𝓸𝓫𝓮𝓼𝓼ã𝓸 𝓹𝓻𝓸𝓲𝓫𝓲𝓭𝓪 𝑘𝑎𝑖 𝑚𝑜𝑟𝑖 Devil's Night

Capítulo 4: A Dança da Esperança

Point of view Mya

Sete semanas se passaram desde que a vida, como a conhecíamos, desabou. Sete semanas desde que Michael, Kai e os outros meninos foram levados para aquele lugar frio e sem esperança, o centro de detenção juvenil. Sete semanas de noites mal dormidas, de lágrimas silenciosas, de um vazio que se instalou no meu peito, tão profundo quanto o mar.

Hoje, no entanto, a vida me obrigava a seguir em frente, a fingir que o mundo não havia se tornado um lugar escuro e cruel. Hoje era o dia da minha apresentação de ballet, um momento que antes me enchia de alegria, agora carregado de um peso que eu tentava ignorar.

A mansão Christ, que antes era um refúgio, agora era um palco de dor, um lembrete constante da minha própria impotência. Mas meus pais e a Tia Claire estavam lá, com seus sorrisos forçados, tentando me dar força.

Enquanto me preparava nos bastidores, a Tia Claire, com seus olhos cheios de compaixão, me envolveu em um abraço apertado. "Mya, querida, você vai ser incrível. Confie em si mesma, na sua força e no seu talento. Estamos todos aqui te apoiando."

"E lembre-se, a dança é sua forma de falar, de expressar tudo o que você sente. Deixe sua alma fluir através dos movimentos." Emory, meu amigo e colega de ballet, acrescentou, sorrindo com gentileza. Ele sempre foi um anjo, me dando força e compreensão nos momentos mais difíceis.

"Eu sei que você vai arrasar, Mya. Você é a melhor!" Noah, outro amigo, completou, dando um tapinha amigável em meu ombro. Noah, com seu jeito brincalhão, tentava me fazer sorrir, mesmo que por um instante.

White, meu amigo mais próximo, se aproximou, segurando um lindo buquê de flores. "Mya, antes de você entrar, tem uma coisa para você. Kai pediu para te entregar. Ele queria te desejar boa sorte, mas sabe que você vai brilhar muito nessa apresentação. Ele está muito orgulhoso de você."

As flores, cheirosas e vibrantes, me trouxeram uma onda de emoção. A lembrança de Kai, a saudade, a confusão, tudo se misturava em meu coração. Ele estava lá, preso, mas ainda se preocupava comigo. Aquele gesto simples me deu uma força que eu não sabia que precisava.

Justo nesse momento, Erika, uma amiga da escola e confidente, se aproximou. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, como se ela tivesse chorado.  "Mya, posso falar com você um minuto?"  Ela parecia nervosa, inquieta.

"Claro, Erika. O que foi?"

Erika respirou fundo, como se estivesse se preparando para dizer algo importante.  "Mya, eu descobri quem prendeu os meninos.  Eu... eu sei quem está por trás disso."

"O quê?  Quem?"  Meu coração disparou.  A esperança, tão tênue, que eu havia conseguido manter viva, começou a se apagar.

Erika hesitou por um instante, seus olhos fixos no chão.  "Eu não posso te contar agora.  É muito perigoso."  Seu olhar se desviou para a porta, como se temesse que alguém estivesse ouvindo.  "Mas eu vou te contar tudo depois.  Prometo."

Antes que eu pudesse perguntar mais, Trevor, o irmão de Erika, entrou na sala.  Ele parecia irritado, e seus olhos estavam fixos em Erika.  "Erika, o que você está fazendo aqui?  Eu te procurei por toda parte."

Erika ficou em silêncio, seus olhos baixos.  Ela parecia estar escondendo algo, e eu sentia uma pontada de medo.

"Erika, o que está acontecendo?"  Trevor insistiu, sua voz se tornando mais firme.

Erika ainda não respondeu.  Ela apenas mordeu o lábio inferior, olhando para Trevor com um misto de medo e raiva.

Trevor se aproximou dela, colocando a mão em seu ombro.  "Erika, por favor, me fale o que está acontecendo."