Capítulo 30. Epílogo

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   Caí de joelhos ao lado da minha filha, lembrar-me de Satoru me atingiu tão profundamente que senti meu corpo borbulhar de dentro para fora.

— Papai. — Namie apoiou-se na fonte e bateu uma das mãos na água fazendo-a esguichar. — Papai. Papai. Papai.

— Você também viu? Viu minhas memórias? — A puxei pelos ombros, ela riu. Seu olhar era tão puro, e sua risada me trazia uma sensação reconfortante. — Amor, tem um monstro dentro da mamãe, um homem mau o colocou bem aqui. Consegue encontrá-lo?

Moxtu? Moxtu mau? — Ela disse, lembrei-me que, na sua idade, era difícil pronunciar palavras avançadas demais. Sorri e acariciei seus cabelos. — Pega mamãe! Pega!

Namie! Namie espera! — Corri, ela começou a correr pelo jardim. Pensava estarmos brincando de pega-pega. Sequer lembro-me de ensinar essa brincadeira.

Corri tanto que senti um embrulho no estômago, acabei perdendo Namie de vista, caí de joelhos sentindo-me exausta. Quando levantei a cabeça, meu corpo congelou.

— N-Namie.

— Fugindo da mamãe? Vêm, o tio Suguru ajuda você. — Ele estendeu a mão, cerrei os punhos no chão e me levantei.

— Não encosta nela! — Gritei, Namie virou para mim segurando a mão de Kenjaku. — Este é meu último aviso.

— Mamãe! — Namie estendeu a mão na minha direção, ele a pegou no colo. De repente o jardim se desfez, e pude ver onde realmente estava. Uma mansão da família Gojo, reservada, encoberta por um grande jardim... agora em chamas.

— Não pode se esconder de mim, temos uma ligação. — Ele disse e acariciou os cabelos de Hanami, cerrei os punhos com tanta força que senti a pele na palma da minha mão perfurar. — Tão nova, e já consegue usar sua expansão de domínio.

— O-o que?

— O Jardim de Cerejeiras. Claro, precisa ser aprimorado. Mas vamos cuidar disso, o tio Suguru vai cuidar disso.

— Pare de se passar por ele! — Dei um passo à frente, Kenjaku apontou sua mão para mim.

— Ainda tem algo que me pertence. — Ele disse e puxou o verme de dentro de mim, o senti subindo por baixo da minha pele. A sensação era de estar me cortando de dentro para fora, gritei fazendo Hanami se assustar.

— Mamãe!

— A mamãe está bem querida. — Ele disse e acariciou seu rosto, ela segurou seus dedos.

— N-Namie. — Chamei, o verme saiu pelo meu ombro fazendo um buraco em minha pele. Gritei.

Hanami começou a chorar, Kenjaku deu as costas e invocou uma maldição para me atrasar. Me mantive de pé, agora com sangue escorrendo pelo meu braço. Cerrei os dentes tentando conter a dor.

— Eu vou te matar! — Gritei, juntei as mãos e me concentrei. — Expansão de domínio, Templo da Inversão.

Uma grande barreira de energia caiu sobre nós, prendendo a criatura. Corri na sua direção, me dividindo em outras dez versões de mim mesma que atacaram o monstro diretamente. Todos os ataques que o monstro deferiu aos meus clones, recebeu em dobro, como se tivesse atacando ele mesmo. Puxei a katana de um dos guardas do Gojo, agora morto, e usei para finalizá-lo.

A batalha não durou muito mais que alguns minutos, mas foi o suficiente para Kenjaku desaparecer da minha visão. Segui a direção na qual ele havia levado minha filha. Avistei um dos soldados gemendo de dor no chão, sobre uma poça do seu próprio sangue. O puxei pela gola da camiseta.

HONEYMOON, Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora