Ten
O vento suave da noite atravessava as janelas do carro, fazendo com que os cabelos de Nathaniel balançassem suavemente enquanto ele olhava pela janela, imerso em pensamentos. Rafaela dirigia em silêncio, os faróis iluminando a estrada deserta. O beijo de Emily ainda queimava em sua mente, e ele mal podia acreditar no que havia acontecido. Sentia o gosto do momento e, ao mesmo tempo, uma estranha sensação de responsabilidade e insegurança.Rafaela lançou um olhar rápido na direção do filho, percebendo a tensão nos seus ombros. Ela sempre soube que Nathaniel e Emily tinham uma conexão especial, mas nunca havia se aprofundado nisso com ele. Queria perguntar, queria entender melhor o que ele estava sentindo, mas ao mesmo tempo, havia uma barreira invisível que a impedia de fazer a pergunta certa. Talvez fosse o medo de se intrometer, ou talvez o medo da resposta.
Ela abriu a boca para falar algo, mas hesitou. Em vez disso, apertou levemente o volante e suspirou.
— Acho que os gêmeos estão esperando por você para dormir — disse, mudando o assunto antes mesmo de começar. Nathaniel notou a tentativa, mas estava aliviado por não ter que falar sobre o turbilhão de emoções que sentia no momento.
— É, eles devem estar aprontando alguma — respondeu, com um sorriso cansado.
Quando chegaram em casa, era exatamente isso que encontraram: Mikhael e Yuri correndo pela sala, rindo e jogando travesseiros um no outro. A casa era simples, com dois andares, confortável, mas sem os luxos que Emily estava acostumada. A diferença entre os dois mundos deles era evidente, e Nathaniel sabia disso, mesmo que nunca tivesse comentado. Enquanto Emily vivia em uma mansão, a casa dele era modesta, mas cheia de vida.
— Ei, moleques! Hora de dormir! — Nathaniel gritou, com um tom brincalhão, mas os gêmeos apenas riram e continuaram sua batalha de travesseiros.
— Nathan! Toca uma música pra gente dormir! — Mikhael pediu, com um brilho nos olhos.
— É! Uma música calma, senão não dormimos — Yuri acrescentou, segurando um travesseiro maior que ele.
Nathaniel sorriu, aceitando a rendição. Subiu para o quarto, pegou sua guitarra e voltou para a sala. Sentou-se em uma poltrona enquanto os gêmeos se acomodavam no sofá. Os primeiros acordes foram suaves, uma melodia lenta e calma, que preencheu o ambiente com uma serenidade acolhedora. Os olhos dos meninos foram fechando, lentamente. Em poucos minutos, estavam profundamente adormecidos, as respirações ritmadas ecoando pela sala.
Com cuidado, Nathaniel carregou os dois até o quarto, um de cada vez, e os colocou nas camas. Cobriu-os com carinho, e por um momento, apenas ficou ali, observando-os dormir. Havia algo de puro na forma como os irmãos se entregavam ao sono, sem as preocupações que ele carregava.
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Entre livros, poemas e observações
RomanceEmily, uma adolescente de 17 anos, luta contra a depressão, transtorno borderline e uma vida familiar caótica. Em meio a uma festa turbulenta, ela busca refúgio na companhia de um estranho misterioso: um jovem alto, de olhos azuis e cabelo preto tin...