Pov. Lexie
O céu desabou sobre nossas cabeças, trovões ecoam no céu sob a grossa camada negra de nuvens, clarões cortam a imensidão negra trazendo a única luz nessa noite que mais parece o fim do mundo.
- Acho que a chuva não vai parar tão cedo. - o médico se abaixa juntando as sacolas e não posso deixar de notar suas mãos trêmulas - Vem, você não pode se resfriar.
Ele estende a mão, sua voz tentando soar firme apesar do medo evidente em seus olhos. Hesito por um momento, os sons da tempestade me deixam alerta, cada trovão parecendo uma ameaça iminente. Mas o médico insiste, sua mão ainda estendida, molhada pela chuva incessante.
- Vamos subir, vou arrumar roupas secas pra você e você se troca.- ele murmura, olhando em volta.
Finalmente, aceito sua mão, sentindo o frio da sua pele contra a minha. O ar está tão pesado que é difícil respirar. Começamos a caminhar em direção a entrada do prédio, cada passo parece um esforço hercúleo contra o vento que quase nos empurra para trás. Tomamos o elevador em um silêncio sepulcral, e honestamente o 3° andar nunca me pareceu tão distante. Obviamente minha mente me traia quanto a percepção do tempo, e logo ficamos frente a frente com a porta azul. Mark coloca a chave na porta com alguma dificuldade, as mãos tremendo em um nervosismo palpável.
- Pode entrar.
Entramos em silêncio, o lugar está diferente, brinquedos pelo chão, mamadeiras na mesa de centro, porta retratos com fotos de Mark com Sofia, fotos no hospital com amigos, marcas de uma vida mais colorida, mais viva. Mas em um lugar de destaque, uma foto nossa junto a mesa de sinuca no bar do Joe, naquela noite ele perdeu de lavada e eu fiz ele ele assistir uma maratona de Doctor Who comigo, ele resmungou o fim de semana todo.
- Você er...você conhece o apartamento, pode usar o banheiro, - ele caminha em direção a porta, sua voz me traz de volta - vou arrumar roupas secas pra você.
Eu olho ao redor, absorvendo cada detalhe que traz de volta uma onda de nostalgia e dor ao mesmo tempo. As lembranças de uma vida que, de alguma forma, me sinto à parte agora. O sorriso de Mark nas fotos com Sofia é tão real que parece quase palpável. O tempo passou, e ele seguiu em frente, mas esses pequenos detalhes revelam o quanto essa nova vida ainda carrega traços do passado do nosso passado.
O ranger do piso de madeira debaixo dos meus pés me lembra de todas as vezes que estive aqui antes, mas agora há uma distância que eu não consigo explicar. Ouço vozes no corredor, a voz da Arizona, sempre tão alegre e logo ele volta meio sem jeito.
- Peguei algumas roupas com a Robbins, acho que as da Callie ficariam um pouco grandes em você. - ele olha para o meu corpo - Espero que sirva.
- Obrigada. - agradeço pela roupa e vou o mais rápido possível para o banheiro sentindo que meu coração seria capaz de sair pela boca.Vou até o banheiro, fecho a porta com um clique suave e me encaro no espelho. Meu reflexo parece desgastado, tanto pela tempestade quanto pelas memórias que me envolvem. O barulho da chuva batendo nas janelas ecoa pelo espaço pequeno, criando uma melodia constante que me ajuda a focar. Respiro fundo, tentando colocar meus pensamentos em ordem. A roupa emprestada caiu como uma luva, roupas íntimas novas, uma blusa branca de algodão e um conjunto de moletom. Uso o secador de cabelo que em alguns minutos faz seu trabalho, deixo tudo no lugar e tento acalmar meu coração para uma nova tempestade prestes a começar. Saio do banheiro, e meu coração praticamente para quando vejo Mark na sala, sem camisa. Ele está de costas para mim, pegando uma camisa do sofá, e o barulho dos meus passos o faz se virar de repente. Por um segundo, nossos olhos se encontram, mas ele desvia o olhar quase instantaneamente, visivelmente constrangido, como se o simples fato de estar assim na minha frente fosse um erro. O ar parece pesar ao nosso redor, como se um imenso elefante branco estivesse no meio da sala, inegável, mas ao mesmo tempo impossível de mencionar.
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𝑷𝒓𝒊𝒎𝒆𝒊𝒓𝒂 𝑪𝒍𝒂𝒔𝒔𝒆 - 𝑺𝒍𝒆𝒙𝒊𝒆 𝑬𝒏𝒅𝑮𝒂𝒎𝒆
Fanfiction𝘑á 𝘱𝘢𝘳𝘰𝘶 𝘱𝘳𝘢 𝘱𝘦𝘯𝘴𝘢𝘳 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘴𝘦𝘳𝘪𝘢 𝘴𝘦 𝘔𝘢𝘳𝘬 𝘦 𝘓𝘦𝘹𝘪𝘦 𝘯ã𝘰 𝘵𝘪𝘷𝘦𝘴𝘴𝘦𝘮 𝘮𝘰𝘳𝘳𝘪𝘥𝘰 𝘯𝘢𝘲𝘶𝘦𝘭𝘢 𝘥𝘳𝘰𝘨𝘢 𝘥𝘦 𝘢𝘷𝘪ã𝘰? 𝘕ã𝘰 𝘴𝘦𝘪, 𝘮𝘢𝘴 𝘪𝘴𝘴𝘰 𝘢𝘵é 𝘩𝘰𝘫𝘦 𝘢𝘭𝘶𝘨𝘢 𝘶𝘮 𝘵𝗋𝗂𝘱𝘭𝘦𝘹 𝘯𝘢 𝘮𝘪�...