Capítulo 06

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— Hyung! Não vou ser de muita ajuda se você continuar errando assim — Riki reclama, frustrado.

Jaeyun não tem nada eloquente a oferecer. Ele está feliz que o mais jovem tenha concordado em fazer essa prática de dança repentina (que ele chamou de "um pedido de ajuda" para chantagear o garoto a aparecer) com toda a merda do ensino médio com a qual tem lidado. Ser popular sempre teve um preço. Mas Jaeyun parece não conseguir se concentrar. Os passos que ele conhece continuam se transformando uns nos outros, quanto mais aprender os novos. Seu estômago está embrulhado porque ele não consegue se lembrar da última vez que teve uma refeição decente. Ele também se meteu em uma situação bastante desesperadora.

— Você está falando sério sobre o Ryverse? Se está te estressando demais, não é melhor desistir?

Agora, isso não é uma opção. Jaeyun tem que participar do Ryverse. Levou dois anos inteiros de faculdade para ele ganhar confiança para entrar no grupo de dança. Todos ficaram surpresos quando ele passou, mas ninguém realmente viu as horas de dedicação que ele gastou aperfeiçoando cada movimento até que se tornassem um reflexo. O festival anual está chegando e é uma tradição para o grupo de dança organizar um flash mob logo após a cerimônia de encerramento, e eles sempre fazem uma obra-prima. Nunca é menos do que fenomenal. Então, este ano, Jaeyun vai fazer parte desse fenômeno.

— Niki, você vê que eu estou tentando, certo?— sai um pouco mais sarcástico do que Jaeyun pretendia, mas ele não tenta corrigir.

— Se é isso que você chama de tentar, então Deus nos salve.

Jaeyun já teve o suficiente. Ele pega sua bolsa e sai da sala sem dar uma segunda olhada para o mais jovem. Se Niki decidir se sentir mal pelo que disse, ele sempre pode entrar em contato mais tarde. Ele simplesmente não consegue lidar com um adolescente hormonal agora. É irritante como todos os seus amigos, todas as pessoas com quem ele convive já deixaram sua marca na faculdade. Eles conseguiram algum lugar influente porque as pessoas os conhecem. Jungwon está no conselho estudantil, literalmente o favorito de todos os professores, tem vocais incríveis (sabe dançar) enquanto ainda é calouro. Heeseung é um tudo-em-um. Não há uma única coisa que ele não possa fazer se realmente se esforçar (sim, também no grupo de dança, na verdade 1/3 do grande trio). Sunoo é o cavalo de Troia; você nunca sabe qual truque ele vai fazer a seguir. Sua imprevisibilidade é sua força (obviamente sabe dançar). E Sunghoon – bem, é melhor nem falar sobre ele. Nunca é uma boa ideia falar sobre ele ou pensar nele.

E ainda assim, Jaeyun sempre pensa. É patético que cada pequeno motivo oculto de Jaeyun seja Sunghoon. Tudo chega a um impasse diante dele. Quando Jaeyun chega a esse ponto, seus pensamentos não vacilam mais. Eles permanecem fixos, teimosos e inflexíveis, pensando na única pessoa que tem o poder de fazê-lo ou destruí-lo. Se Jaeyun for honesto, uma das razões pelas quais ele quer se sair bem no Ryverse é Sunghoon. Ele é o centro do Konstance, o grupo de dança oficial da faculdade, um coreógrafo genial e 1/3 do grande trio. Dançar sempre foi um hobby secundário para Sunghoon e, quando ele não quis entrar no grupo, adivinha quem o convenceu a fazer isso? Sim, Jaeyun. Na escola, os dois costumavam se esgueirar para um estúdio vizinho durante o intervalo para coreografar seus favoritos pessoais. Sunghoon sempre foi melhor nisso, mas o entusiasmo de Jaeyun compensava suas deficiências. E não é como se Sunghoon reclamasse. Não é como se ele criticasse Jaeyun. Pelo que sabe, ele incentivava seu amigo até mesmo nos erros. Talvez isso tenha empurrado Jaeyun todo esse tempo.

A faculdade não foi fácil para ele, ainda não é. Com Sunghoon se distanciando para ser integrado a um novo grupo de amigos, Jaeyun foi colocado à margem social. Ele lutava para interagir com outros estudantes, quanto mais buscar ajuda dos professores. Diferente da escola, não havia Sunghoon ao seu lado quando estranhos faziam piadas sobre seu sotaque australiano que não desaparece. Sua autoestima caiu enquanto ele contemplava tentar atividades extracurriculares. Talvez ele apenas quisesse que Sunghoon o chamasse uma vez, para pedir que ele também entrasse no grupo de dança. Mas ele nunca fez isso. Jaeyun o viu arrasar em cada performance, sorrindo com orgulho porque teve a chance de testemunhá-las de perto, mas todo esse tempo, tudo o que ele desejava era estar ao seu lado.

Nova mensagem de Honnie

Hoonie: 

Jake, você vai me deixar explicar, por favor?

Um cansaço toma conta de Jaeyun. Ele não quer enfrentar Sunghoon porque está tão irritado. É o mesmo padrão de sempre. Quantos mais "sinto muito" podem consertar isso? Não é que ele vai ficar com raiva dele para sempre porque, bem, ele simplesmente não tem isso em si para chegar a esse ponto, mas—

Hoonie: 

Você está no dormitório?

Deus, Jaeyun, por favor, atenda minhas ligações.

Jake, me escuta desta vez.

Você está na sala de dança?

Por favor, não me ignore, eu não consigo suportar isso.

Porra, Sim Jaeyun, atenda seu maldito telefone!

Isso não é mais engraçado.

Jaeyun não consegue entender o desespero. É muito diferente de Sunghoon bombardear ele com mensagens só porque eles não conversaram por um dia. A preocupação imediatamente o enfraquece. E se Sunghoon realmente precisar de ajuda?

— Jake!— Jaeyun se assusta ao ver Sunghoon no final do corredor. Por algum motivo, ele continua andando, sem parar para que o outro alcance.

— Jake! Pare!— Sunghoon grita.

— Sunghoon, eu não quero falar com você agora — Jaeyun grita de volta. Ele sente que Sunghoon está correndo agora. Mas ele ainda não para de se afastar.

— Espere—

— Eu te ligo de volta—

Suas palavras morrem em sua garganta quando um par de braços o envolve por trás, até mesmo prendendo suas mãos, puxando-o de volta para o peito de Sunghoon. Jaeyun fica sem reação. Seus sentidos ficam apáticos até que a única coisa que ele pode ouvir é seu coração batendo descontroladamente. Sunghoon enterra seu rosto no pescoço de Jaeyun enquanto seu abraço se torna mais forte.

— Por favor, deixe-me falar, por favor, Jaeyun-ah — ele sussurra. Jaeyun de repente perde a habilidade básica de responder. Ele não consegue nem mesmo emitir um som. Pelo que sabe, o contato físico abrupto o deixou sem vida. Então, ele fica ali, envolto nos braços de Sunghoon, enquanto este continua com o que tinha a dizer.

— Sinto muito por não ter aparecido. Não só por ontem, mas por todas aquelas vezes em que você teve que me esperar. Eu– eu sou tão fodido quanto se pode ser, mas a— ele inala profundamente — A ideia de você não falar comigo é assustadora demais para eu lidar.

Jaeyun derrete. Sua determinação se evapora por completo. Ele está ouvindo isso direito?

— Eu posso errar novamente e eu não vou te culpar se você decidir ir embora, mas por agora...por agora, eu realmente preciso de você comigo. Então, por favor, por favor, Jaeyun-ah, você pode...você pode ficar por perto? Por um pouco mais de tempo?— Sunghoon soa tão sincero que Jaeyun tem a audácia de pensar que está de volta à escola.

— Você realmente quer dizer isso?— A voz de Jaeyun quebra no final.

— Sim, quero, vai me olhar agora?

Sunghoon solta seu abraço enquanto Jaeyun lentamente se vira para encontrar seus olhos. É engraçado como a primeira coisa que ele consegue fazer é sorrir – sorrir com o quanto Sunghoon parece preocupado. Preocupado com o quê? Ele estava realmente tão assustado de perdê-lo? Desde quando ele significava tanto para ele?

— O que você está olhando?— Sunghoon franze a testa. Jaeyun balança a cabeça em resposta.

— Bem...— Sunghoon começa, — Se você estiver livre...então quer ir a pista de patinação agora?

Quando é que eu já disse não para você?

— Só se você pagar o almoço depois.

Sunghoon ri, alívio inundando seu sistema — Fechado.

Jaeyun sente-se elevado.

𝗘𝗻𝗶𝗴𝗺𝗮 | 𝗝𝗮𝗸𝗲𝗵𝗼𝗼𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora