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O palácio imperial era um lugar enorme. Não se tratava de um castelo semelhante aos encontrados na Europa, pois se assemelhava mais a um casarão do período colonial, embora fosse maior. Era pintado com diversas cores, especialmente aquelas que compõem a bandeira nacional. Era um lugar encantador, com esculturas e jardins que o faziam pensar que estava no paraíso. Maximiliano se sentiu à vontade ali.
Max entrou pela porta principal e sentiu o ar fresco contra o calor abrasador de Brasília. Não era a primeira vez que visitava o palácio, mas, a cada nova visita, ficava mais impressionado com a beleza do local. O ambiente era ornamentado com móveis e tapeçarias que contavam a história do império de forma elegante e refinadas.
Uma reunião foi marcada para o meio-dia da sexta-feira. O próprio Dom Bertrand havia ligado para Max para solicitar a sua participação na discussão do regimento com Edward, solicitando a sua presença naquele dia. Daniel também foi intimado a aparecer, e isso eriçou os pelos de Max. Na quinta-feira, levantou-se da cama cedo e acordou seu filho. Eles levaram muito mais tempo do que o esperado para chegar ao aeroporto devido ao cabelo comprido revolto do rapaz. No entanto, eles não se atrasaram mais, pois havia sido enviado um avião para buscar os dois.
Daniel não perguntou muito sobre por que acordou tão cedo para participar de algo que no final não lhe dizia muito respeito. Os comandantes e o imperador, não os soldados, deveriam decidir sobre o regimento. Seja como for, lá estava ele indo para a capital pela primeira vez. E ali estava Daniel, observando seu pai entrar no casarão para discutir sabe-se lá o que com o monarca.
Um oficial de cerimonial recebeu Max e o conduziu até uma sala de reuniões, que estava decorada com elegância, mas também com um toque de sobriedade que refletia a seriedade dos assuntos que seriam tratados. Max expirou profundamente e ajustou sua gravata antes de se sentar na cadeira principal. Embora estivesse ciente de que a reunião com Edward e Bertrand seria crucial, não esperava que os temas abordados fossem tão complicados.
A porta se abriu e Edward Lawrence entrou com um sorriso irônico no rosto e a postura habitual de quem se sentia sob controle. Dom Bertrand o seguia com uma expressão de seriedade. Max acenou e sorriu. Embora estivesse ciente de que seu objetivo era negociar as condições futuras do Regimento Santana, sentia que havia algo mais em jogo.
— Vossa majestade imperial, Edward.
— Max, é um prazer revê-lo — disse Bertrand.
O magnata inglês apenas cumprimentou com um aceno de cabeça. Logo os três se sentaram e a reunião finalmente começou. Antes que Dom Bertrand pudesse falar, Edward interrompeu e disse:
— Vamos direto ao ponto, meu caro. Estamos em tempos de decisões importantes, e as escolhas que faremos hoje determinarão o futuro do regimento.
Max fez um suspiro.
— Continue, estou aberto a sugestões.
Edward olhou atentamente para Bertrand, que fez um gesto suave para prosseguir.
— Temos uma proposta que gostaríamos de apresentar, uma proposta que acreditamos ser útil para ambas as partes e que pode resolver o problema definitivamente.
Curioso, Max franziu a testa. Edward, o homem de negócios sempre astuto, parecia estar prestes a revelar um plano minucioso.
— Pensamos que chegar a um consenso pessoal seria a melhor maneira de resolver a situação.
— No que está pensando, Edward?— perguntou Max, com uma pitada de ansiedade.
— Proponho uma união entre nossas casas — prosseguiu o magnata.
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O Labatut
General FictionE se, em 1964, após o golpe militar, o Brasil vivenciasse uma guerra civil? E se os generais optassem por restaurar a monarquia em 1985? E se o Brasil se tornasse uma potência global? "O Labatut" apresenta uma narrativa empolgante protagonizada pelo...