Capítulo 06 - Trauma Silencioso

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POV ISADORA CAMPOS

Estava trancada no meu escritório o dia inteiro hoje. Tinha pego um caso complicado, e acho que esse não vai ter um resultado tão bom quanto o último. Massageava minhas têmporas de tamanha que era minha dor de cabeça, e no fundo agradeço por não ter pego esse resfriado da Luiza. Sendo que, se tem uma coisa que mais faço é ficar grudada na minha filha. Não importa quanto tempo passe e nem quanto o seu filho cresça, vê-los doente sempre vai apertar o coração de uma mãe.

Eu confesso ser um pouco obcecada na minha garotinha, é que meu maior medo é perdê-la. Desde que a Luiza nasceu, eu prometi pra mim mesma que, protegê-la e amá-la acima de tudo, seria a minha missão nessa terra como sua mãe. E assim eu faço. Lembro como se fosse hoje o dia do seu nascimento, que é um misto de sensações. Parir a Luiza foi a coisa mais preciosa que aconteceu na minha vida. Vê-la com vida e aqueles olhinhos pequenos como duas amêndoas me encarando enquanto eu segurava ela forte em meu braço pra que ninguém, absolutamente ninguém tirasse ela de mim. Ao mesmo tempo que esse foi o melhor dia da minha vida, junto com ele veio o meu maior pesadelo.

Saio do meu escritório e resolvo ir beber um remédio para dor de cabeça, amanhã será a primeira audiência do caso e isso realmente anda me deixando bastante nervosa. Ao sair notei a porta do quarto da Luiza fechada e confesso estranhar. Raras foram as vezes que vi essa porta fechada. Desde pequena, Luiza tem aflição de ficar em ambientes completamente fechados, ainda mais sozinha. As únicas vezes que essa porta está fechada é quando Valentina dorme aqui e sabemos bem o porquê. Inclusive, ela e essa sua mania de porta aberta foi o que dedurou o seu namoro privado. Já que a mesma falava com a namorada ao telefone e nem fazia questão de fechar a porta, mesmo seu quarto sendo ao lado do meu escritório.

Resolvo checar se estava tudo bem por ali e abro a porta, levando um susto. Pelo horário já era pra ela estar na faculdade, já que acordou se sentindo melhor e passou o dia de certa forma bem. Mas ela estava sentada na sua cama, com inúmeras fotos espalhadas pela cama. Seus olhos cheios. Sua respiração pesada.

— Eu também me emociono vendo essas fotos, sabia? — Luiza dá um pulo.

— Que susto! — Ela fecha os olhos e respira fundo.

— Não quis te assustar, meu amor. Desculpa. — Dou risada enquanto ela seguia com a mão no peito.

— Tudo bem, eu que estava longe. — Ela acaricia devagar uma foto de nós três, Eu, Raul e ela. Luiza tinha acabado de completar um ano e tinha dado seus primeiros passos.

— Achei que estava na faculdade. — Me sento ao seu lado colocando todo seu cabelo pro lado e depositando um beijo em seu ombro. — Estranhei a porta fechada.

— Ah, eu nem percebi que fechei... — Suspira e volta a folhear o álbum.

— Esse dia foi legal. Sua primeira vez na praia. — Sorrio. — Você estava com essa cara porque tinha muita aflição da areia nos seus pézinhos. Você ODIOU sua primeira experiência na praia. — Luiza fecha o álbum com cuidado dando um meio sorriso.

— Até hoje a areia me incomoda um pouco. — Ri fraco e olha a tela do celular. — Me perdi nas fotos. Preciso correr pra faculdade, já passou do horário. — Diz recolhendo todas as fotos.

— Deixa as fotos aqui, filha. To precisando desfocar do trabalho, vai ser bom rever esses momentos. — Me levanto parando na sua frente e Luiza me encara com força.

— Claro... — Ela me entrega tudo o que segurava sem quebrar nosso contato visual. — Ah, talvez a Valentina venha dormir aqui em casa hoje, tá?

— Sem problemas, o papai já tinha me avisado que você falou com ele! — Ela dá um sorrisinho e se vira. — Filha?

DUAS FACES - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora