chapter III

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Taylor se levantou do piano com os ombros caídos, sentindo o peso da lembrança afundá-la ainda mais. A melodia que sempre fora seu refúgio não estava ali para salvá-la naquela noite, e a pressão de tudo que havia acontecido com Joe parecia impossível de suportar. Ela caminhou devagar pelo apartamento silencioso, cada passo ecoando como se o vazio ao seu redor estivesse zombando de sua solidão.

Sem forças para lutar contra a tristeza, ela entrou no quarto e se jogou na cama, ainda vestida com as mesmas roupas que usava o dia todo. A ideia de tomar banho, de fazer qualquer esforço, parecia absurda. O colchão macio a envolveu, mas não oferecia consolo. Ela se encolheu entre os lençóis, puxando o cobertor sobre si como se pudesse esconder-se da tempestade emocional que se agitava em seu interior.

Os pensamentos sobre a última briga com Joe a consumiam, e o som da chuva batendo nas janelas era um reflexo perfeito de seu estado de espírito. Ela revivia as palavras dele repetidas vezes, sentindo o peso de cada acusação, de cada mágoa. E por mais que tentasse, não conseguia afastar a culpa que começava a se insinuar, como se parte do fracasso fosse realmente dela, como se talvez ele estivesse certo em algumas coisas.

Lágrimas silenciosas escorreram por seu rosto, se misturando ao travesseiro. A música, que sempre fora sua salvação, parecia estar fora de alcance naquela noite. E, pela primeira vez em muito tempo, Taylor se permitiu apenas sentir. Não era uma sensação boa; era crua, dolorosa e solitária. Mas era a única coisa que ela conseguia fazer: afundar-se na própria tristeza e esperar que, de alguma forma, aquilo passasse.

****

Na manhã seguinte, Taylor foi despertada por um toque suave e reconfortante: Benjamin, seu gato, ronronava perto de seu ouvido, com as patas macias arranhando de leve o travesseiro. O som familiar trouxe um pouco de alívio, mas ao abrir os olhos, a realidade se impôs de imediato. Ela soltou um suspiro longo e pesado, sentindo a exaustão acumulada no corpo e na mente. Sem vontade de permanecer na cama, mesmo que seu corpo gritasse por mais descanso, ela se levantou devagar, quase como se estivesse no automático.

Ao se olhar no espelho, as olheiras eram inevitáveis, marcando o pouco sono que teve durante a noite. Seus olhos estavam vermelhos, inchados pelas lágrimas, e seus ombros pareciam mais pesados do que nunca, como se carregassem todo o fardo dos últimos meses. Não havia energia ali, apenas cansaço, e qualquer tentativa de se recompor parecia distante. Benjamin, sempre fiel, seguiu seus movimentos com olhos curiosos, enquanto ela arrastava os pés até a cozinha, sentindo-se vazia.

Ela sabia que precisava reagir, encontrar uma maneira de seguir em frente. Mas, por enquanto, tudo o que conseguia fazer era sobreviver a mais uma manhã, uma de tantas que pareciam intermináveis.

Ao chegar na cozinha, Taylor se deparou com a cena familiar de seus outros companheiros felinos. Olivia, com sua elegância quase aristocrática, estava empoleirada na pia, observando o movimento com seu olhar sereno. Meredith, como sempre a mais ousada, tinha ocupado seu lugar na bancada de mármore, onde estava deitada, observando Taylor com curiosidade. E, no chão, estirado em toda sua extensão, estava Benson, relaxado, como se o mundo fosse seu tapete particular.

Por um breve momento, o peso nos ombros de Taylor diminuiu. Havia algo reconfortante na rotina simples dos gatos, na maneira como eles seguiam com suas vidas, independentemente do caos ao redor. Ela parou por um instante, deixando-se sorrir, mesmo que apenas de leve, enquanto observava a tranquilidade deles. Era um pequeno refúgio em meio à tempestade emocional.

A loira foi até a bancada, passando a mão delicadamente sobre Meredith, que ronronou em resposta. Apesar de tudo, os gatos eram uma constante em sua vida, uma âncora silenciosa e firme que a mantinha conectada a uma parte mais simples de si mesma.

I KNOW PLACES | TayVis FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora