O Silêncio da Esperança 5

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O sol da manhã, ao raiar, iluminou a escola, mas a atmosfera permanecia carregada. Era como se a culpa do Michael, meu irmão, tivesse se espalhado como um vírus, contaminando a atmosfera da escola.  Eu sentia o olhar de cada um sobre mim, um olhar que me acusava, que me julgava, que me tornava cúmplice de um crime que eu sabia que Michael não havia cometido.

"Olha só, a irmãzinha do bandido", um garoto da turma, com um sorriso malicioso, sussurrou para os amigos.

"É, a família toda é bandida", outro garoto completou, rindo alto.

Meu sangue gelou. As palavras, cruéis e dolorosas, me atingiram como um soco no estômago.  Eu me encolhi, tentando me esconder dos olhares de julgamento, mas era impossível. Eu era a irmã do Michael, o "bandido", e a culpa se espalhava como uma mancha de tinta sobre minha reputação.

As aulas se arrastaram como se cada minuto durasse uma eternidade. Tentei me concentrar nas explicações dos professores, mas minha mente vagava, atormentada pelas palavras cruéis dos colegas, pela imagem de Michael atrás das grades e pela sensação de impotência que me oprimia.

No intervalo, me sentei em um canto do pátio, observando os outros alunos. As risadas, as brincadeiras, a energia vibrante da juventude pareciam um universo distante, inacessível a mim.  Eu me sentia como uma ilha isolada, cercada por um mar de julgamentos e rejeição.

Erika, sempre atenta à amiga, se aproximou, com um sorriso forçado. "Mya, você está bem?", ela perguntou, com um tom de preocupação.

"Estou sim, só um pouco cansada", respondi, forçando um sorriso.

Erika, com seu jeito impulsivo e protetor, me abraçou. "Não liga para eles, Mya. Eles não sabem nada. O Michael é inocente, e todo mundo vai saber disso."

White, sempre a mais observadora, concordou. "Erika está certa. O Michael é um bom garoto. Ele não faria isso."

Mas a dúvida, a insegurança, a angústia me corroíam por dentro.  Eu confiava em Michael, mas as provas contra ele eram fortes. E a cada dia que passava, a esperança diminuía.

Erika, percebendo a tristeza que carregava, decidiu contar o que havia descoberto. "Mya, eu preciso te contar uma coisa. Eu sei quem prendeu o Michael e os outros meninos. Foi o Trevor."

"O Trevor? Mas por quê?", perguntei, chocada.

"Ele sempre foi invejoso do Michael. Ele queria ser o herdeiro da família Christ, e o Michael era o único que estava no seu caminho."

"Mas como você sabe disso?",  questionei, incrédula.

"Eu ouvi uma conversa dele com o pai. Ele estava falando sobre como ia se livrar do Michael e assumir o controle da empresa."

Fiquei em silêncio, processando a informação. A raiva, a tristeza, a confusão se misturavam em meu coração. Eu não conseguia acreditar que o próprio irmão de Erika, meu amigo, fosse capaz de algo tão cruel.

"Mya, eu sei que é difícil de acreditar, mas é a verdade. Eu vi o Trevor com os policiais que levaram os meninos. Ele estava sorrindo, como se estivesse satisfeito com o que havia feito."

Me levantei, sentindo um frio na espinha. Eu precisava saber a verdade. Eu precisava ajudar Michael. Eu precisava fazer justiça.

"Erika, o que a gente faz agora?", perguntei, com a voz tremendo.

"Eu não sei, Mya. Mas a gente não pode deixar isso assim. A gente precisa fazer alguma coisa."

O sinal tocou, anunciando o fim do intervalo. Voltei para a sala de aula, com a mente cheia de dúvidas e o coração pesado. A verdade, como uma pedra, se alojou em meu coração, deixando um vazio frio e a sensação de que nada seria como antes.

Mas a promessa de uma noite de pijama na casa de Emory me reconfortou. Era a noite de sexta-feira, e nós, as amigas, nos uniríamos para enfrentar os desafios da vida, para fortalecer a esperança, para proteger o Michael e para buscar justiça.

A noite caiu, e a casa de Emory se encheu de risos, confissões e segredos. As meninas se entregaram à alegria da amizade, compartilhando histórias, brincando de jogos e esquecendo, por um momento, a tristeza que as oprimia.

"Mya, você está bem?", Emory perguntou, com um tom de preocupação.

"Estou sim, só um pouco cansada", respondi, forçando um sorriso.

"Não liga para eles, Mya. Eles não sabem nada. O Michael é inocente, e todo mundo vai saber disso", Erika disse, com um abraço apertado.

"Erika está certa. O Michael é um bom garoto. Ele não faria isso", White concordou.

"Vamos fazer um karaokê para animar a noite!", Emory sugeriu, ligando o som.

"Eu adoro karaokê!", White exclamou, animada.

"Eu também!", eu disse, tentando afastar a tristeza que me oprimia.

"Vamos cantar todas as músicas do Michael!", Erika disse, com um sorriso.

"E quem sabe a gente não inventa uma coreografia nova?", White sugeriu, rindo.

"A gente precisa de um bom filme para assistir depois", Emory disse, pegando a pilha de DVDs.

"Que tal um filme de terror?", White perguntou, com um olhar desafiador.

"Não, eu prefiro comédia!", eu disse, tentando aliviar a tensão.

"A gente pode fazer uma maratona de filmes", Erika sugeriu.

"E claro, não podemos esquecer do nosso ritual de beleza!", Emory disse, pegando as máscaras faciais.

"A gente precisa de um bom banho de espuma!", White exclamou, animada.

"E muitas guloseimas!", eu disse, abrindo a caixa de doces.

A noite passou rápido, entre risadas, músicas, filmes e conversas.  Erika observava Mya, percebendo a dor que ela carregava. Ela queria contar a Mya o que havia descoberto, mas a informação era tão pesada, tão chocante, que ela não conseguia encontrar as palavras.

As amigas se despediram com um abraço apertado, prometendo se encontrar em breve. Mya, ao voltar para casa, sentiu um aperto no coração. Ela sabia que a vida delas jamais seria a mesma, mas a lembrança daquela noite, da alegria e da amizade, a enchia de esperança.

Essa “Girls Night”, seis meses atrás, era um lembrete da força da amizade, da importância de se divertir e de que, mesmo em meio às dificuldades, a vida ainda podia ser bela.

𝓸𝓫𝓮𝓼𝓼ã𝓸 𝓹𝓻𝓸𝓲𝓫𝓲𝓭𝓪 𝑘𝑎𝑖 𝑚𝑜𝑟𝑖 Devil's Night Onde histórias criam vida. Descubra agora