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Five

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Five

O despertador tocou. Emily o ignorou. Ficou deitada, encarando o teto. A sensação de vazio era uma velha conhecida, e hoje parecia mais intensa. Talvez fosse o peso da noite anterior, talvez fosse apenas mais um dia comum. Ela nem sabia ao certo. Tudo o que sabia é que a sensação de estar à deriva era sufocante.

Depois de vários minutos, levantou-se devagar. O chão frio contra os pés descalços a fez estremecer, mas não fez nada para afastar o torpor que se agarrava ao seu corpo. Ao passar pela mesa de cabeceira, viu a mensagem de Luana que tinha chegado cedo.

-Café às 10h. Não me deixa na mão, Emy.

Emily suspirou, sabendo que não podia escapar da manhã. Vestiu-se de qualquer jeito, sem se importar muito com o que via no espelho. Seu reflexo parecia distante, quase uma estranha. Era assim há tempos. As semanas se arrastavam, e ela mal conseguia reconhecer quem tinha sido antes, ou se já foi alguém de verdade. O nó no estômago apertava, mas ela o ignorava como fazia todos os dias.

Quando finalmente saiu de casa, sentiu o ar fresco bater no rosto. O caminho até o café era familiar, mas hoje parecia mais pesado. Cada passo exigia mais esforço do que o habitual, como se o mundo ao redor estivesse ficando mais denso.

No café, Luana já estava lá, sentada na mesa de sempre, rindo de algo no celular. Emily forçou um sorriso ao se aproximar, tentando fingir que tudo estava bem. Mas mal se sentou, e a amiga já começou a falar.

— Finalmente, né? Achei que ia me deixar plantada. Como foi ontem?

Emily apenas deu de ombros.

— Foi… foi o que foi, sabe? Nada demais.

Luana ergueu uma sobrancelha, mas não pressionou. Elas conversaram superficialmente por alguns minutos, Luana falando animadamente sobre algo no trabalho, e Emily balançando a cabeça de vez em quando, tentando parecer engajada. Mas sua mente estava longe. Ela olhava para as pessoas ao redor, imaginando como seria estar na pele de alguém que não se sentia constantemente presa em um ciclo de apatia.

— Emy, você tá bem? — Luana perguntou, agora com um olhar mais sério.

Emily olhou para ela e deu um sorriso vazio.

— Tô… só cansada.

Era uma mentira que ela dizia o tempo todo, mas era mais fácil do que admitir o caos dentro de si. A vontade de desaparecer, de não existir mais, era um pensamento constante. Mas quem entenderia isso? Nem ela mesma conseguia entender às vezes.

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