Morghul

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A visita do Estranho havia deixado marcas profundas na Fortaleza Vermelha. As princesas Helaena e Jaehaera permaneciam isoladas em seus aposentos dia e noite. Enquanto a mãe apenas chorava, a filha não emitia um som sequer. As refeições eram levadas até elas, mas especialmente a pequena princesa viúva se recusava a comer várias vezes. Quando a rainha foi informada de que Jaehaera já estava há três dias sem se alimentar, convocou seus filhos mais novos.

- Vocês foram bons para seu primo quando ele precisou, sejam bons com sua prima agora.

Prontamente, os irmãos começaram a se planejar, pensaram em talvez levá-la para um passeio a cavalo, mas isso parecia muito insensível. Também cogitaram ler para ela, mas já haviam passado por quase todos os livros que lhes chamavam a atenção quando estavam com Jaehaerys. Viserys poderia tocar a flauta para ela, mas assim que a decisão foi tomada ele se envergonhou e desistiu. Uma conversa talvez lhe faria bem, porém a princesa nunca demonstrou qualquer tipo de vontade de conversar com eles, não saberiam o que falar. Consideraram até mesmo apenas sentar-se junto a ela e chorar, o que os levou a risada, o que logo em seguida os fez se sentirem culpados.

- A gente não faz à mínima ideia de como ela deve estar se sentindo - Viserys suspirou - todos os nossos irmãos estão vivos. E eu nem me lembro de quando nossa mãe teve a Visenya.

- Eu me lembro dos gritos dela.

Os olhos de Aegon se encheram de lágrimas.

- O que foi? Por que ficou assim de repente? - Viserys se abaixou, mas Aegon escondeu o rosto.

- Não é nada. Pare, pare com isto, argh. Eu só me imaginei perdendo um de vocês também, isso me deixaria muito infeliz. Até mesmo Jace e Luke, apesar de estarem longe - balançou a cabeça e se levantou - eu só... Estou muito grato por ter todos vocês.

Viserys concordou com a cabeça.

Jaehaera não atendeu a porta, nem ordenou que suas damas o fizessem. Na terceira batida, um guarda a abriu, revelando seus primos Aegon e Viserys, ambos com suas roupas combinando e cabelos perfeitamente escovados. A princesa os encarou de cima a baixo, sentada a uma pequena mesa, quase dobrada em si mesma.

- Querida prima, viemos visitá-la, estamos terrivelmente tristes por sua perda - Viserys disse, apesar de nenhum dos dois se atrever a entrar no quarto.

Jaehaera apenas abaixou a cabeça.

- Pensamos que talvez nos acompanhasse em uma caminhada, poderíamos conversar.

Não houve resposta.

- Caso não queira, podemos fazer qualquer outra atividade de sua preferência, princesa - ele começava a se sentir constrangido.

Então ela se levantou, e arrastando os pés foi até a porta, e a empurrou para fechar. Antes que as maçanetas se encontrassem, porém, o príncipe Aegon colocou seu braço na tentativa de segurá-la.

- AHHHHHHH! MEU BRAÇO! - ele exclamou quando a pesada madeira se fechou sobre o membro.

O guarda rapidamente abriu a porta novamente e acudiu o príncipe, que se balançava de dor.

Jaehaera encarou a cena preocupada, então sua expressão se transformou em incredulidade, fitando o rosto do primo que desabrochava em grunhidos de dor.

- Você é estúpido? - foram suas primeiras palavras desde a cremação do irmão.

- Sim ele é! - príncipe Viserys parecia mais desesperado que o irmão - desculpe Jaehaera, a gente só queria te animar.

O guarda e os príncipes se retiraram, ao som de gemidos de dor e pedidos de desculpa, a princesa ficou sozinha na entrada de seus aposentos, onde permaneceu por um bom tempo, imóvel e em silêncio. Então ajeitou a postura. Sentiu fome, comeu e se trocou, pensou que deveria visitar a mãe.

Filhos da Dança dos Dragões I Jaehaera x AegonIIIOnde histórias criam vida. Descubra agora