Sobreviva se for capaz
Por MARIA ALVES
No tenebroso Prédio de Sangue, sobrevivência não é uma vitória - é uma maldição.
Amora Montgomery, mestre no arco e flecha, é arrancada de sua vida e jogada em um pesadelo onde jovens como ela lutam para ver...
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Querido Dylan
Escrevo esta carta com as mãos trêmulas, enquanto meu coração, aos poucos, se parte em mil pedaços.
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Sei que, quando você ler estas palavras, algo entre nós já terá mudado para sempre. E não há dor maior do que aceitar que a pessoa que mais amamos precisa seguir por um caminho diferente do nosso.
Eu ainda me lembro de quando te vi pela primeira vez. Seus cabelos negros ao vento, sua presença imponente, e aqueles olhos... ah, Dylan, aqueles olhos azuis que guardavam a imensidão de um oceano no qual eu me perdi. Naquele instante, algo dentro de mim soube que você seria parte da minha vida, uma parte tão essencial quanto o ar que respiro.
Lembra-se de como ríamos juntos?
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Das noites em que deitávamos sob as estrelas, contando histórias e sonhos, imaginando um futuro que agora sei que jamais viveremos? O som da sua risada ainda ecoa na minha mente, e eu fecho os olhos, tentando me agarrar a cada lembrança, como quem tenta segurar a areia que escorre entre os dedos. Mas o tempo, implacável como sempre, nos afastou, e nada que eu faça pode trazer de volta o que já se perdeu.
Você sempre foi tão forte, não só fisicamente, com seus braços que me envolviam e me faziam sentir segura, mas também no jeito como enfrentava o mundo. Eu, com meus cabelos ruivos desgrenhados e minhas inseguranças, sempre me senti pequena ao seu lado, mas você... você me fazia acreditar que eu era mais do que aquilo. Que eu era capaz de qualquer coisa. E, por isso, serei eternamente grata.
Mas agora, estou aqui, sozinha, escrevendo esta carta como um último adeus. Porque sei que chegou a hora de deixá-lo ir, mesmo que tudo dentro de mim grite o contrário. O amor, Dylan, também é saber quando é hora de soltar. E eu estou soltando. Com lágrimas nos olhos e dor no peito, mas com a certeza de que, por mais que doa, é o certo a fazer.
Vou me lembrar de você todos os dias, nas pequenas coisas. Na brisa que toca meu rosto, no som da chuva batendo na janela, no silêncio das noites que agora parecerão tão longas sem você ao meu lado. E vou sorrir, ainda que meu coração esteja apertado, porque, apesar de tudo, tivemos algo verdadeiro. Tivemos um amor que, por um breve momento, foi tudo o que eu precisava. Se, um dia, nossas almas se cruzarem novamente, eu estarei aqui, de coração aberto, esperando te encontrar de novo em um outro mundo ou um outro universo.
Hoje escrevo a carta que nunca quis escrever. Não sei se encontrarei palavras suficientes para expressar a dor que estou sentindo, mas preciso tentar, mesmo que minhas mãos tremam e meu coração pareça não aguentar.
Você se foi, e eu estou aqui, sozinha, tentando entender como o mundo continua girando enquanto o meu desmorona. É surreal pensar que, de agora em diante, tudo o que me resta de você são as lembranças. Mas mesmo as lembranças me parecem tão distantes agora, como se estivessem escapando de mim, como se minha mente não quisesse aceitar que a pessoa que eu mais amava não voltará
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Eu me pergunto, Dylan, como seguir sem você? Como acordar todos os dias e não te ter ao meu lado? Não ouvir sua voz suave me dizendo que tudo ficaria bem, não sentir seus braços me envolvendo quando o mundo parecia difícil demais de suportar. Você era minha fortaleza, meu porto seguro, e agora estou à deriva, perdida em um oceano de tristeza.
Por que o destino foi tão cruel? Por que o tempo que tivemos juntos foi tão curto? Eu nunca vou entender, e talvez nunca aceite. Você era jovem, cheio de vida, e nós tínhamos tantos sonhos, tantas promessas não cumpridas. Lembra-se de como falávamos sobre o futuro? Sobre a casa que queríamos ter, sobre os filhos que imaginaríamos correndo pela sala, sobre envelhecer juntos, de mãos dadas. Agora, todos esses sonhos morreram com você.
Eu me sinto vazia, Dylan. O silêncio da sua ausência é ensurdecedor. Tento lembrar do som da sua voz, do toque das suas mãos, mas tudo começa a se desvanecer, e isso me assusta. Não quero esquecer você, mas o tempo tem essa maneira cruel de apagar detalhes, e eu me agarro ao que posso, tentando manter você vivo dentro de mim.
Sei que, onde quer que você esteja agora, está em paz. Mas isso não diminui a saudade que me consome a cada segundo. Eu daria tudo para te ver mais uma vez, para te abraçar, para dizer o quanto te amo e o quanto você sempre será parte de mim.
Prometo, meu amor, que vou continuar, por mais difícil que seja. Vou carregar seu nome comigo, em cada passo que eu der, e vou viver pelos dois. Mas saiba que, até o fim dos meus dias, meu coração sempre estará com você. E, quando meu tempo chegar, espero te encontrar novamente, em algum lugar além deste mundo, e correr para seus braços como sempre fiz.
Adeus, meu amado Dylan, Com todo o amor e toda a dor, Amora.
