chapter XV

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Na manhã seguinte, Taylor entrou no estúdio de Jack Antonoff com passos firmes, mas seu coração ainda carregava os resquícios das turbulências recentes. O estúdio, com suas paredes cobertas de instrumentos e equipamentos, sempre tinha sido um refúgio para ela, mas desta vez era diferente. O álbum que pretendia criar não era só mais uma obra; era um reflexo da dor, da confusão e das camadas mais profundas que vinham assombrando sua vida pessoal.

Jack estava esperando por ela, sentado no sofá com um caderno em mãos. Ele levantou assim que a viu entrar.

— Taylor, bom te ver — ele disse com um sorriso caloroso, mas cauteloso, percebendo que algo mais pesado pairava sobre ela.

Ela devolveu o sorriso, um tanto exausta, mas genuína.

— Obrigada, Jack. Estou pronta... Ou pelo menos tentando estar — disse, enquanto se acomodava ao lado dele.

Jack assentiu, sabendo que aquela conversa seria diferente de todas as outras.

— Então, sobre o álbum... Você já tem algo em mente? — ele perguntou, com aquela suavidade característica de quem sabe quando é a hora de dar espaço.

Taylor respirou fundo antes de responder.

— Sim. Eu pensei muito sobre isso e, pela primeira vez, quero que tudo seja diferente. Preciso ser completamente honesta, Jack. Este álbum vai ser sobre os pedaços quebrados... E os ecos que eles deixam para trás. As partes de mim que não estão inteiras, que estão despedaçadas, mas que ainda fazem barulho, que ainda reverberam. Quero chamá-lo de Shattered Echoes.

Jack deixou as palavras de Taylor pairarem no ar por um momento. Ele sabia exatamente do que ela estava falando, sentia o peso nas entrelinhas. O título não era apenas uma metáfora para a situação com Joe, mas para todas as vezes que ela havia reconstruído partes de si mesma após ser destruída — pelos relacionamentos, pela mídia, pelas expectativas impossíveis.

— Shattered Echoes... — ele repetiu, lentamente, deixando o nome se assentar. — Forte, mas vulnerável. Tem profundidade, Tay. Parece que esse álbum vai ser o mais pessoal de todos.

Taylor assentiu, os olhos brilhando com uma mistura de emoção e determinação.

— Sim. Eu não vou me segurar, Jack. Preciso que isso seja cru, que seja real. Não é só sobre o Joe. É sobre tudo — sobre o caos que sinto, sobre quem estou tentando ser e quem ainda não consegui ser. Sobre as expectativas esmagadoras... e sobre como tudo isso ressoa.

Jack sorriu, compreendendo exatamente o que ela queria. Ele sempre soubera extrair o melhor dela no estúdio, mas dessa vez, a intensidade seria maior.

— Vamos fazer isso, então — disse ele. — Vamos transformar esses ecos quebrados em algo que o mundo vai sentir.

O restante do dia de Taylor e Jack foi um mergulho profundo nas águas do processo criativo. Assim que decidiram o título do álbum, a energia no estúdio mudou. Havia uma tensão criativa palpável, algo mágico no ar, como se tudo tivesse começado a se alinhar em torno daquele conceito. Shattered Echoes já tinha vida, e a primeira música começava a tomar forma.

Taylor, sentada ao piano, deixava os dedos deslizarem pelas teclas, criando uma melodia melancólica que parecia brotar diretamente de sua alma. A chuva fina que caía lá fora servia de trilha sonora natural, inspirando-a de uma forma inesperada. Jack, sempre atento, acompanhava o ritmo da melodia com acordes sutis na guitarra, complementando perfeitamente o tom sombrio que Taylor estava criando.

— Acho que temos algo aqui... — Taylor murmurou, concentrada nas notas, a melodia fluindo como se já estivesse escrita em algum lugar dentro dela.

— Sim, isso está incrível — respondeu Jack, ajustando um efeito na guitarra, criando um eco suave que preenchia o estúdio. — Soa como se a chuva estivesse falando.

Taylor assentiu, os olhos fechados enquanto murmurava as primeiras palavras da música, quase num sussurro:

— "I saw the end in your eyes before you turned away, you said we’d fall apart, but I begged you to stay."

A letra começou a sair com naturalidade. Ela não estava pensando em cada palavra, mas sentindo-as. Era como se a chuva lá fora estivesse cantando junto, cada gota batendo no vidro fosse uma memória reverberando dentro dela.

— Jack, acho que o refrão tem que ser algo mais forte... Como se os ecos fossem crescendo, ficando mais intensos — sugeriu Taylor, já sentindo o peso emocional da música aumentar. — Algo como... "The echoes in the rain drag me back to what I’ve lost, every beat on the window is a memory I forgot."

Jack sorriu, completamente imerso no processo criativo. Ele começou a trabalhar nos efeitos de som, trazendo a percussão de leve, algo que se assemelhava ao som de gotas de chuva caindo, mas cada vez mais alto, conforme o refrão se aproximava.

— Exatamente! — ele concordou, ajustando os arranjos com cuidado. — Vamos fazer esse eco ficar mais forte, invadir tudo.

Conforme a tarde avançava, a música começava a tomar sua forma final. "Echoes In The Rain" nasceu no estúdio naquela mesma sessão, uma mistura de melodia melancólica com um crescendo emocional poderoso. Cada verso era como um pedaço de Taylor, uma lembrança, uma ferida aberta transformada em arte.

Jack e Taylor trabalharam em perfeita sincronia, como sempre. O eco das batidas e da voz de Taylor se misturavam com o som do mundo lá fora, até que, no final do dia, quando a última nota foi tocada e a última palavra gravada, os dois se entreolharam, sabendo que haviam criado algo especial.

— Echoes In The Rain... — Taylor disse suavemente, sorrindo. — É exatamente o que eu precisava dizer.

Jack assentiu, ainda impressionado com o resultado.

— Esse álbum vai ser épico, Tay.

Já era quase 20h quando Taylor, exausta após um dia intenso no estúdio, finalmente pegou o telefone. Entre notificações e mensagens não respondidas, uma em particular chamou sua atenção. Era de Travis.

"Ei, Tay. Pensei em te chamar pra jantar hoje às 20h30, num restaurante afastado. Se quiser, me avisa, eu passo te buscar! :)"

Ela ficou parada por alguns segundos, olhando para a tela. O convite a pegou de surpresa. Depois de um dia imerso na criação de uma música tão emocional, a ideia de sair parecia, ao mesmo tempo, tentadora e exaustiva. Taylor suspirou, ponderando. Ela gostava de Travis — da leveza com que ele a tratava, da forma como conseguia fazê-la sorrir mesmo nos piores momentos. Talvez uma pausa fosse exatamente o que ela precisava.

Olhando o relógio, percebeu que já estava quase em cima da hora. Mas antes de pensar demais, digitou rapidamente uma resposta.

"Oi, Travis. Acho que um jantar seria ótimo. Pode me buscar. :)"

Ela enviou a mensagem e olhou ao redor do estúdio. A sensação de realização após a criação de Echoes In The Rain estava presente, mas o peso emocional ainda a acompanhava. Talvez, naquela noite, ela pudesse deixar isso de lado por algumas horas e se permitir apenas existir, sem a pressão de ser Taylor Swift, a estrela.

De repente, a ideia de estar com alguém que a via como mais do que a sua persona pública parecia irresistível.

I KNOW PLACES | TayVis FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora