Capítulo 4 - Belo Horizonte

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Oi, gente! 😺

Consegui um tempinho pra postar esse cap hoje, então eu espero que vocês gostem!!! 💕

Se puder deixar um comentário ou uma estrelinha, agradeço muito, é importante pra eu saber se vocês estão gostando!🥲

Boa leitura!!! 💕💕💕

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Chegar em Belo Horizonte, ver minha mãe e meu irmão me deu uma sensação de conforto imediato. Eu sabia que eles estavam orgulhosos de mim, sempre estiveram, mesmo nos momentos em que eu mesma não conseguia enxergar minhas conquistas. O abraço da minha mãe era casa. E o Nadal... Ele veio correndo, quase escorregando no chão da cozinha, com aquele rabinho abanando sem parar.

"Oi, meu gordinho", falei baixinho, me abaixando para abraçá-lo. Senti uma alegria momentânea ao esfregar seu pelo macio, o cheirinho familiar que eu tanto amava.

Passei algum tempo conversando com a minha mãe, rindo das histórias cotidianas que ela me contava. Era bom desligar um pouco da minha própria mente, ouvir as novidades bobas do dia a dia. Fernando também apareceu, e entre risadas e piadas familiares, o tempo voou. Por algumas horas, consegui esquecer a pressão, a frustração e o peso nas minhas costas.

Mas logo era hora de voltar. Eu sabia que precisava descansar depois de uma viagem longa, mas, mais do que isso, eu precisava de um tempo sozinha. Despedi-me da minha mãe e do meu irmão, prometendo que voltaríamos a nos encontrar em breve, e voltei para o meu apartamento.

Assim que cruzei a porta, senti um vazio pesado cair sobre mim. O silêncio do meu próprio espaço era quase sufocante. Nadal corria ao meu redor, mas até ele parecia perceber que algo estava diferente. Fechei a porta atrás de mim e fiquei parada por um momento, olhando ao redor.

O apartamento era o mesmo de sempre, mas tudo parecia diferente. Talvez fosse eu que estivesse diferente.

Fui até a cozinha para pegar um copo d'água, e meus olhos caíram nas fotos e desenhos das gêmeas que ainda estavam presas na minha geladeira. Senti um nó na garganta ao ver os sorrisos delas. Como eu queria poder subir alguns andares e matar essa saudade que não passa. Eu sempre fui discreta com meus sentimentos, não sou de ficar chorando pelos cantos, mas a verdade é que... dói. Dói muito. O término foi brutal, e a forma como as coisas aconteceram, com tanta exposição, só fez piorar tudo.

Respirei fundo e tentei desviar o olhar, mas meu corpo já estava mais pesado, como se todas as emoções que eu vinha segurando durante as Olimpíadas, as entrevistas, as cobranças, tudo, estivesse finalmente me alcançando.

Nunca fui ingrata. O bronze... o bronze é uma conquista. Eu sei disso. Mas... droga, eu queria tanto o ouro. Nós todas queríamos. Era o sonho. E, mais uma vez, ele escapou por entre os meus dedos. Por que nunca parece ser suficiente? Eu sempre dou o meu melhor, treino como nunca, me esforço, luto, mas parece que há algo além do que eu consigo controlar, algo que me impede de chegar lá.

Sentei no sofá com Nadal pulando ao meu lado, suas patinhas pequenas tocando meu colo como se quisesse me consolar. "Eu sei, menino, eu sei...". Fiz carinho na cabeça dele, enquanto as lágrimas que eu nem percebi que estavam caindo começaram a molhar meu rosto. Não era só sobre o vôlei, eu sabia disso. Era sobre tudo. Sobre a exaustão mental e emocional de carregar essa responsabilidade, de tentar ser forte o tempo todo. De sorrir para as câmeras enquanto, por dentro, eu só queria desaparecer por um tempo.

A exposição nas redes sociais, as críticas, o término... tudo isso me machucou de um jeito que eu não esperava. Me fez questionar coisas que eu achava que estavam resolvidas dentro de mim. Eu sou forte, sempre fui, mas agora... agora, eu me sinto no limite.

Entre jogos e Temperos | Gabi GuimarãesOnde histórias criam vida. Descubra agora