Capítulo 14 - LUNA

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.VALENTINA

Estava focada bisbilhotando o computador do meu pai. Eu mal piscava, tinha medo de algo passar diante dos meus olhos e eu não notar. Olhava pasta por pasta. Mas era difícil, quando a Luiza nasceu, meu pai estava iniciando sua carreira. Tinha acabado de construir esse hospital. Eu nem sei se ela já guardava os arquivos em pastas no computador. Nada, absolutamente nada aparecia. Como isso é possível? Será que estou no caminho errado?

Esfrego minha cara com força e respiro fundo. Me levanto caminhando pela sala pensativa. Eu acho que o que eu preciso não está dentro desse computador. A não ser que...

- O depósito! - Digo em voz alta.

Fecho tudo o que tinha aberto e antes de desligar o computador limpo todo o histórico. Não quero que meu pai sonhe que eu estou mexendo nas suas coisas. Saio da sala em passos rápidos, tudo é uma corrida contra o tempo e eu não aceito ficar mais um dia sem notícias da Luiza.

O depósito ficava no fundo do hospital, era preciso sair dele para acessá- lo. Ficava próximo as caçambas de lixo. Era um lugar isolado e sem muito movimento, o que era ótimo. E claro, a porta estava trancada. Então penso rápido e vou até a recepção.

- Oi, Samantha. Sou eu outra vez. - Dou um sorriso amarelo.

- Oi, querida. Precisa de algo? - Me olha atentamente.

- Sim, eu preciso da chave ali da sala de depósito. Por favor! - Dou um tapinha no balcão.

- Nenhum funcionário tem acesso à sala de depósito, Valen. Somente o seu pai. - Suspiro desapontada.

- Tem certeza? - Me debruço sobre o balcão olhando sua bancada.

- Absoluta, menina. - Ela ri fraco enquanto eu passava o olho por toda sua mesa. - Pede pro seu pai.

- Pedir pro meu pai... claro, pedir pro meu pai. - Sorrio cínica. - Obrigada, Sasa. Bom trabalho. - Jogo um beijo pra ela e saio.

É claro que meu pai não deixaria ninguém ter acesso ao depósito. Afinal, todos os podres dele devem estar nesta sala. Mas eu preciso entrar nela. Então caminho de volta ao fundo do hospital, analisando o espaço. Mas não tinha nada, além de uma janela alta que eu nunca conseguiria invadir pela altura.

- MAS QUE DROGA. - Chuto a porta.

Levo um susto com o toque do meu celular. Peguei o aparelho encarando a tela e era a Sofia. Mas eu estava ocupada demais pra atender agora, tentando descobrir como vou entrar aqui dentro. Desligo guardando o celular no bolso e mexo na fechadura com o cadeado. Mas Sofia me ligava repetidas vezes e o som desse celular já estava me irritando. Até que pelo cansaço resolvo atender.

- PORRA, FINALMENTE! - É a frase que ela diz.

- Estou ocupada Sofia, o que você quer? - Respondo direta.

- Eu acho que achei a Luiza. - Percebo o nervosismo em sua voz.

- QUE? COMO ASSIM? SEM BRINCADEIRA SEM GRAÇA, SOFIA ALENCAR. - Sinto meu corpo todo tremer.

- Jamais brincaria com uma coisa dessa. Eu resolvi seguir a Melissa. Ela veio até um balcão, que tem atrás da praça. Perto daquele posto de gasolina que pegou fogo, sabe? - Dizia sem parar. - Ela entrou nele e saiu meio atordoada. Tenho quase certeza que a Luiza está aqui.

- Sofia, fica escondida e não deixa ninguém te ver, eu estou chegando. - Minha respiração já nem era mais a mesma.

- Combinado, a Duda também está vindo pra cá. Vem logo! - Desligo e vou correndo em direção a minha moto.

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⏰ Última atualização: Sep 21 ⏰

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