Dragões de ouro

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A princesa Rhaenys chegou em Porto Real de navio, acompanhada de sua bengala de ferro e uma expressão de insatisfação.

- Quantos dias de justas eu perdi? - foi a primeira coisa que disse quando Lucerys foi até ela lhe ajudar a descer a rampa do navio.

- Só um, vó.

- Ah, que desperdício, eu disse que deveria ter vindo em Meleys, mas aparentemente não se respeita mais as matriarcas de uma família.

Rhaenyra se aproximou de Rhaenys com um sorriso, passando um braço pelos ombros dela.

- Que bom que veio, por que não veio de dragão?

- Seu filho. Me chamou de velha e prendeu Meleys.

- O que?

- Na verdade ninguém foi chamado de nada, nem preso - Luke interveio, sussurrando para a mãe - ela não pode mais montar, veja, nem anda mais direito. Mandamos fazer uma cela especial, mas ainda não ficou pronta.

Rhaenyra assentiu com a cabeça.

- Eu ouvi tudo - Rhaenys respondeu fazendo força com a bengala no chão.

Ainda era manhã, mas o dia estava especialmente quente. O príncipe Aegon caminhava em direção à Fortaleza de Maegor com o gibão vermelho pendurado em um dos braços enquanto puxava a gola da camisa sentindo o suor no pescoço. Ao longe, ele avistou Jaehaera , em suas roupas de montaria, caminhando timidamente com um livro debaixo do braço. Era a primeira vez que a via desde o início das comemorações, se perguntou se ela teria um esconderijo para se manter longe da multidão que se aglomerava no castelo. Aegon decidiu seguí-la, descobrir um lugar para ficar a sós consigo mesmo era tentador. Após algum tempo, porém, ele a perdeu de vista, não sabendo para qual direção haveria ido. Por alguns segundos permaneceu parado, ela poderia ter subido as escadas que levavam aos aposentos reais, ou virado para um corredor que quase não era usado e dava acesso a salas usadas como depósito.

- AH!

Ele se assustou ao virar no corredor e encontrar a princesa parada o esperando.

- Por que está me seguindo? - ela perguntou, fria como sempre.

- Pai sagrado, quase me mata do coração. Estava apenas... - ele estava ofegante - queria saber... nossa está muito quente hoje.

- Sim, não chove há um bom tempo. O que você quer, Aegon?

Ele se recompôs.

- Gostaria de saber se me acompanharia no torneio hoje, apenas isso - mentiu.

- Não tenho interesse nas festividades, obrigada.

Jaehaera se virou e continuou andando, Aegon a observou até que parasse em frente a uma das grandes portas, relativamente longe um do outro ela o encarou, irritada.

- Há algo mais que deseja de mim, príncipe?

Uma voz foi ouvida ao longe, chamando por Aegon, seus ombros se contraíram rapidamente e ele foi em direção à prima.

- Sim - ele apontou o dedo para a porta  - desejo saber o que há neste lugar onde se esconde todos os dias.

Ela sorriu para ele pela primeira vez em bastante tempo.

- Está fugindo da corte, quem diria.

Ela empurrou as portas revelando um grande amontoado de tapeçarias empoeiradas. Mais da metade do cômodo era ocupado por estas, na outra parte, havia algum mobiliário também empoeirado, com uma poltrona em particular estando limpa.

- Então é isso - ele olhou ao redor - você passa seus dias neste lugar.

- É mais agradável do que ficar ao Sol quente vendo cavaleiros com fraturas expostas e mantendo conversa fiada com pessoas que eu nunca vi.

Filhos da Dança dos Dragões I Jaehaera x AegonIIIOnde histórias criam vida. Descubra agora