34. O espião de mil faces

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-Kenya: ... Então, resumidamente, pelo que eu analisei até agora da minha Magia Especial... Eu só consigo invocar coisas que eu sei desenhar de cabeça! — A garota explica, enquanto usa seu caderno e lápis mágicos para exemplificar, rabiscando em super velocidade no papel, e em seguida apontando o lápis para frente como se fosse uma varinha, dessa forma atirando uma energia multicor cintilante para frente, que aos poucos assume a forma de um trampolim. Ela repete esse ato de invocar objetos várias vezes, em seguida invocando uma cadeira, uma mesa com copos e um baú aberto, cheio de espadas dentro — Viram? Essas são todas coisas que eu sei desenhar de cabeça! Só que por exemplo, eu não sei desenhar uma bicicleta de cabeça... — Revira os olhos pensativamente — ... Então não importa o quanto eu me esforce pra mentalizar uma bicicleta... — Com uma expressão concentrada, ela tenta invocar o veículo de duas rodas com seu lápis. Mas dessa vez o brilho colorido sai de forma meio torta da ponta dele. A partir da energia mágica, uma oscilante silhueta de uma bicicleta surge por alguns instantes, mas logo desaparece, e a magia falha — ... Eu não consigo invocar. — Conclui, levemente desapontada — ... MAAAAAS! — Vanderbright retorna à entonação animada, alargando um sorriso otimista enquanto ergue seu lápis — Se eu tiver uma imagem de referência comigo, eu consigo invocar qualquer coisa! Mesmo se eu não souber de cor como desenhar! — Revela, enquanto tira o celular do bolso e mostra aos dois uma foto onde ela está com sua bicicleta. A seguir, ela mesma olha para a imagem, e então, focando na referência e apontando seu lápis para frente, dessa vez ela consegue fazer uma bicicleta surgir ali com sua magia — TA-DÃÃÃÃÃ! — Exclama com um largo sorriso de euforia, apontando enfaticamente com os braços para a bicicleta em gesto escandalosamente espetaculoso.

Deslumbrados, o químico e o inventor batem palmas rapidinho enquanto alargam os olhos admirados com o poder da desenhista.

-Kenya: Obrigada, obrigada! — Ela reverencia duas vezes como se estivesse agradecendo uma plateia, sorrindo pretensiosa e brincalhona — Dúvidas?

-Andrew: Ah! Ah! — Andrew dá dois pulos erguendo seu braço ansioso. Kenya foca seu olhar nele, esperando pelo que perguntaria — Você consegue invocar um objeto pra sempre?

-Kenya: Errrrr... Pelo visto não... — Ela dá de ombros, sorrindo desconcertada — Tudo que eu invoco some depois de um tempinho. Mas eu percebi que os objetos menores e mais simples duram mais tempo do que os grandes! — Explica, ao mesmo tempo que nota David essa vez pulando com o braço erguido para fazer uma pergunta. Antes mesmo de deixá-lo falar, com uma cara de quem está prevendo o óbvio, ela já responde de antemão — ... E não, David. Pela caralhésima vez, eu NÃO CONSIGO desenhar dinheiro infinito! — Na mesma hora Kenya vê a criança murchar com um semblante enfezado e desapontado — As notas saem falsas... — Explica, enquanto invoca uma nota de dinheiro, esticando-a na direção de um lampião pendurado do lado de fora para iluminar — Viu? Ela vem sem a marca d'água! — Enquanto ela explica isso, David arregala os olhos como se tivesse pensado em algo mais, prestes a levantar a mão de novo. Contudo, novamente a garota o responde antecipadamente — ... E não! Não dá pra comer o que eu invoco! — Afirma com os ombros meio caídos e a cabeça pendendo para frente em uma postura entediada, mais uma vez vendo o garoto se desapontar — ... Eu já tentei. — Revela, desenhando um sanduíche em seu caderno e invocando-o em uma das mãos. Ao tentar mordê-lo, ele evapora em uma fumaça colorida que se esvai.

-Andrew: Mas de qualquer forma, a sua Magia Especial é muito bacana, Nya! — O cientista se aproxima, falando com incentivo — Dá pra você fazer MUITA coisa com isso aí!

-Kenya: Não é?! — Kenya responde com o mesmo entusiasmo que ele, sacudindo os punhos na frente do busto em gesto de animação — E eu acho que eu ainda consigo ir bem longe com esse poder, se eu inovar ainda mais com ele!

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