligar o abajur ao seu lado, e mesmo que por pouca luz no ambiente, consegui ver que um de seus olhos estavam abertos enquanto sua cabeça estava levemente esticada.

Ele ficou encarando meu rosto por alguns instantes até notar que era eu. Quando aconteceu, ele se senta na cama ao arquear uma das sobrancelhas.

— Bill, Tudo bem? — ele perguntou, a voz rouca por ter acabado de acordar.

Quando eu não respondi sua pergunta, ele se levanta e vem em minha direção, acendendo a luz atrás de mim. Assim que ele fica frente a mim e vê meus olhos, sua expressão ganha um ar de empatia e ele me conduz a apoiar a cabeça no seu ombro. que feito isso, pude sentir seus olhos pesarem em mim.

Ao mesmo momento em que apertei os olhos numa tentativa de conter o choro, senti seus braços fecharem em minha cintura, me abraçando.

— Ei, o que foi? É sobre o Tony?

Com tais palavras, comecei a soluçar conforme mais lágrimas escorriam de meus olhos sem minha permissão.

— Me conta o que aconteceu, por favor. — pareceu mais uma ordem, mesmo com o “por favor”.

Eu senti que contaria tudo a ele, mas o nó em minha garganta me impediu. Mesmo me esforçando para falar qualquer coisa, era inútil, nesse momento eu só conseguia chorar.

Por que é que eu fui achar o celular dele aquele dia?

Porra, eu achava que com ele seria diferente.

— Ei, Ei! — tom tentou assim que notou mais lágrimas caírem sobre seu ombro nu, achava impossível chorar tanto, mas pelo visto, não é.

Ele passa as mãos suavemente pelas minhas costas, seu toque quase não existia, mas ainda sim, estava lá. eu afundei ainda mais meu rosto em seu ombro, tentando respirar.

Assim que Anthony apareceu outra vez em minha mente, levantei meu rosto numa tentativa de afastar os pensamentos, encontrando meu irmão com os olhos marejados, assim como os meus. seu rosto ainda sim, era inexpressivo, mas sei que ele não estava feliz.

— Alguém te fez algo? Me fala e eu mato o desgraçado! — tom aperta meus ombros, nada brutal, só seu tom de voz que já não era tão sutil.

Ele se afasta um pouco pra conseguir limpar minhas lágrimas, e então tento recuperar o fôlego ao mesmo tempo que tom me olhava. Preocupado, as sobrancelhas franzidas, mas seus olhos transbordavam tristeza por me ver daquele jeito.

— Ele tem outro, mano. — não queria ter dito isso.

Os lábios do meu irmão ficaram rígidos.

— Como é que é? — ele me olhou, soslaio.

— Aquele dia, que eu achei o celular dele; Eu li algumas mensagens. — cada palavra que saia da minha boca revelava-se um desafio.

Quando o notei quieto demais, ergui o olhar, vendo seus olhos num silêncio que podia falar mais de mil palavras.

Me estremeci diante seus olhos, já imaginando o que ele estava prestes a fazer, tento:
— Merda! Não faz nada, ele ficou daquele jeito mais cedo por algo muito ruim.

Ao encontrar meus olhos, a expressão do tom ganha um ar de serenidade, mesmo que por quase indetectável.

— Por favor, não faça nada. — reforço.

Ele suspirou fundo antes de assentir com a cabeça, e logo perguntou-me:
— Quer dormir aqui?

Eu balancei a cabeça num gesto positivo, meus olhos no chão bagunçado tentando disfarçar que mais lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Tom percebeu, mas respeitou.

Ele desligou a luz atrás de mim, e me puxou sutilmente até a cama, assim que deitei, tom me abraçou, um abraço tão reconfortante que por um instante me fez esquecer tudo, como se eu nem quisesse mais chorar, mas a vontade voltou ao pensar no Davis indo embora, caralho, eu sou patético!

— Me desculpa. — a voz do tom se fez tão triste que meu peito se apertou ainda mais.

— Por que tá dizendo isso?

— Eu contei sobre o Alex pro Anthony, irmão. — ele assume, sem delongas.

Meus olhos se abriram automaticamente, meu peito queimando.

— Você o que? — minha voz ecoou-se alta pelo quarto silencioso.

— Foi sem querer mano, eu juro. — era verdade.

Me afasto de seu abraço, sentindo a vontade de chorar aumentar. Meus olhos ardiam com lágrimas não derramadas.

— Você era a única pessoa que sabia disso. — me abracei, meu peito se apertando como se pudesse rasgar.

— Eu sei.

Sabia que ele estava chorando, mas não quis confirmar. Mesmo com a dor em meu peito, carregado pelo peso de meus olhos, eu dormi.

Your Eyes Misled Me ☆ Bill Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora