Sentimentos a flor da pele

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O aniversário de Murilo estava animado. A casa dele parecia pequena para tanta gente, e o som alto reverberava pela sala enquanto os amigos riam, conversavam e aproveitavam a noite. Mikaely, ao chegar, sentiu o frio na barriga que sempre vinha quando se tratava de Murilo. Eles estavam ficando há pouco tempo, mas ninguém sabia. Ela usava um vestido prata, um pouco curto, com um par de Nikes preto e branco, enquanto Murilo, com sua camiseta samba, calça jeans e um casaco estilo de corrida, estava no centro da atenção de todos.

Logo que entrou, Mikaely avistou alguns dos amigos de Murilo: Miguel, Henrique, Natanael, Rafael, Pedro, Emanuel, Bernardo, Gabriel, Lorenzo, Kaonn, Mickael, e as garotas Isabela, Lara, Maisa, Karen, Laura, e... Isis. Mikaely respirou fundo ao ver Isis, aquela garota irritante que parecia não conseguir parar de se jogar para cima de Murilo. Ela nunca gostou de Isis, e desde que ela começou a se aproximar mais de Muri, a situação ficou ainda mais tensa.

Isis, como esperado, estava perto de Murilo, rindo de tudo o que ele dizia, com as mãos tocando levemente o braço dele a cada piada. Mikaely tentou ignorar, mas não era fácil. Mesmo com todo o barulho da festa, o riso agudo de Isis parecia perfurar seus ouvidos. Ela respirou fundo, tentando se controlar.

Maisa se aproximou de Mikaely, sorrindo.

— Ei, Mik, você tá bem? Tá meio calada — Maisa observou, com um olhar curioso.

— Tô sim, só... pensando. — Mikaely forçou um sorriso.

A verdade era que ela estava com ciúmes, mas não queria que ninguém percebesse. Afinal, ela e Murilo ainda não tinham contado a ninguém sobre o que estava acontecendo entre eles. E a última coisa que ela queria era ser aquela garota que demonstrava ciúmes em público.

Ela ficou perto de Maisa e Laura, tentando se distrair. O som alto da música, as piadas dos amigos, tudo contribuía para um ambiente animado. Mas sempre que olhava para Murilo, lá estava Isis, rindo, se aproximando, tocando. E Murilo, por mais que não estivesse retribuindo de forma exagerada, também não parecia afastá-la.

Em um momento, Mikaely viu Isis sussurrando algo no ouvido de Murilo e sua paciência chegou ao limite. Ela estava prestes a sair da sala para tomar um ar, quando sentiu uma mão puxando seu braço. Era Murilo.

— Vem cá, Mik, preciso falar com você — ele disse, com um olhar preocupado.

Ela o seguiu até um canto mais tranquilo da casa, longe da música e das conversas. O coração de Mikaely estava acelerado, e ela tentava esconder o nervosismo.

— O que tá acontecendo? — ele perguntou, diretamente, olhando-a nos olhos.

— O que você quer dizer com isso? — Ela evitou o olhar dele, cruzando os braços.

— Você tá estranha, desde que chegou. Quase não falou comigo. E eu te conheço, Mik. Sei que tem alguma coisa te incomodando.

Ela suspirou, finalmente encarando-o.

— Não é nada, Muri. Eu só... — Ela hesitou, mas a irritação dentro dela explodiu. — É aquela tal de Isis! Você não percebe como ela fica em cima de você?

Murilo pareceu surpreso por um momento, mas logo riu, balançando a cabeça.

— Tá com ciúmes, é isso? — ele perguntou, o tom de voz leve, mas com um toque de brincadeira.

Mikaely sentiu o rosto esquentar e olhou para o lado.

— Não é ciúmes. Eu só... Não gosto dela, tá bom? E é irritante ver ela ficar toda em cima de você, como se... como se não houvesse mais ninguém na festa!

Murilo deu um passo à frente, se aproximando mais dela. Ele segurou o queixo de Mikaely com delicadeza, fazendo-a olhar para ele.

— Mik, você sabe que eu não ligo pra isso, né? — ele falou, suavemente. — A única pessoa que me importa aqui é você.

Mikaely sentiu o coração disparar. Mesmo com a irritação, não pôde deixar de sorrir um pouco.

— Você fala isso agora... mas ela tá sempre colada em você. E a gente nem pode dizer pra ninguém que estamos juntos.

Murilo suspirou e acariciou o rosto dela.

— Eu sei. Mas isso não muda o que eu sinto por você. Ninguém precisa saber ainda, se você não quiser. Mas isso não significa que não estamos juntos.

Antes que ela pudesse responder, Murilo se inclinou e a beijou. O beijo foi lento, carregado de sentimentos que eles ainda estavam descobrindo. Mikaely retribuiu, esquecendo completamente da festa, de Isis, de todo o resto. Só importava ele, naquele momento.

Quando se afastaram, ele sorriu.

— Tá mais tranquila agora?

— Um pouco — ela admitiu, com um sorriso tímido.

— Ótimo. Porque eu quero você comigo nessa festa, Mik. Não com essa cara de quem vai explodir a qualquer momento — ele riu.

Ela deu um leve empurrão nele, rindo também.

— Tá, vou tentar.

Eles trocaram mais alguns beijos rápidos antes de voltarem para a festa. Quando entraram novamente, Mikaely sentiu uma confiança renovada. Ela sabia que Murilo estava do lado dela, e isso era suficiente.

Murilo fez questão de passar mais tempo ao lado dela, entre as conversas com os amigos e as brincadeiras. E, embora Isis ainda estivesse por ali, Mikaely simplesmente ignorou. Toda vez que sentia o incômodo, Murilo a segurava pela cintura, ou sussurrava algo engraçado no ouvido dela, e tudo parecia ficar mais leve.

A noite passou rápido, com as risadas ecoando pela casa. Quando a festa começou a se dispersar, Mikaely e Murilo se despediram dos amigos, sem pressa de dizer adeus um ao outro. Afinal, eles tinham descoberto que, mesmo em meio a uma multidão, bastava estarem juntos para que tudo fizesse sentido.

E, naquele momento, Mikaely não tinha mais dúvidas: ela e Murilo eram um casal, mesmo que o mundo ainda não soubesse disso.

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Primeiro amorOnde histórias criam vida. Descubra agora