O deleite do reino

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Quando o reinado de Rhaenyra Targaryen completou seus primeiros 10 anos, um grande torneio foi feito em homenagem à monarca. Todas as grandes casas foram convidadas a Porto Real, o que transformou o evento no principal encontro da nobreza desde a coroação da rainha. As justas estariam ainda abertas ao público, em uma tentativa de ganhar um pouco mais a simpatia do povo comum.

A cidade se encheu e a grande Fortaleza Vermelha de repente parecia pequena, tamanho o contingente de nobres que haviam marcado presença. Toda a família real estava presente, sendo esse um momento de grande alegria para a rainha que viu após muito tempo seus filhos e netos. Alguns, porém, não se sentiram à vontade com aquela quantidade de pessoas, em especial a princesa Jaehaera, que havia se tornado uma garota mais solitária ainda após a morte de um irmão e o retorno de outro. Ela se reservava a ter momentos apenas com a mãe e com Morghul, sendo às vezes vista também com Maelor.

Foram necessários alguns dias até que a princesa encontrasse um lugar na fortaleza sem a presença de muitas pessoas. O bosque estava movimentado demais para que pudesse ler, bordar ou desenhar. O lugar vazio que encontrou foi o pequeno salão onde ficavam guardadas cheias de pó as antigas tapeçarias da rainha Alicent. A mulher que Jaehaera conheceu era uma pessoa doente mentalmente, que a assustava com suas palavras, seus olhos assustados e voz ríspida. Mas ali, em meio a obras de arte encomendadas pela falecida rainha ainda na juventude, a garota se sentia tranquila, ao observar os belos desenhos sobre aventuras, cavaleiros e donzelas que Lady Alicent Hightower colecionava, Jaehaera desejava conhecer um lado da avó com o qual nunca pôde conviver. Um que fosse menos odioso.

Sua solitude foi interrompida apenas uma vez, quando um caçador de ratos entrou no recinto, com diversas armadilhas penduradas no ombro. Como de costume, ele agiu como se fosse invisível, percorrendo o espaço e armando as armadilhas. Mas a princesa percebeu que o tempo todo, o homem a fitava de canto de olho, assim como ela mesma fazia com ele. Ao terminar o serviço ele fez uma breve reverência.

- Perdoe por atrapalhar seu momento, princesa - ele colocou as armadilhas remanescentes nos ombros novamente - mas se deixar os ratos livres, essas tapeçarias não existiriam mais.

- Não estou vendo ratos por aqui - respondeu desconfiada.

- Heh, me honra com o elogio - ele brincou.

- Certamente...

- Alguns são pequenos, e espertos, sabem se esconder muito bem. Mas os dentes nunca param de crescer, e se não roerem nada podem morrer pela própria boca - ele riu - o que tem aqui dentro é um prato cheio para ratos desesperados. Eles sempre querem mais. Com licença, Vossa Alteza - e então se retirou.

Ao fim do primeiro dia de justas, o príncipe Aegon foi chamado até a tenda de sua mãe, a rainha Rhaenyra. O lugar era grande o suficiente para que todos os seus irmãos e irmãs lá estivessem, com amigos nobres e criados. Um grande porco era servido com a pele crocante, avistou Lucerys e Rhaena aprenciando-o, vestidos com o emblema Velaryon, junto à corte de Derivamarca.

- Querido! - Baela o abraçou por trás- quanto tempo não nos vemos! Como está?

Ele se virou para a irmã, ela tinha os cabelos mais curtos que da última vez em que se viram, como uma nuvem de caracóis brancos em torno de seu amável rosto.

- Bem, que bom ver vocês - ele respondeu cheio de alegria para ela e seu esposo Jace - como vão as coisas em Pedra do Dragão.

- Como sempre - ela respondeu - muita pedra, muito dragão - riu sozinha da própria piada - você deveria ir nos visitar, é uma viagem curta, tenho certeza que Tempestade te levaria até lá em um instante.

Não houve resposta do garoto, os sorrisos de Baela e Jace murcharam.

- Você ainda não voa? - Jace colocou a mão na cintura.

Filhos da Dança dos Dragões I Jaehaera x AegonIIIOnde histórias criam vida. Descubra agora