chapter V

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A noite começava a cair, e a luz suave do entardecer entrava pelas janelas do apartamento, agora mergulhado em uma bagunça que refletia o caos interno de Taylor. As cortinas estavam mal fechadas, deixando entrar uma penumbra que se misturava com a desordem ao redor. Roupas estavam espalhadas pelo chão, uma pilha de casacos, camisetas e lenços jogados de forma descuidada no canto da sala. Livros e revistas que antes estavam perfeitamente empilhados agora se amontoavam desordenadamente sobre a mesa de centro, com páginas dobradas e marcas de café.

Os discos de vinil, que Taylor sempre cuidava com tanto carinho, estavam fora das capas, empilhados de forma desleixada ao lado do toca-discos, como se ela tivesse passado horas tentando encontrar alguma melodia que a acalmasse, mas sem sucesso. Um prato com restos de comida do dia anterior estava esquecido em cima do sofá, junto a algumas taças de vinho que se acumulavam pela sala.

O apartamento, que costumava ser um refúgio elegante e organizado, refletia o turbilhão emocional que Taylor enfrentava. Garrafas de água vazias estavam jogadas pelo chão, e a cozinha, normalmente impecável, exibia uma pia cheia de pratos não lavados. Uma toalha úmida fora largada no chão do banheiro, como se ela não tivesse forças nem para cuidar de si mesma.

E então, no meio de toda aquela desordem, estava Taylor, jogada em sua cama, como se o peso do mundo a tivesse vencido. O travesseiro estava amassado debaixo de sua cabeça, o lençol meio enrolado em suas pernas. Uma garrafa de vinho pela metade repousava na mesinha de cabeceira, junto com uma taça manchada de batom vermelho. Ela olhava para o teto, perdida em pensamentos, as olheiras ainda mais marcadas após mais um dia de exaustão emocional.

Seus cabelos estavam bagunçados, os fios caindo em seu rosto de forma despreocupada. O vestido de seda que vestira mais cedo estava amassado, como se ela não tivesse se preocupado em trocá-lo para deitar. Ela segurava a taça de vinho, observando o líquido escuro enquanto o girava lentamente. Bebia pequenos goles, mas nem mesmo o álcool parecia capaz de entorpecer a dor.

A cada respiro profundo, a solidão no ambiente parecia se intensificar. O eco de sua briga com Joe ainda martelava em sua cabeça, misturado com o som distante de músicas que ela não conseguia mais ouvir com a mesma clareza. O apartamento, antes seu refúgio, agora parecia uma prisão emocional, cada canto uma lembrança do que não estava mais funcionando em sua vida.

Taylor virou-se na cama, abraçando o travesseiro com força. Os gatos haviam se recolhido a seus cantos, em silêncio, como se também sentissem o peso daquela noite.

****

Travis chegou em casa, exausto após o treino, os músculos ainda doloridos e a mente vagando entre o cansaço físico e os pensamentos sobre Taylor. Ele jogou a mochila no chão, sem se preocupar em organizá-la, e foi direto para a cozinha. Sem vontade de preparar nada complicado, resolveu pedir uma pizza. Pegou o celular e, sem nem precisar pensar muito, escolheu a pizza de sempre - pepperoni com extra de queijo - e, em poucos cliques, o pedido estava feito.

Enquanto esperava a entrega, Travis se jogou no sofá da sala, os pés apoiados na mesinha de centro. Pegou o celular de novo, sem muito propósito, rolando distraidamente pelas notificações de mensagens e e-mails. Mas, de repente, sua atenção voltou-se para algo específico. O aplicativo do Instagram estava aberto, e ele se viu no Direct, encarando o perfil de Taylor Swift, a loirinha que povoava seus pensamentos nos últimos dias.

Ele hesitou, os dedos pairando sobre a tela. Aquele ícone de mensagem privada parecia tão simples, tão acessível, mas ao mesmo tempo, carregado de um peso absurdo. O que ela pensaria? - questionou-se. Sabia que Taylor era extremamente reservada, e sua primeira reação provavelmente seria ignorar a mensagem de um completo estranho. Mas, ao mesmo tempo, havia algo sobre a ideia de tentar - mesmo que parecesse loucura - que o fazia não conseguir fechar o aplicativo.

- Vamos lá, Kelce - murmurou para si mesmo, rindo do próprio nervosismo. Ele, que já havia enfrentado dezenas de defesas brutais no futebol americano, estava ali, parado, indeciso, com um celular na mão.

Respirou fundo e, impulsivamente, começou a digitar.

Ei, Taylor. Sou um grande fã da sua música. Sua habilidade de transformar suas experiências em arte sempre me inspirou. E... talvez isso seja estranho, mas pensei em dizer oi. Quem sabe, um dia, a gente se cruza por aí. Travis.

Leu e releu a mensagem umas dez vezes. Algo parecia errado, formal demais, distante demais. Ele queria ser genuíno, mas não sabia como. Pensou em apagar tudo e deixar pra lá, mas, antes que pudesse repensar, ouviu o interfone tocar.

- Sua pizza chegou - avisou o porteiro, interrompendo seus pensamentos.

Travis suspirou, largando o celular no sofá e indo buscar o jantar. A mensagem, ainda não enviada, permanecia lá, aberta, esperando pelo momento certo.

Enquanto comia a pizza e bebia uma lata de cerveja gelada, Travis relaxava no sofá, tentando afastar os pensamentos que o assombravam durante o dia. A fatia de pepperoni escorregava um pouco pelo excesso de queijo derretido, e ele, distraído, lambia os dedos, saboreando o jantar simples após um longo treino. O celular estava jogado ao seu lado no sofá, a mensagem para Taylor ainda não enviada, mas por enquanto, ele decidiu deixar isso de lado.

Foi então que o telefone tocou, interrompendo seu breve momento de paz. Ele olhou para a tela e viu o nome do treinador.

- E aí, coach? - Travis atendeu, ainda com a boca cheia de pizza.

Do outro lado, o treinador parecia sério, mas havia uma leveza na voz.

- Travis, preciso de você em Nova York amanhã. Tem um evento da NFL, aqueles encontros de mídia, sabe como é. Nada de treino pesado, mas é uma oportunidade boa de mostrar presença. Você consegue estar lá?

Travis limpou a boca rapidamente com o dorso da mão, surpreso com a notícia.

- Amanhã? Em Nova York?

- Sim, amanhã. É importante, cara. Preciso de você lá representando o time. Não vai ser nada complicado, só algumas entrevistas, algumas aparições. A imprensa vai adorar.

Travis deu um longo gole na cerveja, pensando rapidamente. Nova York. A cidade que ele sabia ser o coração de tudo. E, claro, o lugar onde Taylor morava.

- Certo, eu vou. Que horas eu preciso estar lá?

- O evento começa à tarde, mas é bom você chegar pela manhã pra se preparar. Vou te mandar todos os detalhes por mensagem.

- Beleza, coach, pode contar comigo - Travis respondeu, tentando disfarçar o entusiasmo que começava a crescer.

Desligou o telefone e se recostou no sofá, um sorriso surgindo no rosto. Nova York. Talvez o destino estivesse conspirando a seu favor.

I KNOW PLACES | TayVis FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora