Capítulo 05 - Valent(ina)

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POV VALENTINA:

Era final da tarde, já tínhamos visto o sol se pôr e essa vai ser pra sempre a coisa mais linda que meus olhos gostam de ver. Depois da minha namorada é claro. Estava na areia observando Luiza, Sofia e Duda, que estavam no mar. Meu olhar estava fixo nela e um sorriso surge em meu rosto assim que Luiza leva um caldo. As três riam sem parar, mas logo Sofia saiu da água.

- Eai? - Sorrio fraco enquanto ela se sentava do meu lado.

- Aqui nada, eai? - Sofia solta um suspiro assim que os olhos dela encontram a cacheada que estava com o maior sorriso do mundo correndo da Luiza, e logo as duas caem no mar.

Era lindo ver a forma que a Sofia olhava para Duda, carrega uma certa paixão e eu não sei porque elas evitam isso. Ou escondem até mesmo da gente. Ver a forma que a minha amiga olha pra cacheada me lembra muito a forma que eu olhava pra Luiza no começo de tudo.

Quando eu conheci a Luiza, eu jurava que jamais me aproximaria dessa garota. Ela era perfeita demais, e sempre queria agradar todo mundo o tempo todo. E pessoas assim, no meu ponto de vista, não eram confiáveis. Como pode alguém se doar tanto pro próximo sem querer o mínimo de algo em troca ou por interesse? Mas ao observar a Luiza diariamente, eu entendi que isso era dela. Como se fosse inclusive um traço da sua personalidade ser tão boa nesse nível. Então eu percebi que observar a Luiza tinha se tornando uma das coisas que eu mais gostava de fazer naquela faculdade. Sua generosidade com o outro, sua empatia, sua bondade e inclusive sua inocência. Tudo isso que eu jurava ser falsidade me cativou.

Mas mesmo assim eu sempre tentava manter uma distância segura entre nós duas. Eu não me aproximava muito. Porque não queria machucá-la com meu jeito frio e arrogante. A verdade era que, desde que eu tinha perdido minha mãe, eu sentia que não pertencia mais a nenhum lugar. Sempre achava que as pessoas se aproximavam de mim por pena. Eu cresci pensando assim e por mais que não fosse verdade, minha cabeça me convencia que era exatamente isso. E eu não queria e nem precisava da pena de ninguém. Principalmente da popularzinha da faculdade que todo mundo conhecia e admirava.

Mas eu não sei o que a Luiza fazia, que ela sempre conseguia me puxar pra perto, Luiza me olhava de verdade, como quem estivesse olhando algo mais profundo. Ela enxergava uma Valentina que estava tão adormecida aqui dentro, que eu já tinha me esquecido de como ela era, de como eu era, antes de acontecer uma tragédia na minha vida.

Eu tive muito medo de me entregar no começo da nossa relação. Eu era uma menina carente, confusa e machucada pela vida. Eu tinha medo de ser emocionalmente dependente da Luiza. Então eu segui mantendo a zona segura e fomos nos aproximando aos poucos. No tempo que precisou ser, e a partir do momento que eu derrubei essa barreira que eu tinha colocado entre nós, foi como se toda a negatividade que me rodeava desaparecesse. Então desde que a Luiza se aproximou, sua presença me nutria de um turbilhão de coisas e sentimentos bons, e eu nunca imaginei que a minha alma quebrada um dia fosse capaz de amar e se sentir amada desta maneira.

- Cuidado, a baba tá quase escorrendo. - Implico com Sofia.

- Não começa! - Ela me dá uma ombrada. - Mas realmente, é de babar! - Rimos.

- Aí, Sofia. - Suspiro e deito minha cabeça em seu ombro.

- Ei, o que foi, hein? Desde que chegou tá com uma carinha... - Ela se ajeita e envolve seus braços me abraçando.

- Nada, amiga. - Volto a seguir Luiza com o meu olhar.

- Eu te conheço desde os nossos 12 anos de idade. Me conta, o que tá pegando?

- É que hoje de manhã eu fui na casa da Luiza, e eu descobri que a Melissa dormiu lá. - Respiro fundo.

- Pera, o que? Não acredito que a Luiza dormiu com a Melissa. VALENTINA! - Nesse momento levanto minha cabeça.

DUAS FACES - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora