Capítulo 10

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Não há muito o que se possa fazer quando se está preso em um estereótipo. Sua imagem já não lhe pertence para ser moldada, pois essa responsabilidade foi transferida há muito tempo para a opinião pública. Sunghoon parou de lutar contra a vontade de negar as acusações populares feitas contra ele; ultimamente, ele permite que os rumores o consumam completamente, a ponto de realmente deixar que isso molde sua personalidade. Ele acorda para a mesma manhã monótona, arrasta-se para as aulas, deixa que seus colegas o levem a festas e raves sem sentido, transa com alguém de quem nem se lembrará no dia seguinte e repete, repete até virar um reflexo. Sua saúde mental vem exibindo um declínio constante, atingindo um novo fundo do poço a cada vinte e quatro horas. Embora, em algum lugar no fundo de sua mente, ele saiba que isso tem muito a ver com a ausência de Jaeyun em sua vida, suas teimosas células cerebrais ainda não estão prontas para aceitar isso.

— Yaaah, Park Sunghoon, espera aí!— Jay chama por trás e corre para acompanhar seu ritmo.

— A seleção final para o Ryverse é hoje, você sabe disso, certo?— ele informa.

— Eu não sabia, na verdade — Sunghoon esfrega a nuca. — O que tem?

— Nós é que vamos julgar, gênio. Heeseung e Jungwon não podem vir porque estão ocupados com coisas do conselho estudantil. Estou me sentindo meio poderoso.

Sunghoon não poderia estar mais indiferente. — Posso desistir também?

— Você vai me jogar debaixo do ônibus assim?

— Não seria mais 'poderoso' se você fizesse tudo sozinho?

— Para com a besteira, você vai estar lá, ponto final.

Sem esperar uma confirmação, Jay arrasta seu amigo desinteressado para a sala de dança. Sunghoon, como de costume, deixa-se ser arrastado. Ele já está habituado demais a isso. É de sua responsabilidade julgar as audições de forma justa, pois isso determina a formação final, o que é um grande negócio para garantir o sucesso do evento, e ele sabe disso. Mas, mesmo assim, ele não consegue se concentrar. Seus olhos passam superficialmente por cada apresentação. Ele nem consegue se lembrar da coreografia que ajudou a preparar.

— Cara, se concentra pelo menos um pouco. Você está literalmente sentado aí como uma maldita estátua — Jay bufa, baixo.

Sunghoon pode sentir sua impaciência aumentando com a falta de feedback ou opiniões construtivas.

— Você criou essa rotina, cara, há um limite para o que eu posso fazer para ajudar. Você é mais adequado para marcar ou reconhecer os pontos de melhoria deles.

— Estou meio fora de sintonia — ele estala a língua. — Mas vou tentar observar os próximos.

É verdade que Sunghoon não está em um estado mental estável, mas é mais a possibilidade de Jaeyun aparecer a qualquer momento nos próximos minutos que perturba sua paz interior. Já faz dez dias desde que ele o viu pela última vez e, depois de destruir sozinho qualquer chance de redenção, ele sinceramente não desenvolveu coragem para procurar Jaeyun. Houve momentos em que ele digitou uma longa mensagem, pedindo desculpas, apenas para apagar tudo depois. Houve também momentos em que, afundado em desespero, seus dedos pairaram sobre o número de Jaeyun, a um centímetro de clicar para ligar, mas ele simplesmente não conseguiu. Ele não conseguiu porque sente vergonha de suas ações, vergonha de como o tratou. Quantas vezes mais ele será perdoado? Jaeyun está melhor sem ele. Deve estar.

— Próxima pessoa, por favor — Jay anuncia, alheio ao pânico interno de Sunghoon.

— Huh, não sabia que o veria aqui — Jay comenta, o que leva Sunghoon a desviar sua atenção para o novo participante.

𝗘𝗻𝗶𝗴𝗺𝗮 | 𝗝𝗮𝗸𝗲𝗵𝗼𝗼𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora