chapter VI

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Na manhã seguinte, Taylor foi despertada pelo toque insistente de seu celular. Ainda grogue e com a cabeça latejando depois de uma noite mal dormida, ela estendeu a mão e pegou o aparelho na mesinha de cabeceira. Quando olhou para a tela, viu o nome de sua assessora, Kate, piscando.

— O que foi? — murmurou, a voz rouca e baixa, ainda tomada pelo cansaço.

— Taylor! Você está pronta para o evento da NFL hoje? — a voz de Kate era cheia de energia, completamente oposta ao estado de Taylor.

Taylor franziu a testa, confusa. Piscou algumas vezes, tentando juntar as peças.

— Evento da NFL? Que evento?

— O show no evento da NFL! Você aceitou fazer isso semanas atrás, lembra? É hoje à tarde, em Nova York. A NFL sempre organiza esses eventos de mídia, e você vai ser a atração musical principal — explicou Kate, a voz dela ficando mais séria. — Você não esqueceu disso, né?

Taylor se levantou na cama de supetão, o coração disparado.

— Oh meu Deus… eu esqueci completamente — ela suspirou, passando a mão pelo rosto. — Eu não estou nem preparada, Kate. Não estou com cabeça pra isso.

— Eu sei que as coisas estão complicadas, mas esse é um compromisso importante, Taylor. O time da produção já está cuidando de tudo. O voo está marcado para daqui a duas horas. Precisamos que você esteja lá.

Taylor olhou em volta, o apartamento ainda um caos. Não tinha a menor ideia de como conseguiria se arrumar para um show naquela tarde, estando naquele estado mental. Mas, apesar de tudo, sua carreira sempre foi uma prioridade, e ela sabia que, de certa forma, subir ao palco sempre trazia uma espécie de catarse. Talvez fosse disso que ela precisasse, afinal.

— Certo, eu vou — respondeu com um longo suspiro, resignada. — Mas eu preciso que alguém organize as coisas por aqui. O apartamento está um desastre.

— Já cuidei disso — respondeu Kate, com um toque de eficiência que Taylor sempre admirava. — Concentre-se em si mesma. Vamos deixar tudo pronto para o show. Te vejo no aeroporto em uma hora.

Desligando o telefone, Taylor se levantou lentamente, ainda sentindo o peso emocional da noite anterior. Ela passou a mão pelos cabelos bagunçados e olhou o próprio reflexo no espelho. Parecia tão desgastada quanto se sentia. Mesmo assim, sabia que o show seria uma forma de escapar, mesmo que por algumas horas, da turbulência que sentia por dentro.

Taylor se levantou da cama com um movimento lento e pesado. Suas pernas estavam pesadas e seus olhos ardiam de cansaço, mas o dever a chamava, e ela sabia que não podia ignorar. O espelho refletia uma versão sua que ela mal reconhecia: cabelos bagunçados, pele pálida e olheiras profundas, marcas das noites mal dormidas e do turbilhão emocional que vinha enfrentando. O apartamento ainda era um caos, roupas espalhadas por todos os lados e as taças de vinho largadas pela sala. A bagunça parecia gritar seu estado de espírito, mas ela não podia se dar ao luxo de parar para arrumar.

Taylor foi direto ao banheiro, abriu a torneira da pia e jogou um pouco de água fria no rosto, na tentativa de acordar de vez. Olhando-se no espelho de novo, ela suspirou. Não havia muito tempo para grandes preparações, mas sabia que precisava pelo menos parecer que tinha tudo sob controle.

Ela puxou uma escova, tentando desembaraçar os fios loiros com pressa. Optou por um rabo de cavalo simples, algo rápido e prático para esconder o estado dos cabelos, mas ainda assim elegante. Caminhou até o armário, onde escolheu uma calça jeans justa de cintura alta e um suéter oversized em um tom de cinza suave, que combinava com o clima melancólico que sentia. Sabia que os paparazzi estariam esperando por ela do lado de fora, então precisava estar minimamente apresentável.

Após vestir-se, aplicou uma maquiagem leve. Corretivo para esconder as olheiras marcadas, um pouco de blush para dar um ar mais saudável, e um batom nude. Ela não queria parecer que estava fazendo muito esforço, mas também não queria que as câmeras capturassem o cansaço e a tristeza que carregava. Mesmo sem a energia habitual para se produzir, Taylor sabia que não podia se descuidar.

Com a bolsa a tiracolo e os óculos de sol já preparados para esconder o rosto, ela calçou um par de botas de couro preto e foi em direção à porta. Sabia que do outro lado do portão de seu prédio já estariam os fotógrafos, como sempre, prontos para capturar cada movimento seu. Isso fazia parte do preço da fama, mas naquela manhã, o peso disso parecia maior do que de costume.

Quando ela abriu a porta da frente do prédio, os flashes começaram imediatamente. Uma chuva de luzes e câmeras se levantou no ar, vozes chamando seu nome em todas as direções.

— Taylor! Olha pra cá! — gritava um dos fotógrafos, com a câmera pronta para capturar o menor sinal de expressão em seu rosto.

— Taylor, como você está depois da última briga com o Joe? — insistiu outro, tentando pescar alguma reação, algum detalhe que pudesse virar manchete.

Taylor manteve a cabeça baixa, os óculos escuros escondendo seus olhos. Seu rosto estava impassível, treinado a ignorar o frenesi de perguntas e a invasão de privacidade que a seguia para todo lado. Ela caminhou rapidamente até o carro que já a esperava na calçada, o motorista abrindo a porta para que ela entrasse.

Enquanto ela deslizava para dentro do carro e as portas se fechavam, os flashes ainda continuavam, os fotógrafos se aglomerando, na esperança de mais uma imagem. Lá dentro, com o vidro escurecido separando-a da tempestade de câmeras, Taylor respirou aliviada, como se finalmente tivesse um momento de paz. O motorista arrancou, e a cidade de Nova York começou a se mover ao redor dela.

O destino agora era o aeroporto, e Taylor sabia que, por mais cansada e emocionalmente desgastada que estivesse, dentro de algumas horas estaria de volta aos holofotes, desta vez em um palco.

O carro seguia suavemente pelas ruas de Nashville, onde a cantora havia passado uma temporada de férias em um de seus apartamentos, e ela, ainda imersa em seus pensamentos, quase não percebeu quando o motorista diminuiu a velocidade e parou o veículo abruptamente em frente a um pequeno café. Ela franziu a testa, confusa, olhando pela janela com um toque de irritação, pronta para perguntar por que haviam parado.

No entanto, antes que pudesse dizer algo, seu olhar pousou no interior do estabelecimento. Entre as mesas de madeira rústica e o aroma de café recém-moído, ela reconheceu uma figura familiar sentada perto da janela, com um sorriso brincalhão e despreocupado. Era Jack Antonoff, seu amigo e parceiro criativo de longa data, que acenava de maneira casual, como se estivesse apenas esperando por ela o tempo todo.

Por um breve momento, Taylor relaxou e permitiu-se sorrir, o primeiro sorriso genuíno em dias. Jack tinha esse poder sobre ela — de fazer com que o mundo ao redor perdesse o peso, nem que fosse por alguns minutos.

O motorista se virou para ela, hesitante.

— Senhorita Swift, ele me pediu para parar aqui. Achei que você talvez quisesse ver seu amigo antes do aeroporto.

Taylor respirou fundo, sentindo a tensão deixar seu corpo aos poucos. Jack sabia exatamente como e quando aparecer, como se sentisse de longe quando ela mais precisava de alguém que realmente a entendesse.

— Tudo bem, obrigada — ela respondeu suavemente, ainda com o sorriso tímido no rosto.

Sem pensar duas vezes, Taylor abriu a porta do carro e desceu, os flashes dos paparazzi ainda a espreitavam de longe, mas ela não se importou. Ao entrar no café, o cheiro reconfortante do café quente e o ambiente acolhedor a envolveram, e ela caminhou em direção a Jack, que levantou-se e a abraçou assim que ela chegou perto.

— Sabia que você ia precisar de um pouco de café — ele disse, rindo, enquanto Taylor se sentava à sua frente.

— Você e sua pontualidade impecável — brincou Taylor, com um toque de sarcasmo, mas grata pela presença dele.

Jack sorriu, os olhos cheios de compreensão.

— Estava passando por aqui e pensei, por que não sequestrar a loirinha por uns minutos? Um café antes de enfrentar o mundo nunca faz mal.

Taylor pegou a xícara que Jack havia pedido para ela. Ao levar a bebida quente aos lábios, sentiu-se um pouco mais viva. Talvez o show à tarde não fosse tão impossível de enfrentar com Jack ao seu lado, nem que fosse por alguns minutos.

I KNOW PLACES | TayVis FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora